Teófilo Moreira, o octogenário do Tramagal Sport União há 30 anos de porta em porta a cobrar quotas. Créditos: mediotejo.net

Se o nascimento do Tramagal Sport União (TSU) esteve associado à introdução do futebol em Portugal, quase que se pode dizer que o nascimento do tramagalense Teófilo Moreira, há 82 anos, estava destinado a dar ao clube não só um dos adeptos mais fervorosos, mas também um dirigente, e, essencialmente, aquele que seria responsável por cobrar as quotas aos sócios durante [pelo menos] 30 anos.

A primeira partida de futebol que há registo na região do Médio Tejo disputou-se na cidade de Abrantes, em 1916, e gerou natural interesse nos jovens de então. Ainda faltavam umas décadas para Teófilo nascer, mas os centros operários – que viriam a ser o seu mundo, tal como o futebol, o associativismo e militância partidária – e os empregados do comércio, seriam os primeiros a organizar-se, como foram os casos do Grupo de Futebol Clube Operário Abrantino e do Sport Abrantes e Benfica.

Em Tramagal, os operário da Casa Duarte Ferreira entretinham-se nas horas de descanso a dar pontapés numa bola de cortiça, num improvisado campo, perto da estação de caminhos de ferro. Era o início do futebol na localidade, que daria origem ao nascimento do Tramagal Foot-Ball Club, ocorrido provavelmente por volta de 1913.

Teófilo Moreira na sua tarefas de cobrar quotas para o TSU. Créditos: mediotejo.net

A adesão à modalidade foi grande mas Teófilo nunca fez o gosto ao pé. Confessa “nunca ter tido jeiteira para a bola”, porque desde cedo, logo na infância, começou a usar óculos. “Não podia! Nem via os pássaros, nem via nada, quanto mais jogar à bola”, conta, num jeito bem humorado, ao nosso jornal.

Sobre a sua vida, particularmente como cobrador de quotas de diversas instituições, Teófilo fala numa história “muito simples de contar” que começa assim: “Fiz a quarta classe, mandaram-me para Lisboa trabalhar. Nunca tinha ido a Lisboa, mandaram-me para uma loja vender botões. Corria as ruas das modistas a vender botões. Para quem nunca tinha saído de Tramagal era complicado!”, particularmente para uma criança de 11 anos. Mas essa vivência de um ano em Lisboa teve duas consequências: fez nascer um sportinguista e um comunista, na mesma pessoa. Tramagalense já Teófilo era.

Em 1986, quando foi despedido da Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF) “tive uma loucura grande. Como era sportinguista, eu e uns amigos formámos o núcleo sportinguista de Tramagal que ainda hoje está aberto. O Sporting tinha sete núcleos e o Tramagal foi o oitavo. Num ano e meio o Sporting conseguiu ter 150 núcleos. Pela nossa vivência, muitos núcleos que atualmente estão no Sporting fomos nós, em Tramagal, que trabalhámos para isso. Alferrarede é um deles”. E enumera: “Chamusca, Golegã, Santarém, Alpiarça, Torres Novas foram todos núcleos que, com a nossa vivência de sportinguistas, conseguimos arranjar”.

Teófilo foi dirigente do núcleo do Sporting em Tramagal durante 20 anos e até convidou José Roquete para uma visita a Tramagal.

De forma que Teófilo tem dois amores clubísticos: o TSU, do qual é sócio há 70 anos, e o Sporting Clube de Portugal. Deste último recebeu o emblema de ouro dos 25 anos que hoje diz contar mais de 40.

“Quando estava em Lisboa morava junto ao Campo Pequeno e nunca tinha ido à bola. Ia a correr pelo Campo Grande acima para ver o Sporting jogar e tornei-me sportinguista. Ao vivo vi o Travassos, o Vasques, o Albano”, recorda.

Teófilo Moreira, o octogenário do Tramagal Sport União há 30 anos de porta em porta a cobrar quotas. Créditos: mediotejo.net

Nascido no seio de uma pequena família, filho único de uma mãe solteira camponesa, sem condições financeiras de colocar o filho a estudar para além da quarta classe, Teófilo vivia com o avô – que cumpriu o papel de pai – e foi quem o enviou para Lisboa.

