A mãe de um menino de 6 anos que frequentou o Centro Escolar de Olaia e Paço, na Lamarosa, Torres Novas, apresentou uma queixa às autoridades pelo que considerou ser “uma prática reiterada, ao longo de todo o período”, de atos de bullying por um grupo de crianças ao seu filho. Gustavo foi hospitalizado duas vezes e acabou por mudar de escola em janeiro, sendo atualmente acompanhado por psicólogos e pedopsiquiatras. Inês Quintela acusa a escola de negligência, não tendo dado respostas adequadas perante a gravidade da situação.
Foi um início de vida escolar conturbado para o Gustavo. A alegria de ir aprender a ler e a escrever depressa deu lugar ao medo e à revolta. Assim que entrou no 1º ciclo no Centro Escolar de Olaia e Paço, em setembro, começou a queixar-se aos pais de que era vítima de agressões verbais e físicas por um grupo de colegas. Inicialmente, Inês Quintela não valorizou a situação, uma vez que não via marcas no corpo do filho. Pensou que se tratavam de questões normais entre crianças daquela idade. Até que, a 2 de novembro, foi chamada à escola para levar o filho ao hospital.
Durante a observação, a criança foi falando com os médicos, que terão alertado a mãe para o que o filho contava sobre a escola. “Já te disse tanta vez, eles batem-me”, repetiu então a criança, referindo, segundo Inês Quintela, que já tentara falar do assunto às auxiliares, mas que estas o chamaram de “queixinhas” e “bebé grande”.

Outro episódio grave, que terá ocorrido a 12 de novembro, foi um aperto no pescoço que deixou a criança com marcas – e um trauma bem mais profundo. “Ele conta que lhe apertaram o pescoço com tanta força que achou mesmo que ia morrer com falta de ar”, explica a mãe, emocionando-se.
Inês Quintela dirigiu-se então à escola, falou com a professora e, inclusive, com a criança que estaria por trás da agressão ao filho. “Fiquei a aguardar que a escola fizesse alguma coisa”, comenta, lembrando que a conversa decorreu “normalmente”, o que a levou a acreditar que a situação se resolveria.
A 18 de novembro, porém, o Gustavo chegou a casa a queixar-se com dores. Chorava imenso. “Ao despi-lo, vi que tinha sangue nos boxers”, recorda a mãe, lembrando o pânico que se instalou em casa quando viu o pénis do menino ferido. Correu novamente para o hospital e, perante um conjunto de médicos e enfermeiros, o menino acabou por contar que fora atacado ao pontapé na casa de banho, onde tinha ido para fazer xixi.
O hospital sugeriu ativar o sistema de proteção ou serem os pais a reportar o caso à Escola Segura, da PSP, mas a mãe decidiu tentar resolver o problema com a escola. “Veio para casa a antibiótico e anti-inflamatório. Durante uma semana, quando se sentava chorava”, recorda.
Inês Quintela contactou o Agrupamento, a exigir respostas. Entretanto, o filho começou a acordar durante a noite aos gritos, lembrando o episódio do sufoco. Segundo a mãe, algumas medidas foram tomadas, como o destacamento de duas psicólogas para a escola e a elaboração de um plano anti-bullying.
A progenitora refere ter reunido a 13 de dezembro com uma equipa de professores, representantes do agrupamento e psicólogos. “Disseram-me que o Gustavo precisava de apoio psicológico e perguntaram-me se o pai nos batia”, conta ao mediotejo.net. Foi-lhe sugerido que os ataques estariam relacionados com os sinais de riqueza de Gustavo, uma vez que os atacantes eram de classe económica inferior.
Até 22 de dezembro, afiança, repetiram-se “situações de agressão verbal e física”, como “cortes de cabelo e orelha” e uma fantasia de Natal estragada.
Com a saúde do filho a deteriorar-se, os pais decidiram transferi-lo de escola. Neste momento o jovem tem consultas semanais de psicologia infantil e pedopsiquiatria, devendo em breve ter também uma consulta de neuropsiquiatria.
Dada a falta de respostas no serviço público, os pais decidiram socorrer-se do privado, o que, explica a mãe, implica custos de 400 euros semanais. Este é o motivo, diz, porque está a decorrer uma campanha em que pedem ajuda para financiar estes tratamentos.
Gustavo mudou de escola mas os traumas permanecem, afiança a mãe: recusa-se a almoçar e a conviver com colegas, assim como a ir ao recreio. E continua a acordar a chorar durante a noite.
Os pais apresentaram queixa na GNR a 28 de dezembro, tendo sido acionada a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Torres Novas. O caso passou para o Tribunal de Menores. Inês Quintela fez queixa à Direção-geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST) e a todas as instituições de que se recordou, tendo já apresentado o seu caso na televisão. Promete que não vai parar de lutar por Justiça. “Os responsáveis não podem ficar impunes.”
Caso está entregue ao Ministério Público
O mediotejo.net pediu declarações e contraditórios ao Agrupamento de Escolas Gil Paes e à CPCJ de Torres Novas. Da parte do Agrupamento de Escolas não foram respondidas objetivamente as perguntas colocadas, que procuravam confirmar os factos relatados por Inês Quintela, tendo o jornal recebido a seguinte declaração:
No caso da CPCJ, o mediotejo.net questionou se confirmava existir nesta escola um histórico de práticas de bullying, informação que não foi facultada.
A CPCJ confirma, porém, a sinalização de Gustavo, tendo os pais recusado dar consentimento à proteção oferecida por esta entidade. “Não tendo sido possível obter o referido consentimento e carecendo de legitimidade para intervir no caso em apreço, o Processo de Promoção e Proteção a favor da criança foi remetido para o Ministério Público, do Tribunal de Família e Menores, territorialmente competente”, refere informação assinada pela presidente da CPCJ de Torres Novas, Elvira Sequeira.
Abusos em contexto escolar diminuíram
Segundo o relatório de 2020/21 do programa Escola Segura, o comando distrital da PSP de Santarém registou 24 ocorrências durante este ano letivo, 17 das quais de natureza criminal. As práticas criminais mais frequentes são ofensas corporais, seguindo-se injúrias e ameaças e furtos.
Os números sofreram uma descida significativa ao longo dos dois anos de pandemia, a que não será alheio o facto de terem existido períodos em que as aulas decorreram online. “Comparativamente ao ano letivo anterior, em que se registaram no total 3.324 ocorrências, das quais 2.093 criminais e 1.231 não criminais, verificou-se uma descida de 7,7% no total de ocorrências, fruto de menos 14,9% ocorrências criminais e mais 4,4% ocorrências não criminais”.
O bullying e o cyberbullying são temas em destaque nas ações de sensibilização do Programa Escola Segura.
A escola não pode fazer nada porque não existe disciplina e estas novas doutrinas de esquerda proíbem a sua aplicação com todas as consequências que daí advêm e hoje em dia até os professores e auxiliares são vítimas de violência por parte de meninos cuja educação em casa
é zero e que depois acham que é a escola que tem de prover o ensino do respeito pelo próximo.