Reunião da Câmara Municipal de Sardoal por videoconferência. Créditos: mediotejo.net

Passado um ano, na sequência de um processo por difamação a decorrer no Tribunal de Abrantes, o executivo de maioria PSD recebeu um pedido de desculpas de um sardoalense, através de uma carta, pela publicação realizada em julho de 2020 na rede social Facebook. Equaciona, por isso, a retirar a queixa.

O processo estava em curso na segunda secção Penal de Abrantes relativo a um procedimento criminal por difamação, sendo os queixosos a Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges (presidente), Jorge Gaspar e Pedro Rosa (vereadores).

Tal como o mediotejo.net noticiou, em causa estava um alegado concurso para a contratação de recursos humanos e onde alguém se terá sentido prejudicado no acesso, alegadamente pelo atual executivo, acusou o visado nas redes sociais, sendo tal considerado um atentado ao bom nome por parte dos eleitos do PSD, alegou, por sua vez, o executivo municipal liderado por Miguel Borges.

Na rede social Facebook, o sardoalense que agora pede desculpa terá escrito: “A Câmara Municipal de Sardoal (CMS) Cursos for the boys. Há tempos um familiar meu foi a uma entrevista ao Centro Cultural para um curso de centro de emprego. Foi-lhe dito na cara que não seria admitido porque eu não quis entrar na lista do PSD nas últimas eleições. Demonstra o carácter da pessoa em causa. É verdade, o familiar é a minha filha e quem foi está lá porque foi eleito. Se for necessário e no local próprio prová-lo-ei. Para mim é sem medos”.

Mas o presente pedido de desculpa do declarante, datado de 20 de agosto de 2021, “é devido porque tais afirmações por mim proferidas nunca aconteceram, não correspondem à verdade e atingiram os visados na sua honra, consideração e dignidade”.

Perante o pedido de desculpas os três eleitos pelo PSD do executivo municipal de Sardoal – Miguel Borges, Jorge Gaspar e Pedro Rosa – consideram “o assunto terminado” e manifestam não se oporem à retirada da queixa. Por seu lado, os vereadores do PS concordaram com a decisão dos eleitos do PSD.

ÁUDIO: MIGUEL BORGES, PRESIDENTE CM SARDOAL:

Os eleitos do PSD em Sardoal apresentaram, em agosto de 2020, uma queixa crime no Ministério Público contra esse munícipe por difamação nas redes sociais. Não foi a primeira queixa crime que o presidente da Câmara Municipal de Sardoal apresentou por entender que “em política não pode valer tudo”.

Declarações proferidas nas redes sociais por um munícipe de Sardoal levaram o presidente da Câmara Municipal, Miguel Borges (PSD), a anunciar no verão do ano passado que havia, em conjunto com os vereadores Jorge Gaspar e Pedro Rosa, efetuado uma queixa crime no Ministério Público contra um sardoalense, sem referir o nome da pessoa em causa dizendo, no entanto, aos jornalistas que o visado “não está politicamente no ativo mas já esteve”.

Os políticos, “que andamos nestes cargos públicos, não podemos de modo algum permitir que as pessoas digam algumas coisas que mancham a nossa honra, a nossa dignidade, a nossa forma de estar. Se o fizermos não estamos a defender a dignidade de um cargo público e eu tenho a obrigação de defender essa dignidade além de defender a minha honra”, disse na altura Miguel Borges ao mediotejo.net.

O presidente explicou que “aquilo que é feito por algumas pessoas e algumas entidades é denegrir de tal forma que faz com que aqueles que possam ser bons nestes cargos não estejam para se envolver” na política.

Segundo Miguel Borges “alguém insinuou que fizemos mal as coisas no Município. Deliberadamente e com objetivos políticos, por motivações políticas e que isso prejudicou alguns sardoalenses. A pessoa diz que não tem medo nenhum e que prova em qualquer lado. Então vamos a isso!”, afirmou. Parece que o processo será agora arquivado.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *