Foto: Paulo Sousa/CMS

O GETAS – Associação Cultural de Sardoal, o Grupo de Teatro sardoalense, apresenta, pelo sexto ano consecutivo, a recriação de “A Paixão de Cristo”, reconstituindo ao vivo o percurso de Jesus Cristo a caminho do Calvário. Trata-se de uma produção que envolve cerca de uma centena de pessoas, atores e figurantes, que vai ser levada a efeito no sábado, dia 15 de abril. A recriação terá início às a partir das 16h00 na Praça da República (Pelourinho) e contará com um cortejo pela Avenida Luís de Camões e Rua 5 de Outubro, terminando no Largo do Convento de Santa Maria da Caridade, junto à Santa Casa da Misericórdia.

Com novos cenários e mais figuração, bem como “mais trabalho de ator”, esta recriação traduzida em teatro de rua, consegue de ano para ano, desde há 6 anos, apurar por via de pequenas modificações a peça. Cristina Curado, atriz e presidente da direção do GETAS, desvendou ao mediojoto.net alguns dos pormenores da edição deste ano.

“Vamos aproveitar mais as pessoas que são atores no grupo para estarem a trabalhar mais afincadamente nessa área  de representação e o resto das pessoas vão fazer figuração”, explicou, fazendo ainda notar que contam em mais um ano com o apoio da Santa Casa da Misericórdia, que “vai trazer também os seus idosos para fazer figuração, vão-se juntar a nós, até porque a nossa recriação termina exatamente no Largo do Convento, que é onde está situada a Santa Casa da Misericórdia de Sardoal”, situou.

Contando com número sempre incerto, e tendencialmente crescente, de figurantes,  Cristina Curado admitiu que o trabalho de produção de figurinos costuma ser um corropio.“Nessa área temos apoio do Agrupamento de Escolas do Sardoal, que nos cede todos os anos algumas roupas, uma vez que para nós iria ser muito complicado estarmos a confecionar roupas para tanta gente”, disse recordando as “cerca de 100 pessoas ou mais envolvidas nesta recriação”. Mas às vezes este apoio não chega…

“Aos poucos, todos os anos, nós vamos fazendo sempre mais alguma coisa, mas acaba sempre por não chegar, mesmo com as roupas que vêm da escola, à última da hora, no próprio dia, aparece por vezes mais uma criança ou mais um adulto que gostava de participar, e aí temos de improvisar, temos de pegar em lençóis que nós temos sempre de reserva, de pano, que a antiga Casa Falcão nos fornecia, e temos que nos desenrascar”, disse recordando o dito popular “Para comer aparece sempre mais um”.

“Neste caso, para o teatro nesta recriação em cima da hora aparece sempre mais um, é sempre muito engraçado, e depois a azáfama de estarmos todos ali e «Como é que vamos fazer agora?» e «Pega aí num bocado de pano, e faz aqui um buraco e ‘tá feito, e ata-se com uma corda e pronto». E sai toda a gente à rua, e as coisas têm corrido bem”, confessou, fazendo um balanço positivo deste projeto que é já marca do GETAS.

Quanto à distribuição de papéis, a presidente da direção do grupo confirmou que alguns papéis continuam a ser atribuídos aos mesmos atores. “Voltamos a ter o mesmo Jesus Cristo, ele já está a fazer, se não me engano, pelo 4º ano consecutivo”, e isto se deve ao facto de ter uma fisionomia muito particular. “Vamos ver se ele vai querer continuar, porque é a pessoa ideal para representar aquele papel, pela fisionomia dele. Se se virem fotografias, o ator tem toda a fisionomia, tem cabelo grande e tem um rosto bonito, tal como Jesus Cristo tinha”, enumerou Cristina Curado.

Os papéis têm sido distribuídos mediante a disponibilidade dos membros do grupo de teatro, sendo que se associam aos atores conforme o papel onde se sentem mais à vontade, explicou a responsável, que irá fazer novamente o papel de “louca”.

Ainda assim, o GETAS tem sofrido algumas mudanças, e parece que tem futuro risonho, nomeadamente com a chegada de novos membros e com as novas atribuições de papéis nesta recriação, “porque as pessoas também têm as suas ocupações profissionais, e é muito difícil conseguir conciliar com esta situação (…) Cada vez temos mais crianças no grupo a trabalhar, cada vez temos mais crianças a quererem fazer ‘A Paixão de Cristo’, e penso que é um bom presságio para o teatro no Sardoal, acho que temos uma boa continuidade nesse aspeto”.

A encenação este ano fica a cargo de Manuel Luís Costa, experiente na área da representação e professor de música na Universidade Sénior de Sardoal. “Este ano pedimos a um dos elementos do nosso grupo que tem alguma experiência na área, para nos fazer a encenação porque nós a nível de direção também não conseguimos chegar a todo o lado, estamos com muito trabalho, com peças pelo meio, ensaios e tornava-se um bocadinho difícil estarmos a conseguir essa parte”, explicou, justificando o pedido feito ao também ator nesta peça.

“Ele implementou algumas alterações, a nível de posicionamento de atores e do povo no espaço cénico. Vamos ter mais um bocadinho de cenário. Acho que vai ser diferente, mais uma vez, este ano. E acho que as pessoas vão gostar”, concluiu Cristina.

Agora, resta esperar que o tempo ajude, para que o teatro possa sair à rua, para mais uma recriação da peça que é já um ícone fundamental na programação cultural da Semana Santa de Sardoal.

Fique com registos de edições anteriores para aguçar o interesse perante a iniciativa, que acontece este sábado, pelas 16h00, na vila de Sardoal.

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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