Bem cedo as ruas da cidade de Tomar se mostraram agitadas, na manhã deste domingo, dia 30 de junho. Os parques de estacionamento disponíveis já eram poucos cerca das 9h00 e as gentes percorriam as ruas para conseguirem um lugar com boa visibilidade. Muitos ainda seguiram até à entrada da Mata Nacional dos Sete Montes, onde se organizaram os protagonistas deste Cortejo dos Tabuleiros em ponto pequeno.
Apesar da manhã cinzenta, cumpriu-se a tradição retomada em 1991, e o Cortejo dos Rapazes trouxe cor e alegria, espelhada nos rostos de quem aplaudia e louvava o esforço e empenho das crianças, num ambiente de alvoroço para que não se quebrasse o protocolo e os horários programados.
Entoaram-se tiros de salva, que deixaram a multidão expectante e alerta, de telemóveis e câmaras fotográficas em punho, e fizeram esvoaçar os pombos pelos céus. Estava na hora de descer a avenida, já que se ouvia o rufar da melodia de abertura do cortejo.

Nas varandas engalanadas com mantas e adereços, havia quem tivesse vista privilegiada sobre este momento, cobiçada por todos os que tentavam alcançar um ponto livre entre as cabeças que se erguiam na frente. Outros, despreocupados, optaram por sentar-se nos passeios e estrada, e astutos aqueles que de casa trouxeram o banco desdobrável. Pormenores para quem veio de propósito e cedo, marcando lugar na primeira fila.
Este que é um dos pontos altos da Festa dos Tabuleiros adoça a boca do público, sejam locais ou turistas, para aquele que será o Cortejo maior, a realizar-se dia 7 de junho.
Mas é certo que, apesar de se tratar de um grupo de crianças com idades compreendidas entre os três e os dez anos, estas não se fizeram rogadas e souberam desempenhar o seu papel, deixando orgulhosos os pais, familiares e amigos que assistiam no colossal cordão humano que circundava todo o percurso e que jamais se contiveram, clamando pelos nomes dos miúdos, aplaudindo-os e gritando-lhes palavras carinhosas e louvores pela sua prestação.

Entre suspiros, risos e exclamações de quem se deixava conquistar por aquela mostra infantil do Cortejo dos Tabuleiros, rapazes e raparigas seguiam lado a lado, a condizer com faixas ou gravatas da cor predominante da decoração do tabuleiro carregado pelas moças mais velhas ou a cestinha transportada pelas mais pequenitas.
No tabuleiro não faltavam as flores, a espiga, o pão, e a coroa com pomba branca ou Cruz da Ordem de Cristo encimada, e o pano branco de renda.As vestes, de um branco angelical, contrastavam nas ruas, entre relances de vermelho, rosa, laranja, amarelo, azul, de vários tons. E a seriedade com que a missão foi acatada pelos participantes fazia-se notar pelo afinco com que acartavam à cabeça, em cima da rodilha, o cesto de verga que servia de base à estrutura alta e vistosa.
E se o tabuleiro tombasse, logo o rapaz desenrascava o seu par, carregando-o ao ombro e aliviando a sua parceira, e tomando o peso da responsabilidade e do tabuleiro que dá nome às Festas, que é provável candidato a Património Nacional e Património Imaterial da UNESCO, se os estudos de investigação assim o firmarem.

Acompanhados pelas bandas e fanfarras, seguiam a bom ritmo os pequenos, desfilando até à Praça da República para depois regressarem à Mata, sempre acompanhados das suas professoras/orientadoras, também elas de vestes a rigor, com camisa branca, lenço vermelho ao pescoço e saia preta, a par dos membros da comissão organizadora.
Tomara que as baterias dos miúdos estejam carregadas para a primeira edição dos Jogos Populares dos Rapazes, cumprindo mais um momento (à sua altura) em nome da tradição.
Viva a Festa! Venham os Tabuleiros!
Espreite momentos deste cortejo “em miniatura” na fotogaleria abaixo: