A casa de acolhimento ilegal onde morreram duas idosas na semana passada e que foi encerrada pela Segurança Social, encontrando-se a responsável em prisão preventiva, tinha um contrato de arredamento como habitação. Segundo o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira (PS), tal dificultou a identificação pelas autoridades. Na vizinhança também ninguém suspeitou da existência do negócio, que terá começado naquele local em junho de 2020, como o mediotejo.net noticiou.
O tema foi levantado por João Quaresma de Oliveira (PSD), na reunião de câmara desta terça-feira, dia 9 de março, ao considerar que o município terá pecado por “alguma omissão” no caso, explicando que se deveria ter apostado numa ação contínua de levantamento de espaços a trabalhar de forma não regularizada.
“Não quero de forma alguma que sintam ou leiam nestas minhas palavras o tentar imputar alguma responsabilidade à Câmara em termos gravosos”, frisou. Mas foi feito um levantamento, no âmbito da pandemia, sobre o número existente de espaços de acolhimento a idosos não regularizado e esta casa terá escapado à fiscalização. “Deve ficar no mínimo um alerta”, referiu, apelando a uma atualização contínua do levantamento.
Em resposta, Pedro Ferreira recusou as críticas ao município, à Segurança Social e às autoridades. A casa, referiu, foi arrendada para habitação. “Por aí não conseguíamos saber o que se passava lá dentro”, constatou.
No bairro Sópovo, a “50 metros” do prédio, também ninguém se apercebeu da circulação de idosos, inclusive à janela. Esta foi pois uma “situação anómala em relação ao levantamento que fizemos”, constatou.
As casas de acolhimento não regularizadas têm nascido do facto de muitas pessoas não conseguirem lugar nos lares legais, constatou, ou então por questões de proximidade. Considerando a complexidade destas situações, sugeriu a criação de uma “prova de bons tratos” aos idosos, por forma a que as autoridades possam estar mais alerta. “É um problema das nossas consciências”, comentou, que tem que ser trabalhado no futuro.
Para a vereadora Helena Pinto (BE) o que se passou em Riachos “é o pior que existe na nossa sociedade”, constatando que se têm que pensar em soluções para o futuro, nomeadamente por uma rede pública de acolhimento. Refletiu inclusive que o atual modelo de trabalho das IPSS não responde às futuras gerações de idosos, que já não serão iguais às atuais.
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