Tomar. Foto: Luís Ribeiro

Diante dos desafios que se colocam a nível turístico e cientes da falta que fazia em Tomar uma unidade hoteleira diferenciada, 5 estrelas, e dirigida a turistas com maior capacidade financeira que ali queira pernoitar numa experiência de requinte, o novo “Hotel República”, instalado na Praça homóloga, abriu portas com fortes indícios de que foi a aposta certa, no tempo certo e no sítio certo.

O tomarense António Borges, promotor do investimento de cerca de 2,5 milhões de euros, referiu que o destaque para este projeto vai para a política do quilómetro zero, estando na génese de tudo, desde arquitetura/engenharia, construção e apetrechamento/decoração, a força das empresas locais e matéria-prima da região, servindo assim o reforço da identidade nabantina espelhada através da imagem oferecida pela nova unidade hoteleira.

O hotel representa, assim, o luxo de ser tomarense, agora de portas abertas aos conterrâneos e a todo o mundo.

Hotel República, em Tomar. Foto: Luís Ribeiro

Apesar de ter aberto as portas a 20 de agosto, o cocktail de inauguração realizou-se no dia 27, quinta-feira, com presença das edilidades tomarenses e do presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, entre demais convidados de uma lista restrita.

Foi feita uma visita guiada pelo hotel, mostrando-se o concretizar de uma ideia que demorou cerca de 2 anos e meio a crescer e lançar-se ao mundo.

Em declarações ao mediotejo.net, o promotor António Borges disse que o Hotel República, instalado na Praça da República, junto à Câmara Municipal de Tomar e à antiga Corredoura (Rua Serpa Pinto), é um investimento “focado num tipo de oferta que não existia em Tomar”.

Presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, ladeada pelo casal de empresários. Foto: Luís Ribeiro

O investidor entende que “o covid-19 veio confirmar-nos que a aposta está certa”, uma vez que logo na primeira semana em funcionamento o hotel alcançou de imediato 15 reservas.

“Aqui o cliente procura um serviço mais confortável, rigoroso e requintado, com todas as comodidades acessíveis e diversidade das mesmas. Procura mais tranquilidade e segurança num hotel espaçoso, com número de quartos e hóspedes reduzido”, afiançou.

Foto: Hotel República

António Borges, que vive e trabalha no Luxemburgo no setor bancário, lembrou que o projeto surgiu por vontade da esposa, Laurence, depois de uma visita à cidade natal e durante um passeio de fruição naquela que considera uma das mais belas praças do mundo.

“Há dois anos e meio estávamos aqui, e estes dois prédios onde nasceu o hotel estavam abandonados na nossa bonita praça. Um sítio que é um espetáculo. Daí começámos a fazer um estudo durante cerca de 4 meses, e chegámos à conclusão que aqui havia potencial justamente porque havia um gap na zona centro do país e em concreto na cidade de Tomar, o que motivou também o investimento”, contou ao nosso jornal.

António, economista tomarense, foi para o Luxemburgo com 9 anos e é lá que tem a sua família, inclusive os filhos. Agora anda entre cá e lá, com a ideia de “ficar duas ou três semanas em Tomar” e o restante tempo no Luxemburgo.

Hotel República situação no centro histórico da cidade de Tomar. Foto: Luís Ribeiro

De futuro, e visto que “a carreira bancária está a chegar ao fim”, decidiu deixar de “dar as ideias aos outros” para cumprir com os seus objetivos e sonhos.

“Nunca pensei em voltar, e a minha esposa, que é francesa, puxou-me para esta ideia e para a minha terra”, sublinhou, esboçando um sorriso e atirando que as “boas ideias costumam vir da parte das senhoras”.

Todo o projeto assentou numa política de quilómetro zero, com procura do máximo de empresas locais e matérias-primas da região, no sentido de acrescentar valor àquela unidade na sua construção.

“Procurámos o mais possível empresas locais, não só para realizarem o trabalho, mas também no sentido de encontrar identificação. Desde o mármore, as janelas, as carpintarias, a maior parte são materiais produzidos em Tomar. E se antes, os famosos «patos-bravos» construíam Lisboa, seria uma pena não termos empresas a deixar a marca e a refletir a imagem de Tomar”, indicou António Borges.

Aqui surgem também os produtos locais, que assumem destaque, uma vez que a unidade hoteleira dá primazia aos produtores tomarenses que queiram ser parceiros na divulgação daquilo que de melhor se faz e produz no concelho, deixando também marca através de aromas e sabores típicos e artesanais.

