A apresentação do projeto de museografia do Museu Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF), a instalar nos antigos escritórios daquela unidade industrial, a par da apresentação do projeto do monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, a edificar no Largo dos Combatentes, foram momentos que assinalaram este domingo o 30º aniversário da elevação de Tramagal à condição de Vila.
Na sessão solene, que decorreu nos antigos escritórios da MDF e que contou com a presença de cerca de uma centena de tramagalenses, marcaram presença Rui e Carlos Duarte Ferreira, netos do Comendador Eduardo Duarte Ferreira, a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, vereadores, membros da Assembleia Municipal, e diversas entidades oficiais, com destaque para os membros da Assembleia de Freguesia de Tramagal, presidida por Sandra Dias, e da Junta de Freguesia de Tramagal, cujo presidente é Vitor Hugo Cardoso.

Destaque ainda para a realização da tradicional Missa de domingo no Largo dos Combatentes, para a Feira franca que se realizou durante todo o dia no mercado diário, e para o concerto que decorreu no Largo dos Combatentes, espetáculo proporcionado pelo projeto musical tramagalense ‘Viver a Música’. Ainda este fim de semana, na freguesia, a SAT esteve em festa assinalando o seu 115º aniversário (1 julho 1901) e a SUC organizou as tradicionais festas anuais em Crucifixo.
Em declarações ao mediotejo.net, Maria do Céu Albuquerque disse querer “felicitar a comunidade tramagalense pelo empreendedorismo, pela capacidade de resiliência e por aquilo que foram estes 30 anos, que representam muito da história desta Vila”.
A presidente da Câmara Municipal de Abrantes disse ainda que “Tramagal tem um grande patrono, o Comendador Eduardo Duarte Ferreira”, tendo destacado que “ele foi um exemplo para que esta comunidade, ao longo de décadas, tenha conseguido aspirar a um patamar de desenvolvimento económico e social que faz a diferença e que deu a possibilidade a esta aldeia de passar a vila, a única vila do nosso concelho”, tendo ainda destacado o empreendedorismo e o trabalho desenvolvido por autarcas, tecido empresarial e associativo.

A apresentação do projeto de museografia do Museu Metalúrgica Duarte Ferreira a partir do espólio legado pela Metalúrgica Duarte Ferreira esteve a cardo de Paulo Monteiro, da Glorybox, tendo este contado que o Museu quer “contar a história de uma comunidade, traduzida num conjunto de documentos e ações que foram efetuados ao longo de mais um século” e que a empresa responsável pela musealização quer, naquele espaço, “dar a conhecer”.
“É um espaço que tem de ter as mesmas características que esta unidade industrial teve, ou seja, ser dinâmico, ser inovador e ser um repositório da memória de toda uma comunidade”.
Vitor Hugo Cardoso, presidente da Junta de Freguesia de Tramagal, destacou o “grande dia que se viveu pelo 30º aniversário da Vila, tendo destacado os atuais membros eleitos e todos os seus antecessores, não esquecendo um dos mais antigos, Francisco Grácio, o primeiro presidente de Junta de Tramagal a tentar elevar a aldeia de Tramagal a Vila, corria o ano de 1978.
“Até ao final deste ano esperamos inaugurar o Museu da Metalúrgica Duarte Ferreira”, perspetivou, um momento que considerou “muito importante para o Tramagal e para o legado de Eduardo Duarte Ferreira, um tramagalense que revolucionou a metalurgia e a fundição em Portugal”.
O projeto resulta de uma parceria entre a Câmara de Abrantes, a Junta de Freguesia de Tramagal, a empresa Diorama (que funciona nas instalações da antiga metalúrgica), e a Predierg, e visa permitir a recuperação integral do edifício onde funcionavam os antigos escritórios da Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF), a partir do espólio legado pela emblemática empresa.

Os parceiros querem assim preservar a memória de um dos pioneiros da metalomecânica em Portugal, Eduardo Duarte Ferreira (1856-1948), com a dinamização deste polo museológico que vai salvaguardar parte do património industrial da empresa.
A intervenção a realizar incide num edifício com dois pisos, estando um deles concluído, a esta altura, e que contará com um espaço onde serão instaladas as mostras expositivas e documentais da MDF.
Segundo o plano inicial, no piso superior será construído um pequeno centro cultural, com salas de reuniões, conferências e outros eventos. Será criado um percurso turístico de ar livre que fará a ligação do futuro Núcleo Museológico ao atual Museu “A Forja”.
Ao longo do percurso, com cerca de 300 metros, serão colocadas as máquinas de grande porte ali construídas ao longo do século XX, como debulhadoras, ceifeiras ou os célebres camiões Berliet, que equiparam o exército colonial português.
Nascido em Tramagal em 1856 no seio de uma família muito humilde, o fundador da fábrica, Eduardo Duarte Ferreira, começou por se dedicar ao fabrico de alfaias agrícolas, em especial charruas, estando a sua pequena forja unipessoal na génese daquela que viria a ser uma das maiores unidades industriais portuguesas, tendo adotado como seu símbolo comercial e de marca uma borboleta.
