“A campanha eleitoral acabou. A festa acabou. Agora é tempo de arregaçar as mangas (…) Agora é tempo de trabalho e de união”, apelou o novo Presidente da Câmara Municipal da Sertã, Carlos Miranda, durante o seu discurso de tomada de posse que se realizou no dia 14 de outubro.
Com a Casa da Cultura quase completamente cheia, a cerimónia de tomada de posse dos novos autarcas ficou marcada com apelos à união e ao trabalho em prol do desenvolvimento do Concelho.
“Juro pela minha honra que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas” foi o juramento feito pelos eleitos, seguido da respetiva assinatura. Um a um subiram ao palco os eleitos da Câmara, da Assembleia Municipal e os Presidente de Junta.
Carlos Miranda, o novo Presidente da Câmara teve direito a uma mais prolongada salva de palmas tanto quando tomou posse como quando terminou o seu discurso de três páginas.
ÁUDIO | Discurso de Carlos Miranda
Uma intervenção em que o autarca reafirmou não ser este um “tempo de divisões estéreis”, nem de “quezílias políticas ou jogos de bastidores que não tenham em conta o desenvolvimento do concelho”. Ressalvou que, com isto, não pretende “decretar o fim da política no concelho. Naturalmente, o confronto de ideias é a própria essência da democracia, e nada o poderá substituir. Mas este confronto deve ser feito de forma transparente e leal, e na defesa do superior interesse do concelho”.
Assertivo, afirmou que “o PS ganhou a câmara com maioria clara e tem o direito de aplicar o seu programa num clima de estabilidade. Os munícipes não iriam entender se fosse de outra forma”. Mas o tom apaziguador manteve-se quando disse não ser “tempo de rivalidades territoriais que só diminuem, e que tantas vezes marcaram e continuam a marcar este concelho”.
“De norte a sul, de leste a oeste, somos um único concelho, um único território. Somos um único povo. Somos um único destino. E só juntos podemos ter a oportunidade de atingir o desenvolvimento e o bem-estar a que aspiramos. É tempo de união. E tempo de trabalho. Agora, é tempo de dar corpo à esperança”, proclamou.

Em defesa do interior
Tónica importante no discurso de tomada de posse foi a defesa do interior do país que, para Carlos Miranda, “tem de ser parte da solução para o país e nunca um problema”.
“Nós, os que vivemos no Interior, não queremos caridade. Nós não queremos ser um fardo para o país. Nós queremos participar no grande esforço de desenvolvimento nacional. Temos esse direito. Mas, para isso, é necessário no país um novo modelo de desenvolvimento económico, pensado estrategicamente, onde a província encontre o seu lugar e o seu papel”, sublinhou, apelando a que se dê à Sertã “um papel de liderança na defesa de políticas públicas amigas do Interior”.
Depois de citar o padre Manuel Antunes que em 1979 falava no dualismo que marca o país, não tanto o dualismo Norte-Sul, mas sim o dualismo litoral-interior, o novo Presidente da Câmara considera que “quase 50 anos depois do 25 de abril, mantém-se este dualismo que vem de longe. O litoral e o interior parecem países diferentes. São países diferentes”.
Para Carlos Miranda “o Interior enfrenta um estado de emergência demográfico. No modelo de desenvolvimento que Portugal construiu, o Interior não encontrou ainda o seu lugar, e tem sido tratado como o parceiro pobre que, caridosamente, se vai ajudando, deixando cair algumas migalhas da grande mesa do Estado”.
O autarca considera ser necessário “colocar em prática um projeto de desenvolvimento sustentado” no território da Sertã. “Temos de tentar inverter a queda demográfica do concelho”, apontou. Outros objetivos passam por “criar condições para dinamizar a economia e gerar emprego; colocar em práticas medidas de apoio à natalidade; assegurar a existência de serviços de saúde e educação de qualidade; defender o património e garantir um urbanismo amigo dos Cidadãos; defender o ambiente e potenciar os recursos naturais do concelho; colocar em prática políticas de apoio aos que realmente precisam; dinamizar o setor da cultura”.
O tom conciliador marcou a sua intervenção. Agora que “o combate eleitoral acabou”, é tempo de “arregaçar as mangas” e “é hora de unir e de construir”, defendeu.
“Sempre disse que não vinha para destruir, mas para construir. Não vinha para subtrair, mas para acrescentar. E é isso que pretendo fazer, num espírito de colaboração e diálogo com todos”, concluiu, não sem antes dar uma palavra aos autarcas cessantes. “Tenho a certeza de que todos deram o seu melhor pelo desenvolvimento do concelho da Sertã e das suas terras”, afirmou.
Deixou “uma palavra especial de reconhecimento” para o Presidente cessante, José Farinha Nunes, a quem elogiou a cordialidade e disponibilidade que sempre manteve.
No elenco camarário houve logo uma alteração durante a sessão da tomada de posse, a eleita do PSD Ana Sofia Marçal renunciou ao mandato, o mesmo acontecendo com o elemento a seguir na lista, Luís Martins Bernardo. Tomou posse como Vereador do PSD, José Carlos Sousa Fernandes.

