A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) reivindicou na quarta-feira em Tomar pelo desenvolvimento e abertura do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação naquela unidade hospitalar do CHMT, tendo feito notar a importância de resposta de proximidade a milhares de utentes da região.
“Este Serviço consta do programa de criação do Centro Hospitalar do Médio Tejo desde o início, foi dimensionado para servir um milhão e duzentas mil pessoas, e dotado de 30 camas para internamento e instalações bem dimensionadas para prestação de cuidados em ambulatório (consultas e fisioterapia)”, indica a CUSMT, tendo lembrado que o investimento já foi efetuado mas que o serviço nunca chegou a abrir ao público.
“É muito difícil aceitar que um investimento tão volumoso e tão necessário à população esteja há mais de 20 anos sem ter realização efetiva”, refere a CUMST, em nota de imprensa, tendo feito notar tratar-se de um serviço que, “além de indispensável na área da prestação de cuidados à população, trará ao Centro Hospitalar uma maior diferenciação e à economia local uma perspetiva de desenvolvimento”, estando os doentes a ser encaminhados para Alcoitão.
“É conhecida a grande dificuldade na satisfação das necessidades nestes cuidados de saúde, pois o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, além de estar localizado num dos extremos da Área de Lisboa e Vale do Tejo, está longe de dar a resposta necessária à procura destes cuidados”, referiu Manuel Soares, da CUSMT, tendo defendido que a instalação deste serviço no Centro Hospitalar do Médio Tejo, nomeadamente em Tomar, “daria resposta à procura destes cuidados, cuja oferta pública é quase inexistente e a privada muito escassa”.
Nesse sentido, a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo “recomenda que o CA [Conselho de Administração] do CHMT complemente o investimento existente com os meios humanos e equipamentos necessários e, dentro de prazos aceitáveis, o Serviço de Medicina Física e de Reabilitação preste os cuidados de que a população precisa”.
Esta conferência de imprensa realizada hoje junto ao Hospital de Tomar, do CHMT, foi antecedida de uma vigília em Atalaia, na segunda-feira, a primeira de uma série de ações que vão ser desenvolvidas esta semana, integradas nos 44 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e que incluem reuniões institucionais com as autoridades de saúde locais.
Uma segunda vigília terá lugar na sexta-feira, dia 15, na freguesia de Paialvo, em frente à extensão de saúde de Carrazede, no concelho de Tomar, sendo antecedida de uma conferência de imprensa no dia 14, quinta-feira, junto ao centro de saúde de Alferrarede (Abrantes), localidade que perdeu cinco médicos em dois anos, por aposentação, e que apresenta seis mil utentes ao dia de hoje sem médico de família atribuído.
Em agosto, a Comissão realizou uma vigília, pelo mesmo motivo, na freguesia de Assentis, no concelho de Torres Novas.
As ações culminarão no sábado, dia 16, em Santarém, na jornada nacional convocada pelos sindicatos em defesa do reforço do SNS.
Assinalando que é preciso combater a desertificação das aldeias, Manuel José Soares defendeu um maior investimento na saúde pública e na prevenção da doença, considerando que “o SNS é insubstituível”, mas precisa de “reforço de meios humanos”.
“Defender o SNS é realçar que no Médio Tejo, apesar de todas as dificuldades, há no setor da saúde mais de 5.000 trabalhadores, que, por exemplo, fazem em média 435 urgências por dia, 4.000 consultas diárias nos hospitais e centros de saúde; mais de 30 intervenções cirúrgicas diárias, perto de 50 sessões diárias de hemodiálise, milhares de exames e análises, tratamentos e atos de enfermagem, altas taxas de vacinação, centenas de transportes de doentes, recuperação psíquica e física de centenas de doentes e ações de sensibilização de saúde pública…”, sublinha a CUSMT, apelando a um reforço do SNS, com várias medidas, que elencou.
“O reforço do SNS, implica exigir por todas as formas democráticas, entre outras ações: resolver os problemas de acesso de muitos utentes a cuidados de saúde (lembra-se que quase 35%, ou seja, 77.769 de um total de 225.691 utentes inscritos – não tiveram qualquer consulta nos últimos 12 meses); a contratação de mais profissionais de saúde, com condições de trabalho e salariais que correspondam à sua formação (condição extensível à necessidade nacional e urgente do aumento de salários e prestações para toda a população portuguesa; investimento em ações de saúde pública eficazes e mensuráveis (temos de ter menos sinistralidade rodoviária, reduzir consumo de tabaco, de álcool, combater as causas da obesidade, …); o cumprimento do princípio da proximidade na prestação de cuidados de saúde, não abandonando a população das freguesias rurais (as Extensões de Saúde não devem encerrar e deve haver Unidades Móveis de Saúde)”, indicou,
Por outro lado, a CUSMT defende como necessário “melhorar a humanização e organização dos serviços de urgência, com destaque para a implementação da UMC [Urgência Médico-Cirúrgica] nas três unidades hospitalares (isto é, o Hospital de Tomar passar a ter UMC em vez de SUB) e as obras na Urgência de Abrantes; defendemos a Urgência Pediátrica nos três hospitais, em vez de ser só em Torres Novas; desenvolvimento do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação; mais unidades de Cuidados na Comunidade; novas e manutenção de instalações existentes assim como a renovação da frota automóvel das unidades de saúde; articulação da prestação de cuidados principalmente com as instituições sociais onde está muita da população idosa da região…”, acrescentou, tendo concluído que “a defesa e reforço do SNS implica mais informação e organização dos utentes e trabalhadores e uma ação consequente e permanente”.
c/LUSA
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