Fundado a 18 de maio de 1923, o Sporting Clube de Abrantes constitui-se como a filial nº7 do Sporting Clube de Portugal. Teve origem no Grupo Recreativo Operário Abrantino, clube com poucos anos de existência e que, por intermédio do sócio José Carlos Certã, se filiou no Sporting, mudando o nome para “Sporting Clube de Abrantes”.
Depois de uma profunda crise diretiva, que colocou em risco o futuro do SCA, a nova direção tomou posse a 5 de março e tem enveredado esforços para retomar um passado que afirmam ser de “glória”. O passado do clube centenário foi marcado por diversas modalidades em que se incluem o futebol, futsal, basquetebol, atletismo, xadrez e ténis de mesa. Porém, atualmente o SCA conta apenas com as modalidades de atletismo e ténis de mesa, estando a ser preparada a retoma do xadrez.
Para o presidente do Sporting Clube de Abrantes, José Belém, “não são todos os dias que se fazem 100 anos, ainda para mais para uma instituição como o Sporting Clube de Abrantes que estava numa fase de coma já há alguns anos”.



No ano em que o clube celebra fortemente o passado, a direção procurou “abrir as portas da nossa casa à cidade, porque é um símbolo da cidade e a cidade precisa desse símbolo, tal como nós vamos precisar da cidade e dos abrantinos”, afirmou o dirigente. A direção antecipou a reabertura da sede à comunidade procedendo a uma remodelação do espaço e a uma pintura do exterior do edifício, no centro histórico.
Falando de 100 anos de “grandes conquistas”, que marcaram “o ADN de Abrantes”, José Belém recorda a situação difícil em que encontraram o clube e que, agora, 75 dias depois da tomada de posse, se pode afirmar ultrapassada.
“Só temos 75 dias disto, mas quem viu o Sporting há dois meses e quem vê o Sporting agora parece outro clube”, notou.
Desafiado a presidir à direção do clube abrantino, José Belém não escondeu os receios e as incertezas iniciais. “O Sporting Clube de Abrantes estava a correr o risco de deixar o coma e morrer mesmo e então foi-me feito um repto. Inicialmente tive algum receio porque nunca tive nenhuma experiência diretiva”.
No entanto, o responsável afirma ter conseguido reunir quinze “malucos”, destacando a dedicação da sua equipa. “Realmente só alguém com um espírito de sacrifício muito grande, com alguma disponibilidade de sacrifício próprio, da família e da profissão”, afirmou.
“100 anos não se fazem em 75 dias. Naturalmente que uma história destas se confunde com a história do desporto em Abrantes e com a história desta cidade centenária”, começou por referir o vereador da Câmara Municipal de Abrantes, Luís Dias, presente na sessão, em que foi descerrada uma placa comemorativa.
Saudando a “audácia” da direção e dos corpos sociais que tomaram posse há 75 dias e tiveram “a ousadia de agarrar nesta coletividade agora centenária”, Luís Dias sublinhou uma responsabilidade que considera ser “tremenda”.
“Que os dias que faltam sejam, apenas e só, os primeiros do próximo centenário. Porque falamos muito, honramos muito o passado, falamos muito do presente e é evidente que o presente, ao longo destes 75 dias, mudou muito no Sporting Clube de Abrantes”, realçou o vereador.

A tarde simbólica, que decorreu na sede do clube em Abrantes, situada na Rua Capitão Lacerda Correia, em pleno centro histórico de Abrantes, na subida para o castelo, marcou o início das comemorações.
“Vamos ter já no dia 27 de maio, o nosso jantar Comemorativo do Centenário. Sócios, simpatizantes, amigos do clube, e alguns dirigentes, quer distritais quer nacionais”, fez saber o presidente. Os interessados poderão inscrever-se até domingo, dia 21 de maio.
Com olhos postos no futuro, José Belém recorda que ainda faltam 717 dias para terminar o mandato e que o compromisso para “colocar o clube em ordem” se mantém. Ultrapassada a crise diretiva, o presidente afirma poder já “respirar”.
“Realmente apanhámos o clube (…) um bocado desleixado em termos de dinâmica organizativa, em termos de secretariado, financeiramente, e tudo isso desgastou-nos muito nestes 75 dias. Felizmente já conseguimos respirar”, referiu José Belém.
“Não contávamos com tantas dificuldades, especialmente burocráticas. Em pleno século XXI, há situações que já não se justificam, mas o sistema a isso nos obriga. Mas temos sobrevivido e já respiramos melhor. Encontrámos um recém-nascido que agora já gatinha e até os dentes já começam a romper e a incomodar até mesmo os que nos dão palmadinhas nas costas. Estamos “nem aí” como diz a canção”, acrescentou.


O clube esteve em risco de perder a sede, dado que, se não tivessem realizado eleições, as chaves teriam sido entregues aos proprietários do espaço e o espólio ficaria a cargo da Câmara Municipal de Abrantes. “Abrantes não merecia isso”, sublinhou o presidente do SCA, para quem conseguir adquirir o edifício que serve de sede ao SCA seria “a maior prenda de aniversário”.
“O edifício não é do Sporting, é de uma família bastante conhecida de Abrantes e estamos em contacto com eles, a negociar, a vermos em que pontos podemos adquirir”.
Quanto ao futuro do edifício-sede, está prevista a sua reabertura regular e “devolver mais um espaço de convívio” à cidade e aos abrantinos. Em declarações aos jornalistas, o presidente afirma que tal não foi possível no dia que estava previsto, mas o trabalho tem sido realizado para atingir esse objetivo.
“Quem passa por aqui, pelo menos do lado exterior, percebe que já foi feita uma maquilhagem. Não posso dizer que tenha sido uma remodelação, mas sim uma maquilhagem. Até porque essa é uma das situações, nós não podemos mexer no edifício se ele não for nosso”, apontou.
Dirigindo-se a Luís Silvério, o vereador Luís Dias fez questão de homenagear todos os que contribuíram para os três dígitos de história do clube. “O senhor é uma instituição em Abrantes. Na pessoa do presidente Luís Silvério, do presidente José Belém e de todos aqueles que fazem os corpos sociais, presta-se esta justa e devida homenagem a todos aqueles que têm construído esta história, estes longos dias que têm 100 anos”.
Durante a sua intervenção, no âmbito das celebrações do centenário, o vereador lembrou que “a glória vem com o esforço, com a dedicação, com a devoção, porque sem isso não há glória”. Aos dirigentes congratulou pelos esforços realizados e por um trabalho que tem trazido “um novo paradigma” à cidade abrantina”.
“No que ao apoio do Município diz respeito, a este clube em concreto, terão incondicionalmente o nosso suporte diário para a vossa atividade regular, para a vossa existência, para fazer singrar aquilo que é a história e as belas páginas do Sporting Clube de Abrantes”, referiu Luís Dias.
No final da sua intervenção, o vereador deixou um desafio para o futuro do clube e para eternizar os 100 anos de história: a elaboração de um livro para “revelar tudo isto”, concluiu.
De acordo com o presidente do clube, o número de atletas tem aumentado significativamente desde que a direção tomou posse. “Todos os dias estão a aparecer atletas novos. O ténis de mesa começou com 7 e agora estamos com 19, isto no espaço de três semanas. No atletismo quase que duplicámos o número de atletas desde que chegámos. Estamos com perto de 30”.
Atualmente o clube abrantino conta com as modalidades de atletismo e ténis de mesa. Para o futuro, a esperança permanece de que seja retomada a prática de xadrez, modalidade que faz parte do passado e da história do clube.
Para o futuro, o presidente conclui afirmando que o foco se prende “única e exclusivamente” com o Sporting Clube de Abrantes, de forma a “perpetuar todos aqueles que fizeram o caminho até hoje, dia em que estão 100 anos concluídos”.


Parabéns pelo excelente trabalho jornalístico sobre um Clube da minha terra o Sporting Clube de Abrantes, que após 100 anos volta a renascer de novo…
Muito obrigado pela iniciativa e muitas felicidades para o futuro, bem haja…
Cumprimentos