João Miguel Cravo é o cabeça de lista do PSD à Assembleia de Freguesia de Tramagal. Foto: mediotejo.net

João Miguel Cravo é o candidato do PSD à Assembleia de Freguesia de Tramagal tendo apresentado este fim de semana a equipa que o acompanha e anunciado desde logo que o objetivo da candidatura passa por “engrandecer o Tramagal e o Crucifixo”.

“Aceitei este desafio que me foi posto pelo PSD de Abrantes, com muita honra e orgulho, aceitei ser candidato.  Esta candidatura é uma candidatura que não quer confrontos, que a população se confronte uma com a outra conforme as tendências que andam a correr no Tramagal. Concorro e a lista a qual eu assumo, quer os tramagalenses e crucifixenses unidos num propósito, o propósito de engrandecer o Tramagal e o Crucifixo”, afirmou João Cravo, numa cerimónia que decorreu no Largo dos Combatentes, em manhã de mercado.

João Miguel Cravo, 60 anos, desempregado e com formação na área de gestão de empresas, é natural e residente em Tramagal, tendo desenvolvido cargos autárquicos em Ponte de Sor, onde foi deputado municipal, e em Galveias, sempre eleito pelo PSD, tendo deixado críticas à atual gestão de maioria socialista que governa o município de Abrantes.

João Miguel Cravo, candidato do PSD à JF de Tramagal, e Vitor Moura, candidato à CM Abrantes. Foto: mediotejo.net

ÁUDIO | JOÃO MIGUEL CRAVO, CANDIDATO PSD À JF TRAMAGAL:

“Ontem estivemos aqui a ouvir as candidaturas dos que nos governam e governaram nos últimos anos. Fiquei espantado quando ouvi o candidato e atual presidente da Câmara de Abrantes dizer que fez três obras no Tramagal nos últimos 12 anos. Fez o mercado, está ali feito, é verdade, fez o campo de jogos, fê-lo também, meteu o relvado, e alcatroou a estrada que vem do café do Granja até à casa mortuária, fê-lo também. Isto foi o trabalho que fez e que a junta de freguesia de Tramagal fez nos últimos 12 anos no Tramagal. É pouco. Para quem é e foi Câmara Municipal durante 28 anos e nos últimos 38 em Tramagal, todos liderados pelo Partido Socialista, além de dois mandatos – um do José Safarro, que para mim foi um belíssimo mandato, e da Rosa Barralé, que também não era do Partido Socialista, e que também foi um belíssimo mandato. O resto está como está”, afirmou.

“Vou-vos dar outro exemplo”, continuou. “Foi feito o arranjo do jardim, está feito e gastaram-se aqui umas dezenas de milhares de euros. Foi feito, e pôs-se à discussão, um orçamento participativo para que se alterasse o que a população do Tramagal achou que estava mal feito. O orçamento participativo já não existe, já não o vão fazer, mas o investimento está aqui feito. Porque não se aproveita o que está aqui feito e se mete a funcionar aquilo ali em cima? Não entendo, porque ao fim destes anos todos continuamos com aquilo ali em cima que não funciona. Vale então a pena dizerem que fizeram no Tramagal? Não. As obras não estão concluídas e não existem”, criticou o candidato social democrata.

“Outro grande problema”, notou, “é que a vila do Tramagal tem um orçamento e esse orçamento é distribuído pelo orçamento geral de Estado, que vem para a Câmara de Abrantes e a Câmara transfere-o para a Junta de Tramagal. O valor é de à volta de 66 mil euros. Isso dá para quê? Dá para pagar aos funcionários, pagar as despesas correntes, e mal sobra. O que é que daí nos espera? Espera que esta junta, seja qual for, tenha de viver sempre dos donativos ou contratos intermunicipais ou interadministrativos que a Câmara queira fazer com o Tramagal. Portanto estamos sempre sujeitos ao que a Câmara nos quer dar e podemos pedir. E então perguntam-me: porque não pediram mais? Mas isso é uma pergunta que tem de ser feita ao Partido Socialista, que se contentou com pouco. Pouco também é bom, mas podiam ter pedido muito mais e não pediram. Satisfizeram-se com pouco”, afirmou Cravo, antes de avançar com algumas ideias do programa de candidatura, que será apresentado em ocasião posterior.

