Para os professores de Sardoal, o dia foi de concentração em frente à escola da Vila em protesto, numa adesão à greve de “quase 100%, faltou muito pouco. Mas a questão é valorizar a escola pública. Se o País não valorizar o pilar da Educação, não é um País”, começou por dizer a professora Ana Alfaiate, porta-voz dos docentes.
Os professores contestam as propostas apresentadas pelo Ministério da Educação no âmbito da negociação da revisão do regime de colocação e recrutamento de pessoal docente e reivindicam também soluções para problemas mais antigos, relacionados com as condições de trabalho e atualizações salariais.
Por isso Ana Alfaiate referiu também “a contagem do tempo de serviço congelado, porque nos Açores e na Madeira é considerado e isto acaba por ser indigno, os professores do Continente não são abrangidos”.
Entre as reivindicações a porta-voz dos docentes de Sardoal salientou igualmente a necessidade de “melhores condições de trabalho”. Acresce “a revisão do modelo de concursos que também começa a ser gritante em termos de condições de trabalho, a reposição na carreira. Os professores estão entupidos de trabalho e responsabilidades cada vez mais acrescidas. O regime democrático das escolas que não vai à frente, esta questão da municipalização e de qualquer pessoa ou qualquer entidade conseguir-nos controlar e colocar onde quer”, explica.

Os professores estão em greve, desde dezembro, em razão daquilo que consideram ser um “impasse nas negociações” entre os sindicatos e o Ministério da Educação, considerando “insuficientes” as propostas apresentadas pela tutela.
Um dos pontos apontados prende-se com “o rejuvenescimento da profissão. Os novos de facto têm de entrar” na escola pública e avançar com ” a aposentação dos mais velhos”, defendeu Ana Alfaiate notando que os professores “demoram cada vez mais tempo a atingir o topo da carreira, e é os que chegam”.
Considera que a vinculação dos professores contratados “é um caso complexo, mas é bom que os professores se sintam mais valorizados, mais motivados que tenham alguma compensação a nível de trabalho para também ensinarem como deve de ser. E que a escola seja um espaço feliz”, acrescentou.
No Agrupamento de Escolas de Sardoal ensinam professores que chegam diariamente, por exemplo, de Castelo Branco, portanto a palavra “cansaço” está na ordem do dia.
“Temos professores que alugam um quartinho para ir dar aulas e depois são as despesas, é cumprir a sua profissão o mais dignamente possível e não se consegue porque não há compensações, não há valorização do seu trabalho. O Ministério tem de ceder!”, afirma referindo que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, é professor, e portanto “sabe melhor que ninguém o que os professores passam”.
Centenas de alunos ficaram, assim, sem aulas devido à luta dos professores e educadores que mobilizados afirmam “não paramos!”, tal como garantiu Ana Alfaiate dizendo que desistir não é uma opção. “Não! Os professores estão muito mobilizados. Vamos fazendo por partes as concentrações, dia 8 há greve nacional. Temos de nos juntar e decidir porque não queremos prejudicar totalmente os alunos. Vamos ver!”.

ÁUDIO | ANA ALFAIATE, PORTA-VOZ PROFESSORES DE SARDOAL:
A Federação Nacional da Educação (FNE) anunciou Na quarta-feira que vai convocar uma greve nacional para o dia 8 de fevereiro e juntar-se às greves por distritos inicialmente convocadas por uma plataforma de oito organizações sindicais.
Qualquer professor poderá fazer greve nos dias em que entender enquanto decorrer o protesto convocado pelo STOP – que decretou greve em dezembro do ano passado – mas a paralisação geral, unindo todos os sindicatos, vai acontecer no distrito de Santarém a 1 de fevereiro – onde se integram os 11 concelhos do Médio Tejo.
Trata-se de uma greve rotativa por distritos, convocada por oito sindicatos de professores, ASPL, FENPROF, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU.
Este sábado, realiza-se uma manifestação de profissionais da educação, organizada pelo STOP, estando também marcado um outro protesto para o dia 11 de fevereiro, convocada pela plataforma de oito organizações sindicais e à qual a FNE também se vai juntar.