Mercearia do António Maria, em Tramagal, deu prémio de um milhão de euros na sexta-feira. Foto: mediotejo.net

A mercearia do António Maria, conhecida pela antiga casa das ‘Pinheiras’, no centro de Tramagal, fez um novo milionário ao sair ali na sexta-feira o prémio da semana do Milhão, jogo que acompanha semanalmente as apostas do Euromilhões. “Já dei muitos prémios mas este é de longe o maior”, afirmou António Maria. Na vila de Tramagal a curiosidade é mais do que muita e a questão do momento é saber a quem saiu o chorudo prémio.

“Mesmo que soubesse não poderia dizer”, relata António Maria Santos, tendo feito notar que prémios deste montante nem se levantam ao balcão da mercearia. “O feliz contemplado vai ter de ir à sede dos Jogos da Santa Casa, a Lisboa, leva o boletim premiado, e fazem depois a transferência para a sua conta bancária. Não de um milhão, porque os prémios acima de 5 mil euros pagam 20% de imposto, mas ainda vai receber mais de 800 mil euros”.

O vencedor foi anunciado no portal de Jogos da Santa Casa: “Sexta-feira é sinónimo de M1LHÃO e, no sorteio n.º 32/2021, o nosso famoso galo de Barcelos voltou a cantar a sua música favorita – 1 milhão de euros! Esta semana o código sorteado foi o TKN 02192 e resultou de uma aposta registada no distrito do Santarém”. Ao final da tarde já se sabia que a localidade que tinha um novo milionário era o Tramagal (Abrantes).

“É muito dinheiro”, observa um sorridente António Maria, 72 anos, satisfeito por ter vendido o boletim com o maior prémio da sua longa carreira de empresário e de vendedor de jogos da Santa Casa. Isabel Martins, a sua ajudante há cerca de 16 anos, acena com a cabeça e vai dando conta das datas precisas e dos prémios já entregues.

António Maria e Isabel Martins vendem todos os dias jogos da sorte em Tramagal e um prémio de um milhão de euros acabou por fazer ali um novo milionário. Foto: mediotejo.net

“Já dei muitos prémios mas este é de longe o maior de todos”, sublinha António Maria, tendo lembrado que, além deste prémio de um milhão de euros, saiu ali o 1º prémio da Lotaria Popular em 2011, no valor de 65 mil euros, com cinco segundos prémios agregados no valor de 6.500 euros cada, e uma raspadinha premiada com 30 mil euros, no ano 2000.

ÁUDIO | ANTÓNIO MARIA, VENDEDOR DO BILHETE PREMIADO COM 1 MILHÃO DE EUROS

Este é o top 3 dos prémios que a sua casa já vendeu, tendo António Maria lembrado que começou a trabalhar com os jogos da sorte em 1963, quando veio de Vale das Mós, então com 13 anos, trabalhar para a empresa ‘José Dias Pinheiro Herdeiros’, uma mercearia que ficou conhecida por ‘Pinheiras’, gerida pelas irmãs Pinheiro, mas que era muito mais do que uma mercearia, uma vez que tinha drogaria, retrosaria, entre outros serviços.  

“Foi ali que vendi o primeiro Totobola do Tramagal, em 1963”, uma semana depois de chegar à então aldeia metalúrgica para trabalhar num espaço que acabou por assumir e dar continuidade num local contíguo à antiga mercearia, junto à única farmácia da Vila, corria o ano de 1983.

Para António Maria, apesar de não saber dizer se o novo milionário é de Tramagal, as probabilidades são muito elevadas. “A maior parte dos clientes são de Tramagal, sendo que o mais provável é que o feliz contemplado com o milhão de euros também o seja”, disse, tendo lembrado que os vencedores dos prémios de 65 mil euros e da raspadinha de 30 mil euros era da terra. “Esses todos souberem quem eram porque os próprios assumiram publicamente que tinham ganho os prémios. Este não se sabe quem é e toda a gente questiona, como é natural”.

A resposta à pergunta do momento não vale um milhão de euros mas satisfaria a curiosidade de muita gente. Da mercearia do António Maria o repórter também não veio de mãos a abanar, não com um boletim premiado mas com uma aposta do Euromilhões para esta sexta-feira. Uma gentil oferta de uma casa que em Tramagal todos fazem figas para que continue a dar sorte… e dinheiro.    

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *