Depois de ter visto ser chumbada a candidatura do Teatro Virgínia ao apoio financeiro no âmbito da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP), por parte da Direção Geral das Artes, o município de Torres Novas apresentou recurso, deu conta Elvira Sequeira (PS), vereadora com o pelouro da Cultura. A autarquia contesta a avaliação atribuída à candidatura apresentada, principalmente no que concerne ao critério de “Entidade e equipa”.
Foi na reunião de executivo realizada a 13 de julho que Elvira Sequeira aproveitou a sua intervenção para fazer um ponto de situação sobre o Teatro Virgínia, infraestrutura importante no panorama cultural no concelho torrejano e da região do Médio Tejo, até porque, referiu, “tem havido algum ruído a propósito de uma candidatura que realizámos à Direção Geral das Artes para financiamento do nosso teatro”.
A autarca começou por relembrar que o Teatro Virgínia ficou sem direção artística desde outubro de 2018, altura em que o seu funcionamento foi assumido pelo município. O Teatro Virgínia realizou depois, em 2021, uma candidatura à RTCP, sendo que o fez instado pelo Ministério da Cultura, “porque achavam que o Teatro Virgínia tinha as condições para poder integrar esta rede de teatros”, disse Elvira Sequeira, acrescentando que foi com essa credenciação obtida que se procedeu à candidatura ao apoio financeiro por parte da Direção Geral das Artes.
Em dezembro de 2021 foi então submetida a candidatura com um plano de programação para 2022.
“É claro que aquilo que submetemos em termos de candidatura não é a totalidade da programação do teatro, até porque nessa candidatura sabíamos que há espetáculos que não se integravam naquilo que é a iniciativa por parte da DG Artes de apoio a determinada programação, portanto deixámos de fora tudo aquilo que considerámos comercial, mas que também temos que ter no nosso teatro porque é para os torrejanos que estamos a trabalhar, é para todos aqueles que querem ter a possibilidade de ter acessibilidade ao teatro e aquilo que nos propomos fazer no nosso teatro municipal é conseguir ter o maior número de espectadores de Torres Novas, abranger o maior número de espetáculos que o nosso público torrejano está à espera de ter, e neste momento, temos conseguido fazê-lo”, afirmou a vereadora.
Em 2022 a autarquia recebeu o resultado de não aprovação, tendo apresentado um recurso hierárquico do qual está à espera de saber os resultados. A avaliação global atribuiu à candidatura torrejana 51,75%, valor contestado pelo município que reivindica uma pontuação de 64,25%.
“Esta [51,75%] foi a avaliação que tivemos nessa candidatura, com a qual não concordámos, e por isso contestámos dentro daquilo que era o nosso plano de programação, principalmente a questão da entidade e a equipa, que temos uma equipa muito capaz e não houve nunca nenhum espetáculo que não pudesse ser feito no nosso teatro, incluindo um daqueles que era um dos maiores bailados da Gulbenkian. Tivemos estas notas de avaliação e achamos que é um completo desfasamento da realidade avaliada e por isso fizemos a contestação”, disse Elvira Sequeira.
Segundo os dados da apresentação da autarca, de 0 a 20, foi atribuído ao critério “Plano de programação” 11,8 (autarquia reivindica 13), ao de “Entidade e equipa” 8,8 (autarquia reivindica 12), ao de “Viabilidade da candidatura” 8 (autarquia reivindica 13), ao de “Objetivos” 10,6 (autarquia reivindica 13). No total a avaliação global fixou-se portanto em 51,75%, reivindicando a autarquia uma avaliação de 64,25%

“Dizer também que esta candidatura não termina por aqui, há uma nova candidatura em janeiro, no início do próximo ano, para os próximos quatro anos, e que nós faremos certamente chegar depois aquela que é a nossa proposta para candidatar o teatro a um novo concurso”, terminou a vereadora responsável pelo pelouro da cultura.
Por sua vez, António Rodrigues, vereador eleito pelo Movimento P’la Nossa Terra, afirmou que “só quem não gosta de Torres Novas é que não fica incomodado para não dizer outra coisa mais adjetivada”, dizendo que sentiu vergonha com o chumbo da candidatura do Virgínia.
O vereador da oposição relembrou então o que tinha dito na reunião de Câmara em que foi aprovado o orçamento municipal, citando-se a si mesmo: “Não há uma ideia articulada para a cultura do concelho, neste orçamento o Teatro Virgínia justifica somente uma dezena de linhas ocas (…), que pobreza, que ausência de saber projetar o futuro”, disse, afirmando que agora repetia o que então havia dito.