Carlos Gonçalves já não é comandante da corporação de bombeiros de Tomar, confirmou ao mediotejo.net a presidente da Câmara Municipal de Tomar, Anabela Freitas (PS). A edil diz que a decisão foi tomada em acordo com o município, e elogia o desempenho de funções pelo ex-comandante. O comando está assegurado de forma interina até final de dezembro pelo segundo comandante Vitor Tarana, com o novo comandante a chegar em janeiro. Sobre os constrangimentos que se fazem sentir na corporação, a autarca diz não serem novidade mas terem-se agudizado com a pandemia, notando existir grande “sobrecarga” sobre os operacionais a trabalhar em turnos alargados e em espelho, que acusam cansaço pelo volume de ocorrências e serviços, demasiados para a corporação constituída por 48 homens e mulheres, profissionais e voluntários. Para 2021 está previsto lançamento de concurso para admissão de 16 bombeiros profissionais para reforço da corporação.
Anabela Freitas começou por salientar que Carlos Gonçalves “deu o seu melhor e esteve sempre empenhado na melhoria da resposta do corpo de bombeiros municipal”, cargo que desempenhou desde 2015, numa altura em que deixou o comando dos Bombeiros de Vila de Nova da Barquinha (que liderava desde 1992) para substituir, em Tomar, o comandante Manuel Mendes, que atingiu naquele ano a idade da reforma.
Técnico superior, no quadro do município, o ex-comandante acedeu a acordo com a Câmara Municipal. “Todas as organizações, às vezes, precisam de mudanças, e portanto chegámos a acordo a semana passada, para que houvesse substituição no corpo de comando”, disse Anabela Freitas, não apontando quaisquer outras razões para esta decisão.
A edil referiu que em janeiro se apresentará ao serviço o novo comandante, que não identificou, ficando interinamente o segundo comandante Vítor Tarana a assumir as funções de comando. “De vez em quando é preciso haver mudanças. Porque também é uma função desgastante”, insistiu.
Carlos Gonçalves vai continuar a trabalhar no município de Tomar, uma vez que integra os quadros enquanto técnico superior. “É uma pessoa muito polivalente e que tem conhecimentos vastos noutras áreas, e irá desenvolver o seu trabalho na Câmara de Tomar”, frisou a autarca.
Por outro lado, questionada sobre possíveis constrangimentos vivenciados pela corporação tomarense, Anabela Freitas admite que tal se intensificou com a pandemia de covid-19, não sendo novidade que faltam operacionais para corresponder ao avultado número de ocorrências e serviços prestados pelos Bombeiros Municipais.

Seguindo as orientações para fazer face à covid-19, existem equipas a trabalhar em espelho, por turnos alargados. “Reconheço que os operacionais estão cansados, porque fazem turnos muito longos. Teve de se alongar o número de horas de cada turno (…) mas têm continuado a dar a resposta possível dentro deste quadro”, mencionou.
A corporação de Bombeiros, com 98 anos de existência, conta atualmente com 48 elementos, entre bombeiros profissionais e voluntários, e a autarquia pretende em 2021 proceder à admissão de mais 16 operacionais para reforçar o corpo de bombeiros municipal.
“Na verdade o número de operacionais é pouco para o volume de serviços que a corporação de bombeiros de Tomar faz. No quadro de pessoal para 2021, temos prevista abertura de concurso para mais 16 elementos”, terminou.
PSD acusa presidente da Câmara de tomar “más decisões” e de ignorar “mau estar dentro da corporação”
A Concelhia do Partido Social Democrata divulgou um comunicado onde aponta vários problemas que “têm levado à contínua diminuição do número de bombeiros, sejam eles mais antigos e voluntários que passam ao quadro de honra, ou profissionais que pedem transferência para outras corporações”.
O PSD refere que “a corporação se tem vindo a degradar a olhos vistos, com sucessivas más decisões, desde o fim das poucas gratificações que existiam ao termo do transporte não urgente de doentes”.
No mesmo comunicado, aponta-se como “principal problema” a “deterioração das relações entre o comando e os bombeiros, gerando um enorme mau estar dentro da corporação”, uma situação que afirma o PSD “tem vindo a ser constantemente ignorada pela Presidente da Câmara Municipal, que parece indiferente ou até conivente com a mesma”.

Os social-democratas referem que as “sucessivas más decisões políticas podem ter um forte impacto negativo na vida das populações” apontando que isso “tem levado à deterioração da qualidade e da eficácia do serviço prestado pela corporação, pondo em risco o socorro de todos os tomarenses, que só não é tão visível pela intervenção das corporações vizinhas”.
Por outro lado, releva que a demissão do então comandante Carlos Gonçalves exemplifica “o mau estar sentido na corporação”, que o terá feito “certamente descontente com a atuação da Presidente da Câmara”, pode ler-se.
O PSD de Tomar diz que têm sido apresentadas propostas no sentido de auxiliar os Bombeiros Municipais de Tomar, recordando “a apresentação de uma proposta de benefícios que foi aprovada, mas que o Partido Socialista meteu na gaveta, não mostrando interesse em concretizar”.
“Impõe-se a mudança de políticas e de atitude por parte da governação socialista, que não tem demonstrado respeito por aqueles que abraçam esta nobre causa. Consideramos que assuntos de extrema importância, como a proteção civil e o socorro, não se podem tratar com leviandade, nem podem ser determinados por caprichos ou gostos pessoais”, prossegue a concelhia social-democrata, sublinhando que, pelo serviço prestado às populações, “os bombeiros estão em primeiro lugar”.