“Eram tempos muito difíceis, em 1950”, recorda. O tio, quem o recebeu na capital, mostrou-lhe as palavras de Karl Marx e a ideia de revolução que aos poucos, principalmente num Portugal em ditadura, foram “criando raízes”.

Quando chegou a liberdade, em 1974, inscreveu-se como militante no PCP, partido para o qual também cobrou quotas, aos militantes do concelho de Abrantes.

Nesse seu primeiro trabalho aos 11 anos, entrava em duas lojas; uma no Saldanha e outra na Avenida da República. “O patrão entregava-me um cartão com muitos botões e dizia para ir às modistas nas diversas ruas, e pelo cartão as modistas compravam uma dúzia. Às vezes tinha de perguntar às pessoas onde era aquela rua… era pequenito, um ignorante”. Ainda assim classifica essa experiência de “importante”.

Contudo, os ares de Lisboa não lhe fizeram bem e no regresso a Tramagal, por “desgostar do ambiente” urbano, começou a trabalhar na MDF, especificamente na contabilidade industrial “a fazer recados”. Só mais tarde foi colocado como operador de posto de dados de informática, onde permaneceu até aos 44 anos até ao despedimento em 1985, por complicações financeiras na Metalúrgica.

Teófilo recorda momentos “complicadíssimos, com salários em atraso, falta de trabalho. Quase todas as famílias de Tramagal – e também da região – ficaram afetadas com a situação da MDF”.

Numa época sem computadores, “primeiro começamos com uns cartões perfurados da MDF, para os quais se transmitia todos os dados do trabalho, das faltas dos trabalhadores, dos salários etc. Depois passou-se para os computadores onde inseríamos tudo o que estava relacionado com a Metalúrgica Duarte Ferreira, inclusivamente o património”, explica.

Teófilo recorda ainda “os muitos operários, cerca de 1.700”, que a Metalúrgica tinha nessa época, onde também foi sindicalista ou, de forma mais rigorosa, delegado sindical, função que gostava de desempenhar, nesse contacto com os trabalhadores e transmitindo as diretrizes que importavam no que diz respeito às condições de trabalho e reivindicações dos trabalhadores.

A nova sede da fábrica Duarte Ferreira & Filhos à data da sua inauguração, em 1920. Neste edifício existe hoje o Museu MDF. Créditos: Espólio da família Duarte Ferreira/DR

“Nos anos 1980 conquistou-se muita coisa. Cheguei a ir a fábricas, nomeadamente em Tomar, em que os trabalhadores não eram sócios do sindicato, o único sindicalizado era o chefe da secção. Esse trabalho de sindicalizar os trabalhadores era importante, aos poucos foram-se sindicalizando”, sublinha. Em retrospetiva, Teófilo admite que atualmente seja menor o número de trabalhadores sindicalizados embora exista maior número de sindicatos. “Mas os trabalhadores estão mais divididos”, considera.

Com o encerramento da MDF ficou “uma situação muito gravosa no concelho de Abrantes e de Constância”. Muitos operários e funcionários administrativos chegavam de Montalvo, de São Miguel do Rio Torto e de Rio de Moinhos para trabalhar na fábrica tramagalense.

Aliás, uma tradição que vinha do passado. Em 1948, a Metalúrgica Duarte Ferreira estava no apogeu e a Tramagal chegavam operários com jeito para o futebol, na mira de um emprego interessante e estável, conciliável com a modalidade que praticavam.

Troféus do TSU. Créditos: mediotejo.net

No Tramagal Sport União “houve uma época em que os jogadores eram quase todos de São Miguel. Vinham trabalhar para a fábrica e jogavam à bola em Tramagal. Hoje três ou quatro são de Tramagal, os restantes vêm de fora. Não há juventude. Notamos pela comissão do centenário – somos 9 – é tudo gente acima dos 70 anos. Verdade seja dita que são as pessoas que melhor conhecem a vida do clube, mas juventude não há!”, lamenta.

O TSU completou no ano passado a bonita idade de 100 anos. Nasceu oficialmente a 1 de maio de 1922, numa fusão de dois clubes. O Tramagal Foot-Ball Club e o Grupo Sportivo Tramagalense, este último para os mais jovens que condicionados pelos princípios e educação da época (1920), tinham dificuldades em juntar-se aos mais “crescidos” que treinavam e jogavam entre si.

