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Quando o poeta romano Horácio escreveu sobre a brevidade da vida, cunhou para a eternidade a expressão “carpe diem” (aproveita o dia). A frase completa é “carpe diem, quam minimum credula postero” (aproveita o dia de hoje e confia o mínimo possível no amanhã), e foi buscar inspiração ao lema “carpe vitae” (aproveita a vida), seguido pelos discípulos do filósofo grego Epicuro que, depois de uma vida inteira de estudo, concluiu que a felicidade se alcança através da fruição do prazer “na justa medida”.

Desde então, os prazeres da mesa ficaram associados ao epicurismo, com o vinho a ocupar um lugar de destaque nesses cardápios. Foi com esse espírito que nasceu o Carpe Vitae, o novo vinho do Casal da Coelheira, em Tramagal, Abrantes. O enólogo Nuno Falcão Rodrigues percebeu que tinha algo muito especial “em seis ou sete barricas” da colheita de 2019, e decidiu criar um vinho superior, capaz de proporcionar “excelentes momentos de prazer, partilha e convívio”.

A primeira produção do Carpe Vitae foi apresentada no início de maio e está limitada a 1.490 garrafas, numeradas e embaladas de forma artesanal, com extremo cuidado, para honrar a qualidade deste vinho nascido à beira Tejo, onde se sente “a generosidade e resiliência da videira, a dureza dos verões quentes e a secura dos solos do Casal da Coelheira”, como descreve Nuno Falcão Rodrigues.

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“Queremos que este vinho seja a expressão das castas portuguesas com os seus aromas e sabores diferenciados e únicos, preservando a genuinidade e originalidade das mesmas”, acrescenta, frisando que o Carpe Vitae tem características que usualmente não se encontram simultaneamente na mesma garrafa: tem concentração e estrutura mas, ao mesmo tempo, elegância e frescura.

Este não é um vinho para beber todos os dias (até pelo preço, fixado nos 60€) mas também não deve ser guardado apenas para momentos especiais, considera o enólogo, que também guardou ao longo dos anos muitos vinhos, para depois concluir que “o tal momento” estaria sempre longe, ou já tinha passado, ou o vinho acabava por se estragar com tanta espera… “Hoje sou mais apologista de aproveitar a vida, e tudo o que ela nos dá. É esse o espírito deste vinho, e daí também o nome que recebeu.”

Patrícia Fonseca

Sou diretora do jornal mediotejo.net e da revista Ponto, e diretora editorial da Médio Tejo Edições / Origami Livros. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

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