Maria (nome fictício) é viúva há pouco tempo e tem um filho a estudar no ensino superior. Trabalhava como mulher de limpeza, mas ficou sem poder trabalhar devido à pandemia. Aguarda a resposta ao seu pedido de pensão de sobrevivência. De um dia para o outro ficou sem quaisquer rendimentos. A família não tem dinheiro para pagar despesas mensais fixas, como a fatura da água, eletricidade, gás e as propinas do filho.
Este é um dos muitos casos que chegam aos serviços sociais da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha. Sem meios para sobreviver, as famílias pedem ajuda. Neste caso, a Câmara, depois de analisar a situação, decidiu assumir o pagamento das faturas de eletricidade, água, gás e propinas, num total que ronda os 180 euros. Um alívio para a família de Maria que tem esperança de voltar ao trabalho em breve. Nos serviços sociais da Câmara, o caso vai ser acompanhado e avaliado mensalmente até que a situação de total ausência de rendimentos seja ultrapassada.
Para a vereadora Marina Honório, a responsável pelo pelouro da ação social na Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, “a pandemia agravou a fragilidade económica e social das famílias, devido a situações de desemprego associada à perca de rendimentos”.
Quem procura apoio são sobretudo pessoas com mais de 65 anos, com reformas baixas, situações de desemprego e beneficiários de rendimento social de inserção.
Em abril e por freguesias, foram apoiadas 62 pessoas em Vila Nova da Barquinha, 44 em Atalaia, 23 pessoas em Praia do Ribatejo e três em Tancos, o que totaliza 132 pessoas.
Para resolver os problemas sociais no Concelho foi criada em 2012 a Loja Social que funciona com base num regulamento específico no qual se define os apoios e as regras dos beneficiários.
São parceiros, além do Município de Vila Nova da Barquinha, a Santa Casa da Misericórdia, Associação de Voluntários Essência da Partilha, Cáritas Paroquial, Juntas de Freguesia de Tancos, Praia do Ribatejo, Barquinha e Atalaia, Fundação Dr. Francisco Cruz, Associação de Bem-Estar das Madeiras e Centro Social e Paroquial da Atalaia.
Os objetivos da Loja Social passam por “promover e contribuir para a melhoria das condições de vida das famílias em situação de maior vulnerabilidade, através da atribuição de bens” e “potenciar o envolvimento da sociedade civil, empresas, instituições e de toda a comunidade na recolha dos bens para assistência às famílias carenciadas”.
São beneficiários da Loja Social, os indivíduos que revelem vulnerabilidade económica, social e sejam identificados mediante prévia comunicação a efetuar pelos parceiros.
Os beneficiários da Loja Social podem usufruir da mesma desde que sejam residentes e recenseados no concelho de Vila Nova da Barquinha e cujo rendimento mensal per capita não ultrapasse os 50 % do Indexante dos Apoios Sociais (IAS).
Em cada caso é efetuada uma análise social, com o apoio da assistente social do município.
A Loja Social disponibiliza apoio a nível de Balneário Social, Lavandaria Social, Apoio Alimentar, Loja de Roupa e acessórios.
Os números revelam um agravamento da situação social no concelho devido à pandemia. Em janeiro foram distribuídos 49 cabazes alimentares, em março 51 cabazes e cinco apoios alimentares de emergência, em abril, 53 cabazes alimentares e dois apoios alimentares de emergência e, neste mês de maio, até dia 15, 57 cabazes e sete apoios alimentares de emergência.
Nesta altura está a decorrer uma campanha de recolha de bens, de forma contínua, em parceria com o Intermaché de Vila Nova da Barquinha.
Segundo a vereadora Maria Honório este projeto “é viável devido aos apoios fornecidos por parte dos diversos parceiros mas também devido à envolvência por parte da comunidade”.