Foto: CM Vila de Rei

O assunto foi um dos pontos acrescentados à ordem do dia, da reunião de executivo desta terça-feira, em Vila de Rei. O novo concessionário enviou ofício à CM Vila de Rei pedindo alteração do nome de Albergaria D. Dinis Hotel para Hotel Vila de Rei, uma vez que na sua estratégia considera “dois objetivos comuns”, entre eles  “lançar Vila de Rei (marca/concelho) no estrangeiro e renovar a imagem que foi deixada pela gerência anterior”. A proposta foi aprovada por maioria, com votos contra dos vereadores do PS, que consideram que D. Dinis deve constar no novo nome da unidade hoteleira, tratando-se de “uma importante figura histórica para o concelho”, que há 731 anos lhe concedeu o foral. A unidade hoteleira abrirá portas a 31 de março já com novo nome.

Ricardo Aires, presidente da CM Vila de Rei, confirmou que reuniu com os promotores na sexta-feira, e considerou que os argumentos dos empresários “fazem sentido, porque há já hotéis D. Dinis em Leiria, e em vários lados, e conforme o processo que está a ser feito preferem mudar o nome do hotel para Hotel Vila de Rei (…) Eles vão “vender” a imagem de Vila de Rei, a verdade também é esta. Por mim pode haver essa mudança”, disse.

Carlos Garcia, vereador do PS, mostrou-se indignado com a mudança. “Não concordo. Acho que D. Dinis nos diz qualquer coisa, pela atribuição do foral de Vila de Rei (…) o D. Dinis traz-nos qualquer coisa ao nosso concelho, não concordo, sinceramente”, disse, acrescentando que D. Dinis “é uma referência do nosso concelho, como tal, discordo”.

Ricardo Aires, autarca vilarregense, lembrou o executivo que a unidade foi alvo de hasta pública com um único concorrente. “Antigamente esta unidade hoteleira era conhecida por ‘Albergaria'”, reconheceu.

“Tomara nós que os antigos e anteriores concessionários, não só o último, tivessem feito uma candidatura para este hotel, em que ao mesmo tempo estivessem a dar a conhecer Vila de Rei”, notou Ricardo Aires.

Já Luís Miguel Jerónimo, vereador do PS, referiu que “é de valorizar a iniciativa deste concessionário. Estão a mostrar que têm uma estratégia diferente para a unidade hoteleira. Espírito de iniciativa é o às vezes necessitamos no concelho de Vila de Rei”, mas isso não foi suficiente para uma votação a favor.

Para o vereador da bancada socialista “D. Dinis é uma importante figura histórica no concelho de Vila de Rei, percebemos a questão de mudar a parte de Albergaria. Agora chamem-lhe Hotel D. Dinis Vila de Rei, Hotel Vila de Rei D. Dinis, o que queiram, acho que é conciliável as duas coisas. Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. (…) A alteração percebo, agora, apagar o nome de D. Dinis acho que já não nos acompanha, e é algo que poder ser conciliado”, justificou Luís Jerónimo, acreditando que em nada interferiria no processo de internacionalização e restantes objetivos do promotor.

Segundo o vereador do PS, mantendo-se esta referência histórica, estaria também a manter-se “uma forte marca que é o facto de há 731 anos o rei D. Dinis ter dado o Foral ao concelho de Vila de Rei. Desde 2001 que esse nome está presente, manifestamos a confiança neste novo concessionário, não é por aí. Nós vemos críticas à gerência anterior, mas acho que são de fazer”, fez notar.

Foto: mediotejo.net

Paulo César Luís, vice-presidente da CM Vila de Rei, (PSD), assumiu que no passado foi contra a alteração do nome, “porque alguns concessionários fizeram pedidos semelhantes a este, e eu manifestei contra. Neste momento, e em face não só dos investimentos, mas sobretudo do desgaste do nome, do desgaste da imagem, do desgaste a que aquela infraestrutura tem em virtude de um conjunto de concessionários que por lá passaram”.

No presente, o autarca considera que “não há nada que nos identifique mais do que o nosso próprio nome”, reconhecendo “uma estratégia de marketing diferente, que visa transformar, redirecionar, dar a volta à unidade, eu concordo com a estratégia deles, acho que é o caminho a seguir, e a mudança do nome, penso que será uma mais valia para aquela unidade hoteleira. Concordo com a proposta”.

Ricardo Aires manteve a posição de concordância com a proposta dos empresários. “Não vou estar a modificar uma coisa que eles não querem, para depois um dia dizerem que se calhar não funcionou por causa de nós termos dito isto ou aquilo. Eu acredito no concessionário, está a fazer um estudo sobre Vila de Rei e ao mesmo tempo do hotel. (…) Não sou eu, presidente da câmara, que vou dizer que imponho isto ou aquilo. Não estou em condições para fazer isso”, fez notar aos membros socialistas do executivo.

O autarca assumiu que nunca viu nenhum concessionário com esta motivação e ambição para com aquela unidade hoteleira, e como tal, aprovou esta alteração tendo em conta a vontade do concessionário. “Não quero meter uma areia na engrenagem da sua motivação”.

O ponto foi aprovado por maioria, com dois votos contra do PS.

O concessionário está a desenvolver uma candidatura a fundos comunitários, uma vez que se trata de um investimento privado com vista a obras de ampliação do edifício, apontando-se um valor de cerca de 400 mil a 600 mil euros. Segundo o presidente da autarquia, “a candidatura vai demorar, vai ser para o próximo executivo de certeza absoluta, nunca antes de outubro”.

Recorde-se que o novo concessionário quer passar o hotel de 3 para 4 estrelas, bem como ampliar a unidade e aumentar o número de quartos (mais 11). Segundo Ricardo Aires “querem abrir já dia 31, sexta-feira” e “já contrataram pessoal”.

O pedido de alteração do nome vem no seguimento de dois objetivos comuns, “lançar Vila de Rei (marca/concelho) no estrangeiro e renovar a imagem que foi deixada pela gerência anterior”, lê-se no documento do concessionário Alma Rei, Unipessoal, Lda.

Com projeto de internacionalização em mente, que pretende introduzir a marca nesse mercado e dar a conhecer o concelho, os empresários entendem que “existe necessidade de passar uma imagem renovada, moderna, jovem, de confiança e de qualidade e ao mesmo tempo carregar o nome deste concelho, contribuindo para a sua divulgação, dentro e fora do país, sendo a casa daqueles que visitam o centro de Portugal”.

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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