Paula não cuidava das unhas há dois meses e ansiava muito por este momento. Fotografia: mediotejo.net

Paula tem 57 anos, é professora e reside em Gavião. Foi a 29 de dezembro que esteve pela última vez a proceder à sua rotina de bem-estar e beleza, no espaço de cuidados de beleza e estética de Helena, no Centro Comercial Túnel da vila.

Tinha marcação a 22 de janeiro para manutenção das suas unhas, que gosta de manter estimadas e cuidadas, não tivesse o novo confinamento iniciado no dia 15 desse mês e Helena fechado as portas a 14, cumprindo com a determinação do Governo.

Paula diz discordar dessa decisão governamental, considerando que este setor da beleza, que abarca cabeleireiros, barbeiros, esteticistas, técnicas de unhas e outros, merecia ter mantido atividade porque não é algo “fútil”.

“Não fez grande sentido do meu ponto de vista. Sinceramente acho que estes cuidados vão além da estética, são também cuidados para a saúde mental. Pode parecer uma coisa muito fútil, mas não o é. Todos nós precisamos de cuidar da nossa imagem, também é importante, mesmo num confinamento. Ajudam-nos a aumentar a autoestima e a confiança em nós próprios”.

Voltar a ser atendida no espaço de Helena representa para Paula “um imenso alívio e uma grande alegria”.

Até porque “são momentos de convívio com a pessoa que está a tratar de nós, e isso é muito importante”. O cara a cara para quem está em teletrabalho há vários meses ganha ainda maior valor. “É muito importante estar com alguém em proximidade”, garante.

As unhas de Paula, já de novo arranjadas. Fotografia: mediotejo.net

Helena reabriu as portas do negócio – o seu único rendimento –, a 16 de março. Paula foi a 11ª cliente atendida desde que retomou atividade. Continua sem receber apoios estatais, de que necessita para fazer face às despesas que se mantiveram. Todos os pedidos que submeteu mantêm-se “em análise” ou “em apreciação”.

Agora é voltar à luta. Durante um dia e meio, desde domingo a segunda-feira, reagendou todas as marcações que tinham sido canceladas por força do confinamento e tem todos os atendimentos confirmados em agenda até à Páscoa.

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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