Nunca é por amor. O amor não controla, o amor liberta. O amor não humilha, o amor engrandece. O amor não magoa, o amor cura.
Entre marido e mulher há mesmo que meter a colher. E entre namorados, amantes, amigos também. Em todas as relações onde se instale a violência, como um cancro que corrói a alma e o coração, até não restar mais nada. A violência doméstica passou a ser um crime público em Portugal há 20 anos. Quer isto dizer que não depende de queixa da vítima para que se inicie um processo de investigação, e quer isto também dizer que passou a ser um dever de todos nós denunciar este tipo de crime, quando dele temos conhecimento.
As estatísticas dizem-nos que este ano foram assassinadas 22 mulheres por homens que diziam amá-las – 15 tinham filhos em comum. Em mais de metade dos casos havia registo prévio de violência contra a vítima. Violência física e psicológica, com estratégias de controlo, perseguição, ameaças.
Quase um terço dos 26.517 casos de violência doméstica registados em 2021 foram presenciados por menores. A PSP e GNR receberam, em média, três queixas por hora e, entre janeiro e outubro deste ano, detiveram cerca de duas mil pessoas implicadas em casos de violência doméstica – mais 35% face à média dos últimos cinco anos.
Não, não é assim o amor. E precisamos de dizer isso de forma clara e repetida às meninas que iniciam os seus primeiros namoros e se deixam manipular com jogos de ciúmes, às jovens mães que aguentam o inferno em nome do “bem maior” que é a ideia de família e da estabilidade dos filhos, às mulheres mais maduras, que terão sempre idade, sim, para descobrir um novo amor – nem que seja o amor próprio.
Precisa de ajuda?
Mais vale só, mesmo. Mas a verdade é que uma vítima de violência não tem de enfrentar o mundo sozinha. Se não há apoio na família, haverá uma amiga, uma vizinha, ou até uma voz anónima de uma linha de apoio – como o Serviço de Informação às Vítimas de Violência Doméstica. É gratuito e confidencial, funciona 24 horas por dia / 365 dias por ano através do número 800 202 148.
Além disso, o estatuto de vítima de violência doméstica garante proteção e direitos a quem está nesta situação.
Na região do Médio Tejo existem estruturas de apoio e atendimento às Vítimas de Violência Doméstica e de Género, os “Espaços M”, em cada um dos municípios da região, no âmbito do Projeto Maria, promovido pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Pode consultar os contactos telefónicos de todos os gabinetes existentes aqui.
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