Os pais e encarregados de educação de cerca de 60 alunos de 3 turmas da Escola Otávio Duarte Ferreira, em Tramagal, vão reunir-se na terça-feira para definir novas formas de protesto se até lá não ficar colocado um professor de matemática naquele estabelecimento de ensino.

Na sexta-feira, cerca de três dezenas de encarregados de educação, a par de algumas dezenas de alunos, concentraram-se  em frente à escola de Tramagal reclamando e  protestando pela falta de professor de Matemática a três turmas [duas do 8º e uma do 9º ano], desde o início do ano letivo.

“Estamos todos muito preocupados com esta situação, uma vez que os professores de Matemática são aqui colocados com um horário completo através do Ministério da Educação mas depois não aparecem na escola ou não aceitam a colocação”, relatou Alexandra Reis, na qualidade de representante dos Encarregados de Educação dos alunos do 8º ano, ainda sem professor.

“Os alunos já perderam mais de 2 meses de aulas”, vincou, tendo lembrado ao mediotejo.net que os estudantes do 9º ano têm exame este ano à disciplina de Matemática. “Sem aulas e sem professor como é que vai ser”, questionou.

A situação levou os encarregados de educação a pedirem respostas ao Agrupamento, ao ministério da Educação, e a trazerem o assunto para a comunicação social, para que o problema seja rapidamente solucionado e para que se encontrem medidas que possibilitem aos seus educandos recuperar o tempo perdido e prepará-los para os exames deste ano e para o futuro em termos letivos.

Alexandra Reis, Sónia Oliveira, Maria Natércia, Gabriela Peixinho e Pedro Fonseca foram os mais interventivos na condução do processo, em representação dos pais do 8º e 9º ano, numa manifestação de protesto que levou aos portões da escola o próprio presidente da junta de freguesia de Tramagal, Vitor Hugo Cardoso.

Maria Natércia chegou mesmo a escrever uma carta ao presidente da República Portuguesa a denunciar o facto e a pedir ajuda, tendo recebido resposta pronta do gabinete de Marcelo Rebelo de Sousa a informar da boa receção da missiva e do encaminhamento para o Ministro da Educação.

Contactada pelo mediotejo.net, a vereadora da Educação da Câmara Municipal de Abrantes, Celeste Simão, disse que a autarquia tem “acompanhado com preocupação” este caso, e a colocação de professores “não é da competência da Câmara Municipal pelo que já alertámos as entidades competentes”

Segundo Celeste Simão, a situação “só se resolve quando um professor que seja colocado aceite ficar”, o que pode suceder já esta semana.

“Todas as semanas, desde o início do ano letivo, são colocados professores mas vêm de longe e não querem ficar em Tramagal”, lembrou aquela responsável, tendo defendido que “seria de considerar uma alteração da modalidade de colocação de professores”.

O diretor do Agrupamento nº2 de Abrantes, Alcino Hermínio, disse que “já concorreram e foram colocados cerca de 10 professores desde o início do ano letivo”, tendo afirmado que “nenhum aceita ficar a lecionar em Abrantes, nomeadamente na escola de Tramagal”.

Afirmando-se “completamente impotente” para resolver a situação que, refere, é “preocupante mas decorre dentro da Lei”, Alcino Hermínio lembra que “a atual legislação também não permite ao Agrupamento abrir um concurso a nível da escola”.

O responsável do Agrupamento disse ainda “restar esperar que o professor que seja colocado no próximo concurso aceite a colocação e fique a dar aulas no Tramagal”, o que saberá no início da próxima semana, tendo acrescentado ser necessário “reforçar o apoio aos alunos para compensar o tempo perdido”.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação disse que este “é um caso que decorre da previsão da lei”, tendo afirmado que a mesma refere que “os horários solicitados em reserva de recrutamento transitam para contratação de escola apenas quando resultam de horários não ocupados na reserva de recrutamento ou em resultado de duas não aceitações referentes ao mesmo horário”.

Segundo o Ministério, e “no caso em apreço, o docente aceitou a colocação e celebrou um contrato, porém exerceu o seu direito à rescisão do contrato no período experimental, dentro prazo legalmente estabelecido. Foi hoje colocado novo docente no concurso de reserva de recrutamento”, acrescentou.

Os pais dos alunos sem professor de Matemática na Escola Otávio Duarte Ferreira marcaram nova reunião para terça-feira, às 18:30, no auditório da junta de freguesia de Tramagal, para aferir da colocação, ou não, de professor, eventuais métodos de trabalho para recuperação do tempo perdido, em termos letivos e, em último caso, definir novos métodos e formas de protesto público.

 

C/LUSA

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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