Santarém regista temperatura mais elevada do ano com estação de Alvega inoperacional. Foto: DR

O termómetro na estação meteorológica de Alvega (Abrantes) pode ter atingido na segunda-feira, 7 de agosto, um novo máximo nacional, mas não há como comprovar porque, segundo o IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, “a estação de Alvega encontra-se não operacional”, há 15 dias, “devido a problemas técnicos. Estamos a tentar resolver, situação que lamentamos”, indicou o IPMA ao mediotejo.net.

Certo é que Santarém foi na segunda-feira a região mais quente de Portugal continental, com o IPMA a confirmar “o valor da temperatura máxima de 46.4 °C” registada na estação meteorológica de Fonte Boa.

“Foi a temperatura mais alta observada na rede de estações do território. Informa-se ainda que este valor de temperatura registado em 7 de agosto de 2023, ultrapassou o anterior maior valor (46.3 °C registado em 04/08/2018) e constitui um novo recorde para a estação de Santarém (série com inicio em 1955)”, acrescentou o IPMA, indicando ainda que Tomar registou 44.6 °C, Rio Maior 42.8 °C e Proença-a-Nova 41.0 °C. A cidade de Abrantes, segundo o MeteoAbrantes, registou 43.3º.

Em Alvega, o IPMA rege-se por uma estação meteorológica automática, datada de 1999, nos localmente conhecidos “Ventos”, à beira da EN118, e esta tem superado nos últimos anos as temperaturas registadas na Amareleja, no Baixo Alentejo, que detém o recorde de temperatura máxima nacional: 47.3ºC, em 2003.

Estação Meteorológica de Alvega (Abrantes) Foto (de arquivo): mediotejo.net

Desde sexta-feira passada que nove distritos de Portugal continental estiveram sob aviso amarelo por causa do calor, alguns evoluíram para laranja no fim-de-semana e Lisboa esteve mesmo em aviso vermelho. Hoje Santarém está com aviso laranja, segundo o IPMA, e os distritos de Bragança, Castelo Branco e Guarda estão sob aviso vermelho, o mais grave, por causa do calor.

O estado do tempo em Portugal continental está a ser influenciado pela ação conjunta de um anticiclone localizado no Golfo da Biscaia e de uma depressão centrada a sudoeste da Península Ibérica, originando uma circulação de leste que permite a ocorrência de tempo quente e seco. Essa massa de ar quente terá sido responsável pelo recorde de temperatura máxima de 2023, até ao momento.

No entanto, contactado Hélder Silvano, fundador da plataforma MeteoAbrantes – uma estação a reunir dados e a emitir previsões para todo o mundo, que existe em Abrantes desde o ano 2000 -, os valores apresentados pelas estações meteorológicas do IPMA “parecem-me excessivos”, disse o professor.

Relativamente a Alvega considera que a estação mereceria mais manutenção do espaço envolvente e, provavelmente, do próprio sistema. Pelo mesmo motivo pensa que “não é de confiar também na estação meteorológica de Santarém”. Sabe, com certeza, que em Abrantes foram ontem registados 43.3ºC, pela MeteoAbrantes apontando ainda o “erro” do termo “noites tropicais” muito utilizado na comunicação social por estes dias.

“É o contrário das noites tropicais, que têm muita humidade, o que não se passa. E temperaturas muito acima”, ou seja, verifica-se em Portugal “altas temperaturas e secura”.

Lembra situação semelhante aquando dos grandes incêndios de 2003, em que se registaram “à meia noite temperaturas igualmente elevadas e humidade de 10%”. Tão baixos valores de humidade podem causar problemas de saúde a pessoas mais vulneráveis “nomeadamente a bebés e idosos”.

De acordo com o IPMA, até dia 9, a temperatura máxima deverá variar entre 32 e 40°C na maior parte do território, com exceção da faixa costeira ocidental, podendo atingir valores entre 40 e 43°C no interior.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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1 Comentário

  1. Nesse dia o meu carro marcou 48,5 na Casa Branca…bem sei que não é uma estação meteorológica, mas nunca tinha visto. Bom trabalho

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