Foi esta sexta-feira divulgado o documento que define a futura Rede de Referenciação Hospitalar em Obstetrícia, Ginecologia e Neonatologia, criada por um grupo de 18 especialistas nomeados pelo governo, e que propõe dividir os hospitais em três níveis – sendo que apenas 6 serão de nível III, o mais diferenciado, a nível nacional: Santa Maria e Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa; São João e Centro Materno-Infantil, no Porto; Braga e Coimbra.
No caso do Médio Tejo, os especialistas propõem que o Serviço de Obstetrícia e Ginecologia localizado no Hospital de Abrantes – que tem menos de 1.000 partos por ano e, por isso, poderia ser fechado – se mantenha aberto “por questões geográficas e sociais”.
No documento, que o mediotejo.net consultou, é proposto que o Hospital de Abrantes fique com a classificação de nível I, sendo os casos mais complexos referenciados para o Hospital de nível II mais próximo, que passará a ser o Beatriz Ângelo, em Loures. O Hospital de nível III a servir o Médio Tejo, com todos os cuidados mais diferenciados, será o Santa Maria.

Uma vez que o número de especialistas de Obstetrícia e Ginecologia nos hospitais do SNS é atualmente muito reduzido, o grupo desenhou esta rede alertando que será “necessário tomar medidas de fundo” para alterar a realidade que tem levado a encerramentos frequentes das urgências de Obstetrícia e Ginecologia. “A concentração (transitória ou não) de algumas Urgências de Obstetrícia e Ginecologia/Bloco de Partos parece ser a única forma de assegurar rapidamente alguma estabilidade de resposta nesta área, transmitindo uma segurança à população sobre os locais a que podem recorrer”, lê-se no documento.
O fecho rotativo das urgências ao fim de semana não é recomendado por este grupo de especialistas, mas deverá manter-se nos hospitais de nível I até que possam estar assegurados os quadros necessários para garantir os serviços com segurança. E se neste momento a situação é complexa, daqui a cinco anos poderá ser catastrófica: quase metade dos especialistas contratados têm atualmente mais de 55 anos.

A Rede de Referenciação Hospitalar em Obstetrícia, Ginecologia e Neonatologia pretende assegurar a resposta hospitalar às situações de doença ginecológica, infertilidade, pré-concepção, doença materna ou fetal, trabalho de parto, puerpério (pós-parto) e apoio neonatal. Inclui todos os cuidados prestados pela especialidade de Obstetrícia e Ginecologia (incluindo as sub-especialidades de Medicina Materno-Fetal, Oncologia Ginecológica e Medicina da Reprodução), e os cuidados prestados pela sub-especialidade de Neonatologia.
O desenho desta Rede de Referenciação teve em conta a segurança da mulher e do recém-nascido; a concentração das situações clínicas com maior risco em hospitais com cuidados mais diferenciados, com rentabilização de recursos humanos e técnicos; os condicionamentos geográficos e sociais do país, de forma a estimular a fixação das populações.