A nova sala de atendimento da CPCJ. Foto: mediotejo.net

A nova sala de atendimento da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Vila Nova da Barquinha foi inaugurada esta sexta-feira, dia 10, no Centro Cultural. O espaço abriu as portas aos menores em risco no dia em que a comunidade escolar, técnicos e população em geral participaram no Encontro Concelhio da CPCJ com o tema “Crianças e Jovens: Um Desafio…?”.

As crianças e jovens do concelho de Vila Nova da Barquinha têm à sua disposição a partir desta sexta-feira um novo espaço no Centro Cultural onde vão ser atendidos pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) do concelho. A inauguração integrou o programa do Encontro Concelhio da CPCJ com o tema “Crianças e Jovens: Um Desafio…?”, junto de quatro palestras que apresentaram as perspetivas de especialistas e entidades desta área.

A sala vai funcionar ao lado da atualmente ocupada pela CPCJ, presidida pela vereadora da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Rosa Garret. Em declarações ao jornalistas, a responsável pela comissão local referiu que o espaço foi criado de acordo com o “setting internacional”, nomeadamente no que respeita à cor das paredes e aos objetos presentes, que devem gerar conforto e potenciar a partilha de testemunhos que as salas de audições nos tribunais constrangem.

O projeto, disse, dá seguimento ao trabalho que a CPCJ tem realizado e a “sala será utilizada por todas as crianças que, de alguma forma, estejam sinalizadas ou que já sejam processos desta comissão”. Questionada sobre a tendência dos processos com que a CPCJ lida regularmente, Rosa Garret indicou os valores elevados em 2015, “sobretudo de jovens e adolescentes com comportamentos de risco”.

A nova sala de atendimento da CPCJ é no Centro Cultural. Fotos: mediotejo.net

Em 2016 verificou-se o aumento de “casos de crianças mais pequenas [até aos 10 anos] oriundas de situações de violência doméstica e desestruturação da família em que ficam na franja daquilo que é o conflito do casal”. O trabalho da CPCJ, salienta, muitas vezes também abrange as famílias que passam a ponderar “a sua posição em relação aquilo que está a acontecer, porque às vezes precisam de alguém que os ajude a parar e a travar esse crescendo de conflitos”.

A organização deste encontro teve como objetivo promover a “partilha de conhecimentos” entre “parceiros”, abrangendo todos aqueles que, de forma pessoal ou profissional, estão ligados à questão da proteção de crianças e jovens em risco. Ao nível dos técnicos, esta partilha, diz Rosa Garret, ajuda a diminuir as “muitas angústias em tomadas de decisão” e contribuir para um “sentimento de alguma tranquilidade”.

As palestras matinais tiveram uma vertente preventiva, iniciando com o tema “Sou Jovem e…..”, apresentado por Luís Baptista Patrício e Leonor Santos, ao qual se seguiu a intervenção da GNR Escola Segura intitulada “Prevenção na Internet”, ouvidos por alunos do 12º da Escola Secundária D. Maria II.

A GNR Escola Segura e Rosa Garret no encontro concelhio da CPCJ. Fotos: mediotejo.net

As apresentações da tarde tiveram uma componente mais técnica, com Alexandra Anciães a abordar a “Audição da Criança” e Maria de Fátima Duarte a falar sobre as “Competências Parentais….um olhar atento”. A última oradora esteve em representação da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CNPDPCJ), entidade que preside, e transmitiu dicas para uma parentalidade “mais segura e positiva”, melhorando a relação entre os pais ou cuidadores e “os meninos”.

Nas declarações prestadas momentos depois da inauguração do novo espaço da CPCJ, Maria de Fátima Duarte destacou as diferenças entre uma sala de audição e uma sala de atendimento, referindo que as primeiras “têm caraterísticas muito especiais” que permitem a realização da “audição especializada da criança para efeitos judiciais”.

Por sua vez, as salas de atendimento existem para que as crianças e jovens com processos na comissão, que sejam sinalizados se dirijam à comissão por iniciativa própria “possam ser atendidos num espaço privado, longe da vista de adultos onde possam falar, abrir o seu coração”.

Hélder Silva, João Machado, Ricardo Honório e Rosa Garret no momento da inauguração. Fotos: mediotejo.net

Para a investigadora especializada em maus tratos contra crianças e jovens a abertura do espaço não traduz um aumento no número de casos, mas sim uma “necessidade de tratamento dos casos existentes” e um “cuidado na forma como se ouvem as crianças e os jovens e como se lhes proporciona condições para poderem falar e perceberem que estão a ser ouvidos por um técnico”.

O Encontro Concelhio da CPCJ que integrou o momento simbólico da abertura da porta que prenuncia “coisas boas acontecem aqui” – pelos vereadores Rosa Garret e Ricardo Honório, o presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova da Barquinha, João Machado, e Hélder Silva, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova da Barquinha – terminou com a atuação da Banda de Música dos Bombeiros de V. N. da Barquinha.

Sónia Leitão

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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