João Cravo, candidato PSD a Tramagal. Foto: mediotejo.net

“O que propomos e o nosso projeto assenta fundamentalmente em três pontos. Primeiro o dinheiro. O orçamento é de 66 mil euros portanto não podemos propor como alguém que quer fazer propostas megalómanas sem dinheiro. Não dá, é impossível. Não se pode fazer centros empresariais, quando e onde os querem instalar não pertence nem à freguesia nem à câmara. E quanto é que custa centro empresarial? Eu também quero ter aqui um, mas quanto é que custa? Gostava de ter mais uma piscina, mas quanto custa e a sua manutenção? Eu gostava de ter muita coisa, dizer é fácil, orçamentar é fácil, difícil é arranjar o dinheiro”.

Tendo afirmado que “milagres não existem” João Cravo disse que o que pode prometer “é trabalho, meu e da minha equipa, a minha honestidade e o estar ao serviço da comunidade. É o que eu quero e pretendemos, estar ao serviço da comunidade e da população do Tramagal”.

Por outro lado, continuou, “fundamentalmente o Tramagal, assim como Abrantes, perdeu população e não há volta a dar a situações com esta ordem de grandeza. A única forma de fixar e trazer pessoas para o Tramagal será com a construção de riqueza, que vem com desenvolvimento e fixação de empresas, e para isso temos de contribuir com a Câmara e com o que chamamos lobbys políticos para o concelho de Abrantes e também para o Tramagal, trazer empresas para que as pessoas se possam fixar, e dar condições às empresas que já cá estão. E não são tão poucas. Já cá temos micro e pequenas empresas no Tramagal bastante desenvolvidas e que dão trabalho a muita gente e segundos empregos a muita gente. Isto também é muito importante, dar apoio a essas empresas, empreendedores e empresários, pois só com eles e com a iniciativa privada é que nós crescemos. Esse é um fator fundamental também que temos de desenvolver”, disse, antes de avançar para uma nova ideia central.

“Terceiro ponto: apoiar e desenvolver as associações culturais e desportivas do Tramagal. Não é só dizer que demos para lá. Eu sei que deram, até deviam ter dado mais. Porque é que para Abrantes dão tanto e para o Tramagal que é uma vila dão tão pouco? E as coletividades também merecem, a Sociedade está como está e nós temos de fazer com que a Câmara invista mais na Sociedade, pois é um centro cultural que já tem mais de 100 anos”, afirmou, antes apelar a uma campanha eleitoral saudável e de dirigir uma palavra à sua equipa.

Foto: mediotejo.net

“Agradecer a todos os que aqui estão, na minha lista, à Câmara, à Assembleia de freguesia e municipal, à população do Tramagal e Crucifixo, e desejar que esta seja uma campanha honesta, que não seja uma campanha de inimizades e de falsas promessas, que seja uma campanha à altura da população do Tramagal e do Crucifixo, bem haja a todos”.

“Por fim uma palavra para a minha lista. Os próximos quatro anos serão decisivos para o nosso concelho e em especial para o Tramagal. O que está em causa sobretudo mais do que um projeto de candidatura, É um projeto de desenvolvimento que se assume e é corporizado por personalidades. Acima de tudo e é a palavra de ordem que tenho no meu cartaz, o Tramagal, o Crucifixo, acima de tudo conto convosco”.

Foto: mediotejo.net

A sessão pública de apresentação contou com a presença de cerca de duas dezenas de pessoas, entre elas militantes do PSD local, candidatos a outras freguesias do concelho de Abrantes, a mandatária Anabela Matias e os candidatos à Assembleia Municipal de Abrantes, José Moreno, e à Câmara Municipal, Vítor Moura, que usou da palavra.

Vitor Moura, candidato PSD à CM Abrantes. Foto: mediotejo.net

ÁUDIO | VITOR MOURA, CANDIDATO PSD À CM ABRANTES:

“Eu pertenço a conjunto de portugueses que quase por tudo e por nada, e às vezes por razões bem fortes, digo mal dos políticos, chamo-lhes nomes e por vezes feios. E agora sou eu que estou nesse papel. Sou um reformado como muitos de vós, não dependo da política para nada na minha vida, não estou aqui para ganhar um centavo, desde o gasóleo que gastei para estar aqui convosco (e que faço com todo o prazer) e a única coisa que pretendo que preencha o meu ego é poder fazer alguma coisa pela nossa terra e o Tramagal é apenas uma das freguesias com as quais nos teremos de preocupar, seja qual for o resultado das eleições nos próximos quatro anos, e é esse o meu compromisso”, começou por afirmar.

“Eu nasci na Chaínça, não sou um estrangeiro para o Tramagal nem o Tramagal para mim, na minha família várias pessoas trabalharam aqui, o que também é comum no concelho de Abrantes, dada a importância histórica da indústria do Tramagal. Também muitos companheiros do Tramagal tive na escola, e quero aqui prestar uma singela homenagem mas sentida a um tramagalense que é também chaincense porque nasceu na Chaínça e lá fez a sua instrução primária e coincidentemente – para percebermos como todos somos abrantinos e partilhamos o mesmo espaço de coração – o meu primeiro companheiro de carteira na escola primária foi exatamente o José Rosa Granja que vimos partir esta semana de forma inesperada. As poucas vezes que nos reencontrávamos sempre nos cumprimentávamos com a amizade e com o sorriso que o caracterizava e simpatia”, disse Vítor Moura, candidato a presidente de Câmara pelo PSD.

“Isto para vos dizer que sou um candidato quase surpresa até para mim, que há um tempo atrás não contava estar aqui, não sou um candidato tão popular como o meu adversário mais direto, Manuel Valamatos. Mas não posso deixar de ter uma palavra para ele e para a sua equipa. Estamos no Tramagal e o Tramagal não é exceção aquela nuvem negra que paira sobre o nosso concelho. O resultado dos censos em que todos participamos trouxeram à luz os primeiros resultados: o concelho de Abrantes perdeu em 10 anos 12,6% da sua população. O país perdeu apenas 2%, também é perder é verdade, e sabemos que é mais complicado por estarmos no interior e não no litoral, mas concelhos com o Sardoal e Vila de Rei, que estão numa situação muito mais interior, com menos acessibilidades, e outros fatores que não vamos aqui esmiuçar, tiveram um desempenho bem melhor que Abrantes”, afirmou, dirigindo depois palavras diretas ao candidato socialista, que havia estado na véspera em Tramagal, na apresentação do candidatura e da equipa socialista à Assembleia de Freguesia de Tramagal.

“Eu não vi o discurso do meu concorrente de ontem. Não sei se corou entusiasmado naquele apelo que agora anda a fazer à maioria que já tem, à procura de mais vereadores para esmagar a oposição em Abrantes, ou se corou de vergonha e de compromisso por si e pelos seus antecessores que deixaram Abrantes chegar a este ponto”.

“Não trago uma varinha de condão e a minha equipa também não, mas sabemos muito bem a importância que tem por exemplo no Tramagal, a indústria, a qual se fundamenta numa coisa tão simples e nós somos sociais-democratas. A nossa ideologia defende completamente a propriedade privada como o investimento privado, seja nacional ou estrangeiro, e o Tramagal é um bom exemplo dos bons resultados da iniciativa e investimento privado. Felizmente eu estive há cerca de 2 meses uma manhã aqui pelo Tramagal e pude verificar que a indústria aqui reanimou. Felizmente não é só a Mitsubishi. O conjunto dos empregos no Tramagal duplicam com a Mitsubishi e isso é ótimo. Mas há uma coisa que também verifiquei e vocês sabem melhor do que eu, a maior parte das pessoas que aqui trabalham não moram no Tramagal, e eu passo aqui na estrada nacional de vez em quando, a configuração urbana do Tramagal praticamente não se alterou, não vejo uma grua na construção de um prédio, não vejo moradias a fazerem-se, não vejo praticamente requalificação urbana que aqui faz tanta falta. Os jovens se calhar não têm nenhum motivo para morar aqui”, afirmou, avançando de seguida para algumas propostas do programa do PSD, que ainda não foi apresentado.

“Se calhar o que temos de propor? Eu também tenho de dar ideias, não é só dizer mal daquilo a que deixaram chegar Abrantes e o Tramagal. Se calhar precisamos que Abrantes tenha por exemplo uma urbanização onde as pessoas disponham de lotes para poder fazer uma casa. E se o investimento privado não o fizer é para isso que as autarquias servem. A junta de freguesia deve fazer pressão junto da Câmara e a Câmara deve promover o desenvolvimento de loteamentos urbanos onde os jovens possam comprar a preços porventura controlados, e poder fazer – não digo isenção, não posso ser demagogo, é preciso fazer contas – mas temos de ver a possibilidade de os jovens poderem adquirir um terreno por um preço compatível com as suas necessidades e depois terem algum auxílio nas taxas que pagam e que cabe à câmara decidir”, defendeu.

