O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou, a título póstumo, o sertaginense Padre Manuel Antunes com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. O ato decorreu durante a cerimónia de encerramento do congresso internacional “Repensar Portugal, a Europa e a Globalização”, no dia 6 de novembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Este evento, que decorreu entre Lisboa e Sertã, veio assinalar o centenário do nascimento desta ilustre figura natural do concelho da Sertã, revisitando a sua vida e obra.
A condecoração foi anunciada, de forma inesperada, pelo próprio Presidente da República no final do seu discurso e entregue à sobrinha do Padre Manuel Antunes, Noémia Antunes, presente na mesa da cerimónia. Marcelo Rebelo de Sousa justificou esta condecoração póstuma com “o contributo singular” e “o relevo” do Padre Manuel Antunes para a cultura portuguesa, lê-se em nota de imprensa enviada pela autarquia.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou o “professor íntegro, profundo, envolvente, carismático e influente”, o cidadão “impoluto, empenhado, sábio e pedagogo” e o sacerdote “humanista” e “fiel ao cruzamento da razão com a fé”, recordando a época em que assistia às aulas do Padre Manuel Antunes, no anfiteatro I da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Para o chefe de Estado “o magistério [de Padre Manuel Antunes] teve um alcance que superava a fronteira dos crentes”, pode ler-se na mesma informação.
Também na sessão esteve presente o presidente da Câmara Municipal da Sertã, José Farinha Nunes, tendo manifestado “enorme satisfação e orgulho” pela condecoração, lembrando que o Padre Manuel Antunes foi “um homem excecional e luminoso, cujo pensamento era um autêntico farol em tempos sombrios”.
José Farinha Nunes referiu também que o Padre Manuel Antunes, nascido na vila da Sertã, há precisamente 100 anos, “ensinou-nos que a humildade e a sabedoria se podem misturar, em perfeita simbiose num único homem. Foi alguém que se transcendeu e é nessa transcendência que se inscreve hoje o seu pensamento”.

Recorde-se que a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique é uma das mais altas condecorações concedidas em Portugal e já agraciou personalidades tão distintas como Adriano Moreira, Amália Rodrigues, António Gentil Martins, Eunice Munoz, Carmen Miranda, Carlos do Carmo, Manuel Sobrinho Simões, Francisco Pinto Balsemão, Rui Veloso, Joana Vasconcelos, Vasco Graça Moura, Ruy de Carvalho, Eduardo Lourenço, Salgueiro Maia, Nicolau Breyner, Gonçalo Ribeiro Telles ou Francisco Sá Carneiro.
Já quanto ao congresso internacional «Repensar Portugal, a Europa e a Globalização – 100 Anos Padre Manuel Antunes», que decorreu entre os dias 2 e 6 de novembro, participaram nomes sonantes como Edgar Morin, Pierre Antoine Fabre, Eduardo Lourenço, Adriano Moreira, Guilherme d’Oliveira Martins, José Pacheco Pereira, Lídia Jorge, Frei Bento Domingues, Jean-Gabriel Ganascia, Nélida Pinõn ou Rui Tavares.
Inserido nas comemorações do primeiro centenário do nascimento do Padre Manuel Antunes, este congresso partiu de uma organização conjunta da Câmara Municipal da Sertã, Fundação Calouste Gulbenkian e CLEPUL – Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com o alto patrocínio da Presidência da República.
