Sardoal disponível para acolher "de imediato" 15 refugiados ucranianos. Os estudantes saíram hoje à rua numa marcha pela paz. Foto: Paulo Jorge de Sousa

A Câmara Municipal de Sardoal está a colaborar na operação de auxílio ao povo ucraniano e disponibilizou-se para acolher “de imediato” até 15 pessoas daquele país em guerra.

O presidente do município, Miguel Borges, “manifestou ao Alto Comissariado para as Migrações a disponibilidade da autarquia em acolher 15 refugiados ucranianos” no imediato tendo disponibilizado para o efeito “duas casas com quatro quartos cada uma”, referiu o autarca. 

Deu conta que, ainda esta semana ou no principio da próxima, Sardoal acolherá uma família de ucranianos. Miguel Borges referiu que o executivo quer “uma integração plena. Temos de estar preparados para tudo”, disse aos vereadores na última reunião de Câmara Municipal, na quarta-feira, 9 de março.

Acrescentou ter contactado igualmente “algumas empresas do concelho” e “se houver vontade” da parte dos refugiados, “as empresas disponibilizaram postos de trabalho”. Garante também que “no âmbito da saúde está tudo assegurado” dando conta que a autarquia irá ser responsável pela alimentação dessas pessoas que podem contar ainda com a Loja Social. Lembrou que o Agrupamento de Escolas de Sardoal tem em curso uma recolha de bens essenciais para fazer chegar à Ucrânia.

Para o presidente importa, neste momento, “tirar as pessoas de lá” ou seja, da Polónia e de Lviv, na Ucrânia.

Reunião de Câmara Municipal de Sardoal. Créditos. mediotejo.net

ÁUDIO | PRESIDENTE DA CÂMARA, MIGUEL BORGES:

Avançou que a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo diligencia uma operação, em articulação com o Governo e com o Alto Comissariado para as Migrações, para ir buscar 250 pessoas à Ucrânia, refugiados que serão integrados nos 13 concelhos do Médio Tejo, inclusivamente com integração escolar das crianças.

A integração na comunidade escolar “depende de cada criança”, disse defendendo uma “integração gradual” com o apoio de técnicos do Município e outros da comunidade, designadamente psicólogos. E da própria comunidade ucraniana residente no concelho – 9 pessoas – que já se disponibilizou para apoiar na transição, tendo em conta a barreira linguística.

Miguel Borges diz que a integração não o preocupa porque “já têm experiência de integração de outras comunidades” como a chinesa ou a tailandesa, existente em Sardoal.

“Com as crianças da comunidade chinesa” a frequentar a escola em Sardoal “a língua era uma barreira mas nunca foi impedimento à integração na convivência escolar”, explicou.

Nesta fase, importa, para o presidente, que “as crianças se sintam crianças a conviver entre elas”, como “jogar à bola, brincar nos recreios, ter aulas de música que é uma linguagem universal”, evidenciou.

Quanto aos programas “o sistema educativo saberá adequar-se a esta nova realidade como tem feito ao exemplo da comunidade chinesa”. Tal dependerá igualmente “do tempo que os ucranianos permanecerem no país”.

Miguel Borges deu, ainda, conta da disponibilidade manifestada por um professor “para fazer este trabalho de comunicação essencial” referindo que as plataformas disponibilizadas pelo governo e pelo Alto Comissariado para as Migrações, em várias línguas, “podem servir de tradutor”.

Segundo o presidente, o serviço de Ação Social irá criar uma linha comum com os restantes parceiros no concelho, designadamente o CLDS-4G, para acolher os refugiados. Para quinta-feira, 10 de março, estava agendada uma reunião com essa “linha comum” na ordem de trabalhos.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia. Os ataques provocaram a fuga de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, fortemente pela comunidade dita ocidental, designadamente pelos países da União Europeia, pela Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e Austrália, que responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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