Um projeto "imaginado" em 2017 pelo atelier de arquitetura e engenharia MODO, de uma nova ponte entre Constância e Abrantes: Créditos: MODO Associados

O Programa Nacional de Investimentos 2030, apresentado na quinta-feira pelo governo, prevê a construção de uma ligação rodoviária da A23 ao IC9 e IC13, incluindo uma nova ponte sobre Rio Tejo, entre Constância e Abrantes.

O documento, a que o mediotejo.net teve acesso, não especifica se a localização será em Tramagal, como os estudos prévios realizados preconizam, ou se poderá ser em Constância, que há muito reivindica também uma nova passagem sobre o rio, dadas as limitações da ponte de sentido único que ali existe.

O Plano Nacional de Investimentos 2030 prevê também uma verba para “melhoria das acessibilidades na região do Médio Tejo”.

O mediotejo.net está a realizar contactos para apurar mais pormenores sobre esta obra pública, estrutural para a região, e que, tal como publicámos na revista PONTO, em agosto passado, vem sendo reivindicada pelas autarquias há várias décadas.

Nos 230 quilómetros de percurso do rio Tejo em Portugal existem atualmente 16 pontes ferroviárias e rodoviárias, e a 17ª travessia é reclamada por Abrantes há cerca de 30 anos. Essa nova travessia está projetada no troço final do Itinerário Complementar 9 (IC9), que ligará a A23 a Ponte de Sor (e ao IC13, até Portalegre), com uma passagem sobre o rio entre Abrançalha e Tramagal.

A primeira ponte rodoviária construída sobre o Tejo foi precisamente a de Abrantes, inaugurada há 150 anos, a 15 de maio de 1870. Todas as travessias na região têm neste momento mais de um século e sofrem diariamente constrangimentos de circulação, o que coloca dificuldades acrescidas às empresas exportadoras que aqui se fixaram, como a Caima, em Constância, e a Mitsubishi Fuso, no Tramagal. 

Aliás, a construtura automóvel estabeleceu-se nas antigas instalações da Berliet/Metalúrgica Duarte Ferreira, no concelho de Abrantes, com a promessa do então ministro Ferreira do Amaral (no governo de Cavaco Silva) de que a ponte seria ali construída até final da década de 90. Esta fábrica, hoje propriedade da Daimler-Mercedes, é a única a produzir estes camiões no espaço europeu, e o apelo de ter vias de acesso rápidas quer aos portos marítimos como a Espanha esfumou-se ainda mais com a introdução de portagens na A23.

A ponte já teve luz verde há 20 anos, com um despacho conjunto dos ministérios das Finanças e das Obras Púbicas, publicado em Diário da República, mas acabou por não avançar.

O troço projetado do IC9 prevê a ligação entre a A23, em Abrantes, e a EN 118, em Ponte de Sor, num total de 34 km, com perfil de auto-estrada e quatro faixas de rodagem, com duas em cada sentido. Essa nova ponte sobre o Tejo, entre Abrantes e a zona industrial do Tramagal, terá 475 metros de extensão, de acordo com o estudo prévio, e custará cerca de 17 milhões de euros. 

O IC9, inscrito no Plano Rodoviário Nacional desde 2000, desenvolve-se entre a Nazaré e Ponte de Sor, passando por Alcobaça, Batalha, Fátima, Ourém, Tomar e Abrantes, e fazendo a ligação com o futuro IC13, outra obra estrutural adiada há vários anos, para melhorar as acessibilidades do Alto Alentejo.

Uma outra ponte tem sido também reclamada pelas autarquias de Constância/Vila Nova da Barquinha, pois a estrutura ali existente só permite circulação num sentido de cada vez e continua muito fragilizada, estando frequentemente fechada ao trânsito de pesados, apesar de todas as obras ali realizadas.

Há ainda a Chamusca, que vê a sua velha estrutura metálica ser atravessada diariamente por cerca de mil camiões, sendo metade deles viaturas pesadas de transporte de resíduos, a caminho da Resitejo e do Eco-Parque do Relvão. A autarquia aceitou que ali fossem integrados estes CIRVER – Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos, com a contrapartida de ser concluída a ligação do Itinerário Complementar 3 à Auto-estrada 13, entre Almeirim e Vila Nova da Barquinha – o que não foi cumprido.

Segundo a documentação técnica a que tivemos acesso, a ponte sobre a Chamusca não está incluída neste Plano de Investimentos 2030.

Sou diretora do jornal mediotejo.net, diretora editorial da Médio Tejo Edições e da chancela de livros Perspectiva. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

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3 Comentários

  1. Essa colagem amadora feita à pressa, demonstra a péssima escolha da localização do nó de acesso, qualquer pessoa consegue entender o congestionamento do transito criado com esta infantilidade, isto é brincar com coisas sérias

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