O som da concertinas ecoou na Praça da República, em Tomar, pelas 11 horas, altura da recriação da chegada dos produtos ao mercado. Na cabeça, os figurantes transportavam couves e nas cestas de palhas os ovos, não faltando também o cabaz de broas acabadas de fazer. A música crescia à medida que o mercado se compunha e os tocadores de instrumentos tradicionais se encontravam
Assim arrancou o “Mercado da República”, organizado pela Conselho Técnico Regional dos Templários da Federação do Folclore Português e que contou com o talento etnográfico de sete grupos etnográficos federados do concelho de Tomar.
No centro da Praça diversos pontos de venda de produtos regionais, tais como pão cozido em fornos a lenha, bolos e bolinhos tradicionais, petiscos variados, salgados, produtos hortícolas e frutícolas, todos marcados em réis. No recinto, muitos turistas mostravam-se encantados com a encenação.

“O que se pretende é criar um mercado do princípio do século XX num local onde ele era feito nessa altura. Temos aqui vários produtos à venda e é também uma forma dos grupos conseguirem algum fundo de maneio para a sua manutenção ao longo do ano, permitindo recriar outras vivências” refere Hélio Santos, coordenador do Conselho Técnico Regional da Federação do Folclore Português.

Para recriar este mercado do início do Séc. XX tem que ser ter cuidados com alguns detalhes. Por exemplo, os figurantes com fatos de passeio não podem vender e a maneira como os produtos estão exposto também pretende ser uma cópia fiel desses tempos. Sacos só de papel.
“Os licores, o vinho, os produtos gastronómicos é um património imaterial que os grupos foram conservando ao longos dos anos. Os estrangeiros gostam muito deste tipo de actividade pelo que esta singularidade dos nossos antepassados deve ser preservado”, atesta.

Entre os figurantes encontramos Luís Santos, do Rancho de Carregueiros, vestido de fato domingueiro. “Era como se fosse patrão. Os trabalhadores é que vinham vender para o mercado”, acrescentando que outros figurantes de fato preto e chapéu eram os ricos da época.
Na barraquinha do Rancho Folclórico “Os Camponeses” da Peralva, da freguesia de Paialvo, encontramos Albertina Tomé que nos explica que todos os produtos que ali se encontram à venda são de origem biológica. Alguns foram cultivados pelos próprios elementos do rancho, outros foram oferecidos por pessoas da terra. Só assim a actividade se torna rentável.

A presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, também visitou o certame. “É um evento muito importante e que se deve manter porque traz à cidade aquilo que é a cultura e as tradições do nosso concelho.
Os mercados antigamente eram assim. Temos os produtos e a música, que reflectem essa cultura, referiu ao mediotejo.net, acrescentando que todos os fins-de-semana há eventos, sendo importante que as pessoas saiam de casa e venham participar.