Nessa fusão, em Assembleia Geral, o Tramagal Sport União adquire do Tramagal Foot-Ball Club “duas bolas no estado de novas no valor de 50 escudos cada uma, uma bola em estado usado no valor de 25 escudos, uma bomba no valor de 12 escudos e um atacador no valor de 2,50 escudos”. Do Grupo Sportivo Tramagalense a ata revela que recebeu “uma bola em estado novo no valor de 40 escudos, uma bola usada no valor de 25 escudos, uma bomba no valor de 12 escudos, um atacador no valor de 2,50 escudos, uma bomba de bicicleta usada, uma camisola de keeper no valor de 32 escudos, dinheiro contado no valor de 28,74 escudos e quotas no valor de 16 escudos”.

Muitos anos após o nascimento do clube, e porque Teófilo Moreira conhece como poucos Tramagal e as suas gentes, com o despedimento da Metalúrgica surgiu uma proposta de nova profissão, pelo curto prazo de um mês, substituindo o carteiro dos CTT que estava de férias. “Adorei! O contacto com as pessoas para mim foi sempre importante”, recorda.

Entretanto, o Sindicato dos Metalúrgicos do Distrito de Santarém necessitou de uma pessoa para executar a cobrança das quotas dos trabalhadores do distrito e Teófilo cumpriu essa função durante dois anos.

Ao mesmo tempo, o TSU “não tinha cobrador. O senhor José Rosa, uma pessoa importante a fazer a cobrança de quotas, arranjou um negócio, foi para o seu café, e o clube”, no qual Teófilo tinha um tio dirigente, ficou sem cobrador. Ofereceu-se para a tarefa que ocupa há três décadas.

“Adoro! O contacto com os sócios do clube, o trabalho de tentar conseguir novos sócios para o TSU, esta vivência do Tramagal e do TSU é relevante”, confessa, apesar de considerar o trabalho de cobrador “uma tarefa muito difícil, hoje talvez mais que ontem. A juventude já não vibra, não sente o clubismo e o associativismo como se vivia há uns anos. O Tramagal chegou a ter tudo e mais alguma coisa e hoje não tem praticamente nada que revele o que foi. Em 1960 era uma cidade apesar de ser uma aldeia. Hoje é uma vila sem a alma que tinha”, opina.

Teófilo Moreira, o octogenário do Tramagal Sport União há 30 anos de porta em porta a cobrar quotas. Créditos: mediotejo.net

Se pouco se sabe quanto à origem da cor do equipamento, sabe-se que a borboleta símbolo da empresa Duarte Ferreira surge como símbolo do Tramagal Sport União em outubro de 1924, numa estreita ligação clube-empresa, que sem carácter vinculativo, se manteria ao longo dos anos.

E sabe-se que o clube “está no coração dos tramagalenses. E é o clube que mobiliza mais adeptos para ir ver a bola, para acompanhar o TSU” nos campos adversários, assegura Teófilo.

Teófilo Moreira fez do Presidente da República o sócio nº 1000 do TSU. Foto: CMA

Em 2021 o TSU contava com cerca de 600 sócios. no final de 2022, contava com 737. O objetivo “é chegar aos mil porque o número mil foi atribuído ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aquando da sua visita ao Museu MDF e à exposição do centenário do TSU. Passou pela exposição que o Tramagal Sport União tinha então no Teatro Tramagalense, inscreveu-se como sócio e o clube atribui-lhe simbolicamente o número mil”.

Para pagamento das quotas Marcelo chegaria a dar a sua morada pessoal para Teófilo poder cumprir a sua função. Mesmo que por correio. Mesmo com a cara séria, o cobrador do TSU é generoso e tem um coração grande, acedendo a uma selfie com o Presidente da República.

Mesmo com cara séria, Teófilo Moreira acedeu a uma selfie para a posteridade com o Presidente da República. Foto: CMA

A Metalúrgica Duarte Ferreira, satisfazendo a grande aspiração dos jogadores e população em geral, construiu sob a égide do seu fundador, comendador Eduardo Duarte Ferreira, um Campo de Jogos que foi inaugurado no dia 3 de maio de 1951. A inauguração que estaria agendada para o dia do aniversário do clube, dia 1 de maio, foi alterada devido ao falecimento do então presidente da República, Óscar Carmona, e por terem sido decretados três dias de luto nacional.

