São provavelmente as eleições que mais importam aos portugueses e justamente são as que tem menor taxa de abstenção. É por isso justo dizer que os portugueses não estão desligados da política, estão sim desligados de eleições onde a proximidade à população não é assim tão forte, onde as pessoas sentem que os decisores estão lá longe. Mas é mesmo assim, apesar de saber que temos de fazer mais e melhor, é natural que o poder local esteja mais próximo porque também é precisamente esse o seu papel.
Seria insensato dizer que só os autarcas do nosso partido é que são bons, que só os candidatos do PSD é que deveriam ganhar. Muito provavelmente em eleições autárquicas as pessoas votam mais na pessoa do que no projeto ou nas ideias, votaram mais em quem confiam ou no partido em quem sempre votaram. Depois vêem os partidos e a forma como exercem o poder, de forma mais aberta ou mais fechada, mais democrática ou menos transparente. Os portugueses conhecem as nossas características e vícios.
Se há coisa que nos distingue, sobretudo entre o PS e o PSD é a forma como “tratamos” os outros. É fácil olhar à nossa volta e comparar exemplos, não de presidentes, mas de partidos. O Partido Socialista costuma tecer uma teia asfixiante em que privilegia os seus “eleitorados”, é grato, trata bem quem vota neles e o resto que se lixe. Não serão todos, mas é difícil descolar da pele do Partido Socialista a imagem de “tratar” os seus de forma diferente, privilegiada, conivente. É assim tanto em Lisboa, como em Coimbra como em Abrantes ou na Chamusca. Está-lhes no ADN, mas também têm exceções e aqui bem perto temos algumas.
Olhando também à nossa volta vemos a diferença para o PSD, onde muitos dos nossos autarcas não são sectários, não tratam primeiro dos seus, fazendo muitas vezes precisamente o oposto. Não é conversa, basta olhar para aqui bem perto. Por outro lado, têm uma qualidade muito importante: não se calam em nome das suas populações mesmo quando é o PSD que está no Governo. Essa é uma qualidade, raras as exceções, que escasseia no Partido Socialista. Veja-se o caso concreto do problema do acesso ao Eco Parque da Chamusca ou dos fogos de 2017-2018 ou da poluição dos rios onde por vezes parece que a “obediência socialista” fala mais alto e acaba por ser recompensada como nomeações governamentais.
Os próximos meses serão decisivos para o futuro da nossa região. Os nossos concelhos terão o final do PT2020 para gerir e começar a preparar o PT2030. Os nossos autarcas terão aqui um papel decisivo nos investimentos futuros que serão feitos na região e Deus queira que as populações escolham os mais combativos, os mais preparados e o que mais defendam o interesse público. A um autarca pede-se rasgo, capacidade de projetar mais além os interesses do concelho, conseguir antecipar problemas e oportunidades, fazer muito com pouco e ter a capacidade de ir para a rua ouvir as pessoas e liderar comunidades.
Mais do que agendas e conversa fiada sobre a direita e a esquerda, o politicamente correto e o que fica bem nas redes sociais, os nossos concelhos precisam de ação, de transparência de talento e sobretudo de execução e criatividade. Precisamos de representação de qualidade. E no fim de contas os eleitores têm “quase sempre” razão.
Adeus e até depois das autárquicas.
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