Tagus lança plataforma 'online' para promoção e venda de produtos. Créditos: mediotejo.net

A ministra da Agricultura disse em Sardoal, na apresentação da plataforma, que no âmbito da PAC – Política Agrícola Comum – há “metas para atingir” e que passam por “uma agricultura mais preparada para o mercado mas também com uma pequena agricultura, que dada a sua dimensão precisa de um novo nível de organização”. Para isso, vincou, os grupos de ação local e as associações de agricultores “são determinantes”. Maria do Céu Antunes falava durante a apresentação do projeto para promoção e venda de produtos da Tagus – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior.

Estes grupos de ação local são um meio “para colocar o rendimento ao serviços dos agricultores, os apoios ao rendimento, e os instrumentos para capacitar os nossos pequenos agricultores para fazerem diferente e poderem ter acesso a plataformas como esta, para divulgarem e para comercializarem os seus produtos”, disse a ministra durante a apresentação da plataforma online ‘Praça Ribatejo Interior’.

Maria do Céu Antunes falou ainda na necessidade de uma “agricultura bem preparada para fazer face às alterações climáticas, onde o uso eficiente da água tem de ser a nossa prioridade, onde as tecnologias de precisão têm de ser colocadas ao serviço dessa melhor gestão dos fatores de produção, nomeadamente dos recursos naturais mas muito assente nesta tripla dimensão da sustentabilidade”.

Tagus lança plataforma ‘online’ para promoção e venda de produtos. Créditos: mediotejo.net

Ou seja, “ territórios sustentáveis e para isso precisamos que gerem rendimento, que tenham atenção a questão ambiental e que sirvam as pessoas, quem produz e quem consome”.

Por isso pediu que os grupos de ação local apresentem a sua estratégia no sentido de promover a “pequena agricultura, a transformação associada e a comercialização”. O governo valoriza ainda a “fusão” de grupos de ação local, estratégias que estejam integradas ao nível da NUT III, ao nível da Comunidade Intermunicipal, que tenham atenção a estratégia regional ao nível da NUT II. Precisamos trabalhar esta dimensão porque o País tem menos recursos mas tem mais oportunidades”.

Para a ministra “ganhar escala, dimensão e espaço territorial pode fazer toda a diferença”.

ÁUDIO: DISCURSO DA MINISTRA DA AGRICULTURA, MARIA DO CÉU ANTUNES

Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação da plataforma da Tagus, Maria do Céu Antunes garantiu que as cadeias curtas e as plataformas online de venda de produtos locais são “o caminho”.

Acrescentou que, no que toca ao financiamento da “pequena agricultura”, o Governo não privilegia produtos agrícolas, sendo a escolha do agricultor, sendo que o executivo quer “estimular a escolha de variedades regionais mais bem adaptadas às alterações climáticas, que gastam menos água, por exemplo, e tudo isso tem que ser valorizado, como a valorização das raças autóctones que também são as mais bem adaptadas ao território, e é na conjugação de tudo isto que esperamos sinceramente que a agricultura, sendo um dos fatores de desenvolvimento territorial, possa ter aqui um papel muito relevante neste ciclo de investimento”, destacou a governante socialista, natural de Abrantes, município a que presidiu antes integrar o governo de António Costa.

ÁUDIO: MARIA DO CÉU ANTUNES EM DECLARAÇÕES AOS JORNALISTAS
Tagus lança plataforma ‘online’ para promoção e venda de produtos. Créditos: mediotejo.net

Por seu lado, Conceição Pereira, técnica coordenadora da Tagus, explicou que “esta plataforma é um ponto de encontro entre pessoas”.

Isto é, estando ‘online’, a plataforma foi “direcionada nesta fase experimental para o mercado nacional, e que queremos depois alargar a todo o mundo, e tem por objetivo incentivar os produtores na sua atividade, agregando 22 profissionais do setor agroalimentar, e aproximar os produtos locais do cliente, com uma oferta que passa nesta fase pelos vinhos, queijos, enchidos, mel e azeite, entre outros, e que depois queremos estender aos produtos hortofrutícolas e ao artesanato”, disse, durante a sessão de apresentação da plataforma digital, que decorreu em Sardoal.