Tramagal Sport União. Foto: mediotejo.net

Recorda que Tramagal nos anos 1960 era “uma cidade” porque “tinha tudo; uma banda, duas coletividades abertas: a Sociedade Artística Tramagalense e o Teatro Tramagalense, existem mas ambas com portas fechadas. A SAT tem um café e uma sala grande onde fazia espetáculos, está tudo fechado. O teatro Tramagalense tem apenas o café aberto. Portanto, o Tramagal hoje não tem nada”, lamenta.

Muito devido ao encerramento da Metalúrgica Duarte Ferreira. “Os tramagalenses viviam à base dos subsídios que a MDF dava, apoiava com dinheiro a SAT e as outras coletividades. Quando a MDF acabou estávamos habituados a financiamentos… é uma pena! Hoje existe outro tipo de financiamentos, o TSU, além das quotas, recebe apoio da Câmara Municipal de Abrantes, através do Finabrantes. Mas as coletividades estão todas fechadas. Faziam-se bailes, festas, etc… hoje não há”.

“As coletividades dinamizavam a vila, que não tem sequer um jardim. Hoje está tudo velhote porque não se criaram condições em Tramagal para fixar a juventude. Muitos jovens foram viver para a cidade de Abrantes enquanto aqui existem muitas casas a cair”, refere, em tom crítico mas também de lamento.

E se o TSU conta uma história de 100 anos, um clube do qual também foi dirigente, igualmente assumiu a função de dirigente da SAT durante alguns anos e lamenta profundamente a diferença no ritmo das atividades culturais, bailes, torneios de futebol de salão e muitas outras. “Chamávamos-lhe a casa da cultura, onde as crianças se faziam homens, iam para o teatro…”, recorda.

Sendo certo que outras fábricas nasceram no Tramagal como a Mitsubishi, mas “se trabalharem lá 300 pessoas, 250 não residem em Tramagal. Muitas no Entroncamento, Constância, portanto não dão vida à terra. Filhos aqui da terra foram viver para outras localidades. Tenho duas filhas e seis netas e nenhuma vive em Tramagal, foram viver para o Entroncamento… porque não havia empregos…. a certa altura Tramagal não tinha empregos… poucos jovens, o que é uma pena”, insiste.

”Tramagal é uma terra de idosos. O concelho de Abrantes envelheceu muito e o Tramagal é o espelho disso”, reforça.

No dia 1 de maio de 2022, Teófilo Moreira entregou uma ficha de sócio ao vereador do Desporto da Câmara de Abrantes que prontamente preencheu e assinou. Foto: mediotejo.net

Quanto aos mil sócios para o TSU, Teófilo acredita que essa “meta” é possível alcançar “porque o clube já militou na segunda divisão nacional – aos poucos foi descendo porque era a empresa MDF que subsidiava o clube. A MDF desapareceu e o clube também esteve prestes a desaparecer até que uma comissão administrativa pegou no clube e elevou-o novamente.

Hoje está prestes a ir para a primeira divisão distrital, já não para a nacional, porque descemos até à segunda divisão distrital que é a última página. É uma luta constante das direções do clube e dos seus associados, elevar o clube novamente à primeira divisão do distrito, que é onde merece estar”, considera.

A principal dificuldade prende-se com os jogadores dos clubes que jogam contra o Tramagal. “São melhores, têm melhores jogadores! As vitórias é que contam. Este ano estamos em segundo lugar; vão disputar a subida de divisão três clubes e ainda falta muito campeonato”, nota.

Mas o clube tem muitos sócios que não residem em Tramagal, “de Constância, de Abrantes, Entroncamento, espalhados pelo País e outros nem sequer estão em Portugal, contudo pagam as suas quotas pelo multibanco”, esclarece.

