O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na sexta-feira que uma companhia do Exército português composta por 174 militares será enviada para a Roménia “nas próximas semanas”, numa altura de conflito entre a Rússia e Ucrânia.
“Portugal, para além das forças que este ano tem afetas ao comando europeu da NATO, decidiu antecipar do segundo semestre já para o primeiro semestre a mobilização e o empenho de uma companhia de infantaria que atuará na Roménia e que será projetada nas próximas semanas”, avançou o primeiro-ministro.
Portugal participa em 2022 na NATO ‘Response Force’, que contempla três forças de prontidão diferentes que podem ser ativadas pela aliança na totalidade ou em parte, em função da tipologia da missão a realizar.
Na força de mais elevada prontidão, de até 7 dias, designada `Very High Readiness Joint Task Force´ (VJTF), poderão participar até 1049 militares portugueses, 1 navio, 162 viaturas táticas e 7 aeronaves.
Na ‘Initial Follow on Forces Group’ (IFFG), com prontidão de 30 dias, poderão ser empenhados até 472 militares portugueses, 36 viaturas táticas e 2 navios.
A VJTF foi criada em 2014 e está permanentemente preparada para responder em dias para defender qualquer país aliado. Atualmente é comandada pela França.
Segundo o plano das Forças Nacionais Destacadas para 2022 divulgado pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) em janeiro, existe ainda a ‘Nato Readiness Initiative’, com prontidão “a definir”, que poderá abranger até 207 militares portugueses, 4 viaturas táticas e 1 navio.
O plano da participação portuguesa em missões internacionais objeto de aprovação pelo Conselho Superior de Defesa Nacional inclui ainda o empenhamento de 174 militares portugueses ao longo do ano de 2022 para a Roménia, ao abrigo da ‘Tailored Forward Presence’ da NATO.
A NATO mobilizou pela primeira vez elementos da sua força de reação rápida, que inclui militares portugueses, para “evitar transgressões em território da NATO”, perante a invasão russa à Ucrânia, revelou na sexta-feira a Aliança Atlântica.
“Estamos a mobilizar a força de resposta de defesa coletiva pela primeira vez, para evitar transgressões em território da NATO”, salientou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg. O responsável falava numa videoconferência com os líderes dos membros da NATO sobre esta força de reação, na qual Portugal participa.
Stoltenberg, que elogiou a capacidade das forças ucranianas, vincou que “a Rússia lançou uma invasão total da Ucrânia com o objetivo declarado de derrubar o governo, invadindo Kiev”.
“Mas os objetivos do Kremlin não se limitam à Ucrânia. Putin exigiu a retirada das forças da Aliança dos territórios de todos os países que aderiram desde 1997”, alertou.
Para o secretário-geral da NATO, a resposta deve passar por “fortalecer a dissuasão e a postura de defesa dos aliados”.
“A Aliança ativou seus planos de defesa na quinta-feira e está a mobilizar elementos da sua força de reação rápida”, explicou.
A Força de Reação Rápida da NATO conta com 40.000 soldados e incluiu uma força operacional conjunta de altíssimo nível de prontidão (VJTF), de 8.000 soldados, atualmente comandados pela França.
Esta inclui uma brigada e batalhões multinacionais, apoiados por unidades aéreas e marítimas e forças especiais. Algumas unidades podem estar prontas a moverem-se dentro de dois a três dias, segundo a NATO.
Em Portugal, o Conselho Superior de Defesa Nacional deu na quinta-feira parecer favorável, por unanimidade, a propostas do Governo para a eventual participação de meios militares portugueses em forças de prontidão da NATO.
“O Conselho deu, por unanimidade, parecer favorável às propostas do Governo para a participação das Forças Armadas Portuguesas no âmbito da NATO, que se seguem: 1. Ativação da ‘Very high readiness Joint Task Force’ (VJTF) e das ‘Initial Follow-On Forces Group’ (IFFG) para eventual empenhamento nos planos de Resposta Graduada da NATO. 2. Eventual antecipação do segundo para o primeiro semestre de projeção de uma companhia do Exército para a Roménia”, lê-se num comunicado.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa “desmilitarizar e desnazificar” o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus “resultados” e “relevância”.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.