Fundada em 26 de novembro de 1993 e trabalhando em territórios de baixa densidade populacional nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal, a Tagus é desde 1995 gestora local de Programas de Iniciativa Comunitária LEADER, lançando agora uma plataforma digital comercial, uma nova ferramenta que “visa contribuir para o desenvolvimento da economia regional”.

Plataforma Praça Ribatejo Interior

Com um investimento que rondou os 30 mil euros, com apoio a 80% de fundos comunitários, sendo o restante suportado pelos municípios envolvidos, “a ideia surgiu em plena situação pandémica” de covid-19, lembrou a responsável, “quando os produtores locais enfrentavam dificuldades em escoar a sua produção”, devido aos constrangimentos causados pela mesma.

“Dado o aparecimento de novas estratégias de comercialização e com a expansão das vendas ‘online’, a Tagus, consciente de que, isoladamente, os esforços dos pequenos produtores para alcançar potenciais clientes por esta via eram demasiado grandes, candidatou-se à operação 10.2.1.4 – cadeias curtas e mercados locais, do Programa Nacional de Desenvolvimento Rural (PDR2020), inserida no Portugal 2020 e cofinanciada pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), para permitir apoiá-los no escoamento das suas produções por ‘e-commerce’, fomentando o contacto entre quem produz e quem consome, e tornando os produtos mais acessíveis a qualquer parte do país”, enquadrou.

Um projeto que, depois de aprovado e desenvolvido, tem agora condições para entrar em funcionamento, numa fase em que a Tagus assinala 29 anos de atividade e em que a quadra natalícia que se aproxima é propícia à oferta de produtos locais.

“As compras ‘online’ assumiram-se como uma opção e até se tornou um hábito para muitos consumidores, que preferem esta ferramenta – a plataforma de vendas ‘online’ – para comprar, porque nunca fecham, podem consultar ou analisar as características dos produtos, encomendar quando têm mais disponibilidade e recebê-las comodamente em sua casa”, notou.

Tagus lança plataforma ‘online’ para promoção e venda de produtos. Créditos: mediotejo.net

Para Conceição Pereira, esta plataforma é também “uma oportunidade para que os pequenos produtores, sem capacidade para entrar em grandes circuitos de distribuição, tenham acesso a outro mercado” e, ainda, por outro lado, “uma forma de os consumidores terem acesso aos produtos que são distinguidos em concursos nacionais e internacionais de diferentes temáticas”.

Para a operacionalização da plataforma digital, o projeto prevê, também, a aquisição de embalagens e outros materiais, que permitam escoar estes artigos, e uma estratégia de ‘marketing’, de modo a fomentar as vendas e a valorização dos mesmos.

A comercialização e promoção dos vinhos, cervejas artesanais, licores, azeites, queijos, enchidos, mel e outros doces, como compotas, marmeladas, bolachas e figos confitados, produzidos em Abrantes, Constância e Sardoal, está disponível no sítio da Internet https://praca-ri.pt.

Tendo em conta os custos de expedição dos produtos “tornou-se necessário ter um centro de recolha que neste caso será o Cá da Terra [em Sardoal] e brevemente também iremos articular com outros espaços”, garantiu a responsável.

ÁUDIO: CONCEIÇÃO PEREIRA, COORDENADORA DA TAGUS
Tagus lança plataforma ‘online’ para promoção e venda de produtos. Créditos: mediotejo.net

Por seu lado, o anfitrião Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, falou nas políticas de proximidade. Dirigindo-se à ministra da Agricultura, disse que “a Tagus é sua e este território é seu”, e referiu que o espaço Cá da Terra, no Centro Cultural Gil Vicente, será “onde toda a plataforma vai ser operacionalizada”, agradecendo a “paixão” dos produtores, dos decisores “que se empenharam” e também dos técnicos que “se envolveram em todos estes processos”.

ÁUDIO: MIGUEL BORGES, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SARDOAL

A Praça do Ribatejo Interior permite, doravante, albergar os produtos do Ribatejo Interior, disponibilizando-os para venda online para qualquer parte do País.

C/LUSA

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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