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por Fernando Jorge Ervideira da Silva Pereira
Carta aberta à Assembleia de Freguesia de Tramagal
Exma. Srª Presidente,
Cumprimento V. Exa. em representação de toda a Assembleia.
Cumprimento o Sr. Presidente da Junta em representação de todo o seu Executivo.
Dirijo-me a esta Assembleia na qualidade de total independência dos partidos políticos, como munícipe de Abrantes, natural da Vila e Freguesia de Tramagal, no pleno gozo de todos os direitos cívicos e políticos, mas com posições ideológicas bem definidas.
Sendo esta a primeira sessão ordinária desta legislatura, quero felicitar todos os elementos eleitos e não eleitos do Movimento de Independentes pela Freguesia de Tramagal (MIFT), pela coragem política que demonstraram, pela capacidade cívica com que se dirigiram ao eleitorado, pelo programa que apresentaram a sufrágio e pela disponibilidade financeira! Sim! Porque, para quem desconhecer, os movimentos independentes quando se candidatam só nas freguesias não têm apoio financeiro do Estado.
Uma palavra de apreço também para todos os cidadãos que se candidataram em representação da CDU e do PSD, que certamente com a melhor das intenções, mas que lograram obter os piores resultados do pós 25 de Abril, o que se traduziu no facto de pela primeira vez não terem qualquer representação nesta Assembleia: não tiveram apoio das estruturas partidárias que representavam e, essencialmente, não utilizaram a melhor estratégia que a conjuntura actual recomenda.
Quanto à maioria eleita nas listas do Partido Socialista, seria hipocrisia da minha parte felicitá-los, pois apesar de terem somado mais votos nas urnas, do ponto de vista da Ciência Política não ganharam as eleições. É um facto que a Democracia não é perfeita, proporciona efectivamente todos os instrumentos para a sua prática, ao ponto de legitimar alguns de menos justiça.
Relativamente à Assembleia Extraordinária do passado dia 06 de Novembro, quero aqui salientar o seguinte:
a) Pela primeira vez, teve lugar nesta freguesia uma “Assembleia Extraordinária”, promovida pela oposição em 43 anos de democracia, o que só por si constitui um facto político relevante, e que significa que alguma coisa está a mudar para bem da freguesia e dos interesses dos seus fregueses, talvez por isso tivesse tido sala cheia.
b) Quanto ao 1º ponto da Ordem de Trabalhos (O.T.), teve a Assembleia a sorte de um dos seus elementos (Raquel Olhicas da bancada do P.S.), de forma explícita e bastante esclarecedora, ter desenvolvido o ponto de situação referente a esta matéria, por isso bem haja.
c) Quanto ao 2º ponto da O.T., nada foi esclarecido, pese embora nesse mesmo dia tivesse ocorrido uma reunião do Sr. Presidente da Junta com a Direcção do respectivo Agrupamento Escolar.
d) Quanto ao 3º ponto da O.T., lamentavelmente a Srª Presidente nem sequer permitiu a votação para sua entrada na mesa. Pese embora a faculdade que a Lei lhe confere, contribuiu V. Exª com esta atitude, ao pretender demarcar o seu poder, para desmobilizar uma boa parte da bancada do público, defraudando algumas pessoas que inclusivamente abandonaram a sala.
É com o devido respeito que chamo a atenção de V. Exa. para este tipo de atitudes que em nada dignificam o discurso pedagógico que desenvolveu ao longo da anterior legislatura e nomeadamente no seu artigo publicado no “mediotejo.net” em 27 de junho de 2016, transformando o seu significado em pura retórica.
e) Quanto ao 4º ponto da O.T., manifestei a minha expectativa relativamente ao sentido de voto do Sr. Presidente da Junta na Assembleia Municipal, onde iria ser votado o “Orçamento” e “As Grandes Opções do Plano” para 2018.
Assim,
Para conhecimento desta Assembleia os instrumentos referidos, para a Vila e Freguesia de Tramagal, propõem de investimento, “ZERO”, no entanto não só o Sr. Presidente, como também o Sr. Deputado Municipal Francisco Vilela eleito pela lista do PS, votaram favoravelmente em consonância com o partido instalado no poder na C.M.A., e que detém maioria absoluta…, os tais que utilizam como slogan “O Futuro está aqui”.
Essa maioria em nada tem pugnado para o desenvolvimento da Vila de Tramagal, não passa de um “cartel político” composto por meia dúzia de pessoas onde se pratica o “culto da personalidade”, que esbanja a seu belo prazer os dinheiros do município em investimentos e obras megalómanas, em detrimento das freguesias rurais.
f) Quanto ao 5º ponto da O.T., quero aqui deixar bem claro que os investimentos nesta freguesia nada significam do ponto de vista estrutural, pois, não passam de pequenas intervenções ocasionais, a não ser a recente obra no Crucifixo, que ficou por acabar por falta de planeamento financeiro, mas que prevejo a sua conclusão lá para o 1º semestre de 2021.
Meus Senhores,
Os Senhores sabem fazer melhor, e, fá-lo-ão mas só quando deixarem de ser subservientes ao poder instalado. Lutem pelo Tramagal, ou então demitam-se e convoquem eleições antecipadas.
Viva a Democracia!
Viva a Freguesia de Tramagal!
Tramagal, 21 de dezembro de 2017