PS domina mesa da Assembleia
Apesar de não ter maioria na Assembleia Municipal da Sertã, o PS conseguiu que os três lugares da mesa deste órgão deliberativo fossem preenchidos apenas por autarcas do partido. Aliás, apenas o PS apresentou uma lista para a mesa, que recolheu 15 votos a favor e 16 em branco.
O Presidente cessante da Assembleia, Alfredo Dias, justificou a posição da PSD tendo em conta a vitória do PS, apesar de ser apenas com 80 votos de diferença para este órgão. O PSD entendeu que, tendo o PS saído vitorioso e num gesto de espírito democrático, deveria dar a gestão da mesa a este partido, não apresentando qualquer lista.

Eleitos 2021-2015
Câmara Municipal
Presidente Carlos Alberto de Miranda (PS)
Vereador Rui Gaspar Antunes (PS)
Vereadora Cristina Alexandra dos Reis Nunes (PS)
Vereador António Antunes Xavier (PS)
Vereador Paulo Farinha Luís (PSD)
Vereador José Silva Nunes (PSD)
Vereador José Carlos Sousa Fernandes (PSD)
Assembleia Municipal da Sertã
PS
José Pedro Leitão Ferreira;
Vítor Manuel do Carmo Cavalheiro;
Ana Margarida Cardoso Alves;
Jorge Manuel Rodrigues Farinha;
Anabela Farinha Leitão Ruivo Brízio;
Francisco José Antunes Dias Rei;
Samuel Dias Xavier;
Cristiana Tagaio dos Santos;
Paulo Jorge António Martins Ferreira;
Anabela Luís Nunes;
PSD
Alfredo Dias
João Carlos Almeida
Maria de Lurdes Sequeira
António José Simões
Jorge Manuel Coluna
Raquel Horta Antunes
Nuno Melo
Daniel Luís
Maria João Torres (por indicação do Partido Popular)
Jorge Nunes
Chega
Cátia Pinto
Juntas de Freguesia
Freguesia do Cabeçudo: Adriana Pires Santos (PS)
Freguesia do Carvalhal: António Vicente Xavier de Matos (PS)
Freguesia do Castelo: Carlos Lopes (PSD)
Freguesia de Pedrógão Pequeno: Manuel Francisco Antunes Dias (PS)
Freguesia da Sertã: Joaquim Alves (PSD)
Freguesia do Troviscal: Rogério Luís (PSD)
Freguesia da Várzea dos Cavaleiros: Maria Gracinda Lourenço Marçal (PS)
União de Freguesias de Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais:
Maria João Ribeiro (PS)
União de Freguesias de Cumeada e Marmeleiro: Pedro Coelho (PSD)
União de Freguesias de Ermida e Figueiredo: José Lopes (coligação
CDS/PSD)