O hotel tem dezassete quartos e duas suites. Todos os quartos estão equipados com casa de banho privativa, telefone direto, TV cabo,Wi-fi, ar condicionado, secador de cabelo, mini-bar e serviço 24 horas.

O preço por noite varia entre 150 euros num quarto individual e 260 euros numa suite, com pequeno-almoço incluído.

Também inclui quartos equipados para pessoas com mobilidade reduzida, serviço de lavandaria e babysitting, entre outros.

Entre os serviços e espaços inerentes surgem o restaurante “Praça” com capacidade para 100 pessoas mas hoje limitado para 40 a 50, o café “República” com esplanada na praça, e ainda bar e um terraço.

Foto: Hotel República

Estes serviços alocados seguem o propósito de alcançar “fonte de rendimento diversificada” além do setor hoteleiro/estadias, e indo ao encontro do setor da restauração.

Para os promotores, alcançar o sucesso do hotel, significa alcançar sucesso para os tomarenses, e as expetativas são por isso altas. Neste arranque, pelo menos, parecem já estar a ser correspondidas.

Presente na ocasião esteve a presidente da Câmara Municipal, Anabela Freitas, que demonstrou ao mediotejo.net estar contente com este investimento que veio permitir não só a requalificação de um edifício que estava degradado no centro da cidade, bem como o seu aproveitamento para instalar uma nova unidade hoteleira, diferenciadora, de cinco estrelas, algo que ainda não existia no concelho.

A autarca congratulou-se com este reposicionamento servindo os vários tipos de turismo, nomeadamente cultural, religioso (judaico) e de natureza, mas sobretudo o cultural.

A edil sublinhou a mais-valia de a cidade dispor agora de “uma unidade hoteleira de luxo que possa acolher turistas de uma capacidade financeira média-alta”.

Por outro lado, em jeito de balanço, Anabela Freitas recordou que antes se verificava em Tomar falta de camas, algo que nos últimos quatro anos se dissipou por um conjunto de investimentos na área da hotelaria.

“Neste momento, com a atual pandemia em que vivemos, os portugueses estão a descobrir Portugal e a descobrir Tomar. Estamos inseridos na região Centro, e de acordo com os números conhecidos, foi a segunda região que menos decaiu em termos de dormidas”, ainda que a queda tenha sito “acentuada em relação a anos anteriores”.

Foto: Luís Ribeiro

No caso específico de Tomar, a autarquia tem apostado na divulgação e comunicação, convidando instagrammers, bloggers e programas de televisão a participarem em roadtrips pela cidade e a descobrirem o património tomarense.

Apesar da pandemia de covid-19, as unidades hoteleiras da cidade, durante os meses de julho e agosto, “tiveram muitos dias com taxa de ocupação de 100%, podendo resultar numa média de 90%”. Segundo a autarca de Tomar, já existem muitas reservas para setembro, sendo que considera natural que no inverno “decaia” esta tendência de ocupação e visitas, uma vez que “são os portugueses que estão neste momento a alimentar o turismo, e começam a regressar ao trabalho e às aulas após as férias”.

Hotel insere-se na praça que é coração da cidade, estando em pleno centro histórico e envolto no património nabantino. Foto: Hotel República

O futuro do turismo passa por trabalhar em estratégias concertadas, criando sinergias entre os agentes do setor do turismo, hotelaria, restauração e comércio, bem como da própria autarquia, no sentido de promover e assumir uma posição de “destino de short-break“. A potencialidade é imensa, com a proximidade a Lisboa, considerando-se que se os portugueses vierem passar o fim-de-semana “já é muito bom”.

A média de noites de estadia é 1.9, e o objetivo é aumentar o número de dias de estadia. “Tem que ser um trabalho em conjunto, com os hoteleiros, o próprio comércio que tem de dar resposta, e a Câmara a quem compete divulgar o destino”, disse a edil, crendo que só assim, através de sinergia funciona.

“No fim da cadeia aparece a Câmara. Em primeiro lugar devem os empresários dizerem o que pretendem, o que podem oferecer, e a seguir nós divulgarmos para que se consiga atingir o público que eles querem atingir. Entendo que temos de ser elo dinamizador e que agrega todos os empresários, mas só vamos fazer aquilo que serve a estratégia deles”, concluiu Anabela Freitas.

Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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