Fotografia: Paulo Jorge de Sousa

O que é um banco senão um convite a uma pausa, a um momento de descanso e de deslumbre com um dia de primavera? Durante os dias mais sombrios da pandemia, nem num banco de rua nos deixavam sentar. Nem aos velhos cansados, que se arrastavam pelas ruelas empedradas para ir à padaria ou à farmácia, era permitido um alívio pequenino.

Por todo o país, os bancos de jardim estiveram durante dois meses enrolados em fitas amarelas ou vermelhas, gritando “proibido-proibido-proibido”, como se de cenários de crimes se tratassem. Havia quem as ignorasse e se sentasse, ainda assim, na esperança de que ninguém visse – ou se visse que fingisse não ver, porque 200 euros de multa não calham bem a ninguém, muito menos a quem tem reformas de miséria.

Sardoal, 22 de janeiro de 2021. Fotografia de Paulo Jorge de Sousa

Enfim, tempos que já lá vão (e que esperamos que não voltem). Agora já podemos sentar-nos num banco de rua ou de jardim. Mas só um bocadinho. Porque o “dever de recolhimento domiciliário” mantém-se em vigor e, a lembrar-nos isso, a Câmara Municipal de Sardoal colocou uns autocolantes informativos nos seus equipamentos.

Fotografia: Paulo Jorge de Sousa

Mas como ficar só um bocadinho num banco com vistas tão belas? Quem não quer demorar-se por aqui, a ver a gente da vila a passar, os passarinhos a festejar a chegada da primavera, o sol a mergulhar nas sombras dos moinhos?

Fotografia: Paulo Jorge de Sousa

Tanta conversa para pôr em dia, vizinha. Já bebeu o seu cafezinho? Em casa não é a mesma coisa, que bem que me sabe este bocadinho… Mas temos de ir andando, não é? Olhe, haja saúde!

Fotografia: Paulo Jorge de Sousa

Sou diretora do jornal mediotejo.net, diretora editorial da Médio Tejo Edições e da chancela de livros Perspectiva. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

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