No âmbito da quadra Natalícia, o município de Sardoal tem patente ao público a exposição “Presépios do Mundo – O Imaginário Africano”, no Centro Cultural Gil Vicente. As capelas da Vila também estão engalanadas e apresentam presépios criados pelas coletividades.
A fé e a religiosidade, intrínsecas e indissociáveis do património e da personalidade coletiva do concelho estão espelhadas na exposição ‘Presépios do Mundo – O Imaginário Africano’, patente ao público no Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal.
“Numa altura do ano onde se enaltecem os valores da paz, fraternidade, partilha e entreajuda, é com grande honra e alegria que recebo esta exposição que apresenta uma diversidade de presépios ímpares e originais, tendo por base o imaginário africano”, disse o presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges, na sessão de abertura.
O autarca salientou que “os sardoalenses vivem a quadra natalícia de forma intensa e participativa, sendo exemplo disso os presépios que as capelas e igrejas do concelho ostentam no seu interior, fruto do trabalho coletivo”, à semelhança do que acontece em Sardoal com os tapetes de flores durante a Semana Santa, acrescentou.
A mostra integra presépios da coleção Rui Sequeira, pertencentes à Diocese de Portalegre-Castelo Branco, que dão a conhecer diferentes representações populares e etnográficas da natividade em África e fica patente até dia 26 de janeiro de 2019.
Trata-se da segunda parceria que o Município tem “neste âmbito com a Diocese de Portalegre-Castelo Branco. No ano passado, o Centro Cultural Gil Vicente acolheu presépios do imaginário português, do Alentejo ao Minho”, lembrou o autarca.

São dez os presépios dos mais de 1000 que a Diocese de Portalegre-Castelo Branco possui na sua coleção que já percorreu o País e além fronteiras, notou João Soares, da Câmara Municipal de Sardoal.
O presépio “tem inicio em 1223 em Assis por São Francisco, que resolve mais uma vez uma questão etnográfica da Igreja. Há uma representação que tem a intenção da caracterização e da evangelização. Quis então mostrar esta temática do nascimento de Jesus”, explicou João Soares.
Presépio significa estábulo “e na época os animais eram presentes, era uma questão comum no mesmo espaço que os homens”, observou, dizendo que no que toca aos presépios africanos “foram os missionários portugueses e também espanhóis a levar para África presépios em gesso com o menino Jesus branco e os africanos alteraram essa característica”.
Nos presépios africanos a figura feminina é muito maior, concepção relacionada com “a proteção do menino e com a fertilidade”, tal como as mãos desproporcionais e a cabeça que é igualmente grande relacionada com o poder divino, com a sabedoria.
“Os africanos têm a apropriação para a cultura local e muitas vezes a vaca tem um alto nas costas, parecendo um camelo”, explicou, vincando que “a montagem do presépio permite a partilha da família num momento de festa”.

A inauguração da exposição foi antecedida por uma visita às capelas da Vila ornamentadas com presépios e ao Mercado Municipal, onde decorre o Mercado de Natal este fim de semana.
Para as capelas, o município de Sardoal lançou um desafio às coletividades do concelho no sentido destas as enfeitarem com um presépio da forma e com os materiais que entendessem, “como mais um ponto de interesse turístico”, referiu Miguel Borges.

Assim, a Capela do Espírito Santo apresenta um presépio da responsabilidade de cidadãos ligados à Fábrica da Igreja, a Casa dos Aldeias foi o local escolhido pelo Centro Social do Município, uma vez que a Capela da Nossa Senhora do Carmo encontra-se em obras. A Capela de Santa Catarina acolhe um presépio da responsabilidade do Grupo Experimental de Teatro Amador de Sardoal (GETAS) e a Filarmónica União Sardoalense montou o seu presépio na Capela de Sant’Ana.

A exposição ”Presépios do Mundo – O Imaginário Africano” pode ser visitada de terça a sexta das 16h00 às 18h00, aos sábados das 15h00 às 18h00. Encerra aos domingos, segundas-feiras e feriados.