O número 29 da revista de cultura “Nova Augusta” foi apresentado este sábado, dia 23, no Museu Municipal Carlos Reis no âmbito das Jornadas Europeias do Património. A edição mais recente da publicação municipal reúne 12 artigos e 13 colaboradores em mais de 200 páginas e às temáticas habituais junta-se a novidade de uma terceira secção dedicada à I Guerra Mundial.
A “História” e a “Arqueologia e Patrimónios” têm continuidade no novo número, englobando nove artigos desta revista de cultura fundada por Alberto Borges dos Santos quando era diretor da biblioteca municipal. O primeiro dos cinco dedicados à História é o de Maria da Conceição Geada e Manuel Geada sobre António Caetano de Carvalho e Matos, capitão de Ordenanças do Alqueidão.
Seguem-se o da autoria de Manuela Poitout sobre o médico, oposicionista e maçom Raul Wheelhouse e o de Gabriel de Oliveira Feitor que aborda o desporto e a cultura em Alcanena no início do século XX. Mónica Nunes estreia-se enquanto colaboradora com um estudo sobre os estúdios fotográficos em Torres Novas no século passado e Luís Batista apresenta ditos, sentenças e provérbios do século XVIII.

Na temática da Arqueologia e Património surgem em primeiro lugar as marcas de canteiro em Torres Novas associadas à evolução da malha urbana medieval, por Marco Liberato, Romão Ramos, Helena Santos e Fernando Maurício. Helena Santos e Marco Liberato assinam, igualmente, o artigo sobre a abordagem arqueológica à afirmação de Torres Novas como Povoado Urbano.
João Lizardo dedica o seu texto a um capitel “romano” do Museu Municipal Carlos Reis e Lígia Gonçalves fecha a secção abordando os azulejos hispano-árabes aplicados em frontais de altar que com exemplos nas imediações de Torres Novas.
Novidade é a secção “O Ribatejo e a Grande Guerra”, que intercala as anteriores e inclui algumas comunicações do colóquio realizado pelo Fórum Ribatejo em Montalvo, Constância, sobre este tema. O conflito bélico é apresentado sob diversas perspetivas e Gabriel de Oliveira Feitor associa-lhe o médico Anastácio Gonçalves. António Matias Coelho, por seu lado, destaca o episódio de Montalvo e o Milagre de Tancos e Aurélio Lopes enquadra-o com as aparições de Fátima.

O lançamento da (nova) “Nova Augusta” contou com as intervenções de Pedro Ferreira e Elvira Sequeira, presidente e vereadora da cultura da Câmara Municipal de Torres Novas, respetivamente. A estas juntaram-se as de Margarida Moleiro e Ana Marques, que partilham o secretariado, coordenação e redação com João Lopes. A primeira proporcionou um momento de leitura e a segunda apresentou uma breve resenha histórica da revista, a par dos artigos que compõem a edição de 2017.
O mediotejo.net falou com Elvira Sequeira no final da apresentação do número 29 da “Nova Augusta”, que destacou a vertente “dinâmica” da revista e o surgimento de novos colaboradores que trazem “novidades em relação aquilo que é a presença do ser humano no nosso território em termos patrimoniais dentro daquilo que é naturalmente rico neste nosso concelho (…) e à volta”.
A revista é um meio de manter “uma memória viva sobre o que são os torrejanos e Torres Novas” e, segundo a vereadora, “acabamos por ter o contributo de muitos sobre aquilo que é nosso património, os nossos costumes, a forma como os homens e mulheres desta terra contribuíram para outros patrimónios, outras questões que traduziram a mentalidade de uma época ou de várias épocas e que é preciso trazer para fora dos arquivos”.

Neste número não se aborda apenas o que foi feito no concelho e nos territórios próximos, mas também o que foi feito no mundo e o surgimento da temática dedicada à I Guerra Mundial, cujo centenário do final é assinalado em 2018, demonstra-o. Elvira Sequeira destaca os numerosos contributos dos familiares de combatentes que participaram no conflito e a forma como estes foram conciliados com estudos realizados por investigadores sobre essa participação.
Além da secção “O Ribatejo e a Grande Guerra”, a presença dos torrejanos na Primeira Grande Guerra também será tema da exposição com inauguração prevista para o final do primeiro trimestre do próximo ano no Museu Municipal Carlos Reis. As comemorações incluirão, igualmente, uma viagem de autocarro com os familiares dos antigos combatentes pelo trajeto percorrido há mais de um século até ao local onde muitos soldados da região perderam a vida.