PSD apresentou os seus candidatos a Tramagal. Foto: mediotejo.net

“Não sei se já ouviram falar num palavrão que anda agora aí na moda que é a perequação. Ou seja, se nós não construirmos uma casa num determinado troço numa rua, ninguém pede contas, mas se alguém se lembrar de querer fazer uma casa à beira da estrada (para usar uma infraestrutura que já existe, e não estou a falar dos ramais que chamamos baixadas de luz, água, esgoto) para além disso,  só porque vamos utilizar as infraestruturas presentes no local, essa coparticipação é-nos pedida sob essa perequação e devo-vos dizer que em números redondos estão a ser pedidos cerca de 3 mil euros a cada requerente pela utilização dessas infraestruturas. É uma engraçada e ótima forma de estimular os jovens a fixarem-se nalgum lugar?”, questionou Vítor Moura, reclamando de seguida por uma rede de transportes públicos gratuita.

“Vimos também por exemplo, os transportes – tanto na zona urbana da cidade como aqui nas freguesias e o Tramagal não será exceção – o transporte público anda vazio e portanto a empresa tem lá um motorista e um carro, a empresa tem de ter lucros, se não é rentável somos nós todos a pagar o défice, temos de cobrir essa despesa se não a empresa vai embora e a Câmara não tem transportes para cobrir as necessidades, mas tem que participar de uma forma diferente. Se esse transporte é tão deficitário porque anda sempre vazio, e nós é que temos de colmatar a diferença, então é só fazer contas, em vez de gastar tantos milhões em museus, que não tínhamos nenhum, porque é que não vamos fazer contas ao diferencial do transporte público e criamos uma rede de transporte público gratuito? Não é demagogia, são números. Se já pagamos grande parte da fatura, vamos pagar na totalidade e vamos fazer uma cobertura de rede de transporte público que leve as pessoas às freguesias, periferias e à cidade”, defendeu, antes de partir para um tema muito caro a Tramagal e ao concelho de Abrantes, e que passa pela reivindicação de décadas de uma nova travessia sobre o Tejo.

Foto: mediotejo.net

“O momento é para o João Cravo e a sua equipa, não me quero alongar muito, mas antes quero falar de uma coisa que já os tramagalenses todos ouviram falar, é uma estrutura importantíssima para o Tramagal, a região e o país. É a história da ponte, que está prometida e que queremos que seja localizada no nosso concelho e concretamente no território da freguesia de Tramagal. Uma ponte no IC9 para facilitar o acesso do Alentejo interior ao interior centro e norte do país através do Tramagal. É preciso perceber que para os tramagalenses e também para o pessoal da freguesia do crucifixo e para as indústrias que aqui estão, estamos acostumados a ver os camiões que transportam os veículos produzidos na Mitsubishi e o serpentear que fazem todos os dias, e os camiões dos eucaliptos, tudo isto não é compatível com o século XXI. Abrantes e o Tramagal nomeadamente precisam de um apoio e mobilização das forças locais e regionais para que a ponte se concretize e resolva muito do que é o desenvolvimento do Tramagal e da região”, defendeu o candidato social democrata, em jeito de conclusão.

“Vou deixar-vos com a promessa de que ver-nos-emos em breve. Porque,  independentemente do voto que escolherem no dia 26 de setembro e independentemente do que venha a ser a escolha que façam, ver-nos-emos daqui em diante, pois tenho um compromisso comigo próprio é que eu tenho 4 anos para vir ao Tramagal e a todas as freguesias com frequência, e fica o desafio e se porventura me estiver a ouvir alguém que venha a ganhar a junta e não seja PSD, vai testemunhar que eu virei aqui com frequência para com essa pessoa que venha a ser o presidente da junta de Tramagal, passearmos, conversarmos e discutirmos a nossa terra”, assegurou.

 

Equipa do PSD à Junta de Freguesia de Tramagal. Foto: mediotejo.net

À Assembleia de Freguesia de Tramagal concorre, segundo os nomes avançados no sábado, dia 21 de agosto, João Miguel Cravo, Paula Ramos, Luís Agostinho, Rafaela Pedro, António Mendes, Fidélia Corregedor, Carlos Horta Ferreira, Sofia Ramos, Inês Veiga, Mário Bonacho, Maria Conceição Cravo, e António Morgado.

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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