“Um momento marcante” e que se insere na estratégia que o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) quer acentuar: a qualificação de profissionais e consequente melhoria da prestação de cuidados de saúde à população. É desta forma que o presidente do Conselho de Administração do CHMT exalta a celebração de um protocolo de cooperação com a Cruz Vermelha Portuguesa que permitirá a jovens adquirir formação na área da saúde, nomeadamente através de estágios, e com isso dar um passo em frente na garantia de conseguir um emprego.
“A nossa estratégia do ponto de vista da formação, da investigação, do desenvolvimento, passa pela aposta na qualificação das pessoas, por atrair profissionais competentes. E, nesse sentido, temos tido uma estratégia de protocolar com entidades que estão a trabalhar nesta área acordos que permitam a integração de profissionais naquela que é a organização que maior número de empregos tem na região, 2500 trabalhadores”, assumiu o presidente do Conselho de Administração do CHMT, Casimiro Ramos, na apresentação do protocolo celebrado com a Cruz Vermelha Portuguesa esta quarta-feira, 9 de março, numa cerimónia que decorreu no auditório do Hospital de Torres Novas.
Com o objetivo de formar competências e capacitar profissionais, nomeadamente na área dos auxiliares de saúde, esta parceria concretizar-se-á através do polo de Torres Novas da Escola Profissional da Cruz Vermelha Portuguesa, disponibilizando o CHMT os seus serviços para realização de estágios dos formandos.
Uma parceria que pretende “passar da teoria à prática”, conforme admite Casimiro Ramos, e que irá permitir a realização de estágios no CHMT no âmbito de licenciaturas e ensino pós-graduado.

“Queremos alargar aquilo que tradicionalmente é a área de formação de competências das unidades hospitalares – muito restrita em muitos casos à área médica – para outras áreas, nomeadamente, da assistência prestada por auxiliares de saúde, assistentes técnicos e enfermagem, mas também à área da gestão hospitalar, todo um conjunto de funções que carecem de profissionais qualificados”, disse o responsável na cerimónia de celebração do protocolo.
“A maior mais-valia das organizações é a qualificação das pessoas” – Casimiro Ramos
“Ora, quando nós permitimos que os alunos das escolas com quem fazemos os protocolos façam estágios profissionais no hospital, é uma parte da integração que fica avançada. Têm uma experiência que é inicial mas que é poupada ao tempo quando é integrada, portanto o CHMT ganha muito com isso”, acrescenta ainda, em declarações aos jornalistas.
Num protocolo assinado com a Cruz Vermelha Portuguesa, que tem já “um longo histórico na formação na área da saúde”, a sua atual presidente, Ana Jorge, destacou a relação formação-emprego que daqui poderá surgir.
“A oportunidade deste protocolo pode ser muito mais abrangente nestas áreas, para articulação dos cursos já existentes e para a possibilidade de trocarmos estágios académicos e profissionais. Mas também muito daquilo em que estamos a apostar é no aparecimento da formação profissional, que são áreas muito interessantes do ponto de vista da saída profissional e do desenvolvimento dos jovens – que podem ter formação na área da saúde com quase a garantia de ter emprego”, assumiu.

“Este protocolo, uma das vertentes tem a ver com os técnicos de auxiliares de saúde que as escolas da Cruz Vermelha querem desenvolver aqui [no polo de Torres Novas]. Prepara jovens do 10.º ao 12º e que saem com duas hipóteses: ou continuam os seus estudos superiores ou podem entrar na área do profissional e têm uma formação que lhes permite serem contratados pelos hospitais, pelos cuidados continuados, inclusive, para o trabalho nas ERPIS”, acrescenta, sublinhando que embora na primeira fase o foco sejam os técnicos auxiliares de saúde, a ideia é que se possam vir a desenvolver também outras áreas de formação.
“A investigação é o motor da qualidade da prestação de cuidados, de modo que é muito bom para o desenvolvimento profissional” – Ana Jorge
Questionada ainda sobre se a necessidade de auxiliares de saúde é uma realidade acentuada, a responsável admite que “todos os dias” são precisos novos técnicos. “Quando eu disse que têm emprego garantido é no sentido de ser uma área em que todos os dias são precisos recrutar assistentes operacionais ou auxiliares de saúde. Não são técnicos superiores, mas que têm uma formação específica”, explana a responsável da Cruz Vermelha Portuguesa.
ÁUDIO | Ana Jorge, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa
Também o responsável do CHMT, Casimiro Ramos, refere que “há sempre necessidade de renovar”, não propriamente pela existência de um défice de profissionais mas pela importância de se ter “sangue novo, com energia de jovens e tentar ter todo esse misto. Obviamente que pode haver sempre uma oportunidade de trabalho para esses estagiários. E aqui, efetivamente, é aberta uma porta para poderem continuarem na organização”.
“Para além de ser bom para o centro hospitalar em poder renovar os seus quadros, é bom para a população porque passa a ter pessoas que estão motivadas para aquilo que estão a fazer”, reiterou.
ÁUDIO | Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração do CHMT
“Há sempre uma oportunidade de emprego para alguém, mas também a possibilidade de se poder investigar na nossa instituição, de poder estagiar na nossa instituição quer também criar condições para que possam desenvolver uma profissão noutro sítio relacionada com a área da saúde e que vá para além das paredes dos hospitais”, acrescentou o presidente do Conselho de Administração do CHMT.
E por falar em ir além, o responsável vincou a ideia de que esta estratégia de parceria e formação é algo que o Centro Hospitalar quer, efetivamente, acentuar. Para isso, no final do presente mês de março vai ser assinado novo protocolo, neste caso entre o CHMT e o Instituto Politécnico de Tomar, também na área da investigação e dos estágios profissionais.

“O IPT tem pessoas a tirar formação na área da gestão, e também tem mestrados e pretende caminhar para ter doutoramentos. Ora, isso permite dar a oportunidade de fazer trabalhos de investigação que se vai enquadrar num projeto que nós temos que é a criação de um centro de investigação – que pretende juntar diversos investigadores, utilizando instalações em Tomar em que os investigadores (não só da área médica) possam desenvolver um trabalho de campo para fazerem estudos de como é que podem ser melhorados processos, como se pode fazer melhor o controle interno, como é que se pode atender melhor os utentes”, adianta Casimiro Ramos.
ÁUDIO | Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração do CHMT