Loiças, latas de azeite e até caixas de fósforos. A cultura popular é mais uma das áreas em que a marca de Almourol se fez notar, tal como acontece na literatura, com os romances de cavalaria, cortes de amor e poesia. Para dar a conhecer um pouco mais sobre esta faceta do castelo na história e na sociedade, o Centro de Interpretação Templário de Almourol (CITA) tem patente desde dia 22 de outubro uma exposição sobre a temática.
Não há melhor maneira de descrever Almourol do que com a citação do investigador Manuel Gandra: “Almourol é um poço sem fundo. Permite-nos visualizar o castelo e as temáticas associadas ao sítio de muitas e variadas maneiras”.
E foi nesse poço sem fundo que o curador do CITA “tropeçou” numa embalagem de chocolate com o nome de Almourol, daí surgindo a ideia de agarrar no tema e explorá-lo.
“O CITA está a tentar guardar aquilo que os outros consideram lixo. Um cartaz, um edital camarário, tudo isso são documentos importantes que podem ser úteis para a construção da história de um sítio. Tudo quanto nos possa trazer mais informação, nos é útil”, referiu na apresentação da exposição, que decorreu no Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha, edifício no qual está instalado o CITA.

Na cultura popular, o tema Almourol pode ser encontrado em loiças, apetrechos comerciais como latas de azeite e caixas de fósforos. Nesta exposição, que conta também com o espólio do barquinhense Quim Vieira, cedido pela família, há ainda algo que falta e que Manuel Gandra deixa o apelo para quem souber de algum exemplar: garrafas de refrigerante Almourol.
Já na literatura, a visão de Almourol ultrapassa fronteiras e está presente “nos romances de cavalaria, nas cortes de amor, na poesia, nas crónicas, citado nos teatros, nas lendas”, enumera Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal barquinhense. O edil, e também investigador da história local, aproveitou ainda a inauguração da exposição para exaltar “a importância que Almourol tem para o nosso território, para as nossas gentes e para a nossa cultura”.
ÁUDIO | Fernando Freire, presidente da CM VN Barquinha:
No catálogo da exposição, Manuel Gandra refere que “consoante a tradição oral das gentes da região, um complexo sistema de túneis ligava o castelo de Almourol a lugares circunvizinhos, o mais extenso dos quais (c. 12 km) comunicaria com Vila Velha da Atalaia. Em outro subterrâneo, alegadamente em conexão com o convento franciscano de Santa Maria de Almourol, sito na margem direita do Tejo, diz-se existir o ‘tesouro do castelo’, o qual se admite constar de ‘uma mesa de ouro assente sobre quatro esferas do mesmo metal’ (Mesa de Salomão?). São essencialmente quatro as lendas que o povo credita ao lugar, as quais constituem o indesmentível testemunho da respetiva auréola mágica”.
“Parco em memórias militares, Almourol acha-se, contudo, envolto num halo de mistério e magia. Almourol é, com efeito, o mais aureolado de quantos lugares abrigaram templários no nosso país. Fala-se de tesouros que para serem acedidos obrigam os candidatos a achadores e embrenharem-se em complexos e evasivos sistemas de túneis. Narram-se feitos e aventuras cavalheirescas, em louvor de damas misteriosas, aprisionadas no castelo por um gigante impiedoso para todos quantos tentem violar a fortaleza à sua guarda. Tão intenso é o apelo do lugar que se tornou marca de produtos (azeite, chocolate, refrigerantes, etc.) e de eventos”, conta ainda.
ÁUDIO | Manuel Gandra, curador do CITA:
A exposição “Almourol na Cultura Popular e na Literatura” vai estar patente no Centro de Interpretação Templário de Almourol até 2022. O CITA está aberto nos dias úteis das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, encerrando às segundas-feiras. Aos fins-de-semana e feriados, funciona das 10h00 às 13h00 e 15h00 às 18h00.
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