Teófilo Moreira, cobrador de quotas do TSU, é um dos mais fervorosos adeptos do clube da borboleta. Foto: mediotejo.net

Teófilo quer entregar a pasta das quotas “há dois ou três anos” mas novamente aceitou a tarefa muito por causa da atual direção, eleita em 2021. “O presidente e alguns membros da direção foram convidados por mim para avançarem e aceitaram. E também tenho essa responsabilidade, não os posso abandonar nesta altura em que é muito difícil arranjar um cobrador para as quotas”, justifica, acrescentando que “os jovens não estão para andar com uma pasta a correr todo o Tramagal”.

A tarefa obriga a ir bater de porta em porta, “às vezes pagam outras vezes não pagam, às vezes em vez de pagarem um ano pagam uma quota, que é um euro ou um euro e meio”, diz, reconhecendo que “a vida está difícil”.

Tal obrigou Teófilo a ficar mais um ano depois de conversar com alguns amigos, inclusive com Carlos Pio, que muitas vezes o leva de carro – Teófilo não tem carta de condução nem nunca se interessou por ter um automóvel – a percorrer o Tramagal, evitando que o cobrador de 82 anos percorra a localidade a pé, “todos os sábados e domingos”, três ou quatro horas por dia.

E nos dias de jogo “ponho-me lá ao portão e aqueles que vejo sem as quotas em dia também não entram sem pagar… conheço os sócios todos”, assegura, excetuando “alguns sócios novos que entraram este ano e que são de fora” da vila.

Teófilo Moreira durante uma cerimónia do centenário do TSU, em maio de 2022.

Permanece, portanto, o tempo que a atual direção se mantiver à frente dos destinos do clube. Nota na sua provecta idade “já não ter as condições devidas” para tais caminhadas. Além disso, diz ter direito a algum descanso. Mas admite desconhecer, ainda assim, se a decisão de abandonar a tarefa será definitiva.

“Aos fins de semana podia ir a casa das minhas filhas e não vou por causa disto”. O problema é que executa esta tarefa por amor, por permitir conversar com as pessoas “até para sentir o pulsar da vida que cada um leva. Gosto de ouvir as pessoas, algumas desabafam que a vida está má, ou não podem pagar porque têm que comprar remédios, mesmo uma quota pequena. A maioria de pessoas paga as quotas por junto… ao fim do ano, ou a um sábado ou outro”. Aprecia a vivência do clube e a bandeira do TSU.

“Adorei quando veio cá o Presidente da República, perguntei se lhe podia dar a proposta para sócio e ele assinou logo. É uma história para o clube“. E faltam menos de 300 novos sócios para atingir o objetivo.

“A primeira tarefa que a comissão do centenário teve foi: 100 anos, 100 novos sócios. E praticamente já alcançámos essa meta. A partir do dia 1 de maio quando o clube fez 100 anos (2022) já vamos com mais de 90, e nesses meses anteriores muita gente se inscreveu”, contabiliza.

Nesse ano de comemorações, Teófilo fala de um programa que incluiu este ano um sarau, um colóquio, e uma gala, onde vão ser homenageadas as 100 figuras que deram alma ao clube durante estes 100 anos. Por cada ano é homenageado um sócio, explica.

Tramagal Sport União (TSU) inaugurou a 1 de novembro a exposição comemorativa de 100 anos do clube. Foto: mediotejo.net

Desta sua entrega ao TSU sente a obrigação de cumprimento de um dever. “Um clube sem os seus associados não é clube. Os sócios são a alma de um clube”, afirma. Depois de terminar a tarefa sabe que vai sentir “muita falta”. Diz que estará destinado a enfiar-se em casa e a não sair de lá.

“Assim, saio de casa com a pasta das quotas, dou uma voltinha, converso com as pessoas”. Apesar da mágoa que carrega pelo desinteresse dos jovens pelo associativismo, o TSU alumia-lhe os sentidos.

Teófilo também cobra as quotas da Associação de Melhoramentos da Freguesia de Tramagal, que tem cerca de 500 sócios. E conta ter sido sondado pela ARTRAM – Associação de Reformados do Tramagal para cobrar as quotas da associação.

“Todas as associações e instituições têm dificuldades em encontrar alguém para cobrar as quotas. A SAT tem muitos sócios mas está fechada e ninguém cobra as quotas há pelo menos meia dúzia de anos. Isto significa que as pessoas vão desaparecendo, não sentem a coletividade como sentiam. É o fim de um ciclo”.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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