Biodiversidade é entendida como a variabilidade existente entre todos os organismos vivos, compreendendo a diversidade ao nível dos genes, das espécies e dos ecossistemas, em resultado da evolução biológica que ocorreu ao longo dos mais de 3.800 milhões de anos de vida na Terra.
O valor da biodiversidade lembra-nos o seu papel central não só como suporte ao desenvolvimento sustentável, mas também enquanto salvaguarda da nossa saúde e bem-estar. Esse valor pode ser melhor entendido se tivermos em conta que ela está relacionada com o desenvolvimento de medicamentos e a produção de alimentos, suportando variadas atividades económicas.
Da biodiversidade depende a manutenção de um ambiente saudável, uma vez que intervém nos ciclos biogeoquímicos, na mitigação da poluição, na protecção dos recursos hidrológicos, no combate à erosão dos solos, na redução dos impactes das catástrofes naturais, entre outros. Ou seja, trata de zelar, ainda que indirectamente, pelo bem-estar humano.
A necessidade de conservar a biodiversidade tem por detrás fundamentos ecológicos, éticos, sociais, mas também económicos. Estima-se que cerca de 40% da economia global se baseie em produtos e processos biológicos.
Atualmente, o ritmo de destruição de habitats e de desaparecimento de espécies directamente relacionado com a actividade humana não tem precedentes, estimando-se que seja, pelo menos, 100 vezes superior ao que ocorreria sem a intervenção humana.
É, por isso, urgente conhecer e conservar!
Em Portugal, o montado de sobro foi considerado pelo relatório de síntese da Avaliação dos Ecossistemas do Milénio como o ecossistema melhor preservado que continua a fornecer serviços na área da biodiversidade, alimentos, água, cortiça, protecção dos solos e turismo.

O que esperar relativamente a outras espécies, habitats e ecossistemas que não tenham as mais-valias económicas de um montado de sobro, mas que estejam igualmente protegidos ou ameaçados?
Na Região Florestal de Lisboa e Vale do Tejo existem algumas “relíquias genéticas”, Infelizmente pouco conhecidas, mas que merecem destaque pelo que significam em termos de potencial acumulado ao longo de décadas de investigação.
Na Mata Nacional do Escaroupim (concelho de Salvaterra de Magos) existe a maior coleção de eucaliptos de toda a Europa, com cerca de 200 espécies diferentes, coleção essa instalada pelo Engº. Ernesto Goes nos anos 40. Aí existem também pomares produtores de sementes de pinheiro bravo e ensaios de descendência, bem como parcelas com proveniências de diferentes países de pinheiro manso.

Na Mata Nacional do Vimeiro (concelho de Alcobaça) existem sobreiros instalados pelo Engº. Vieira da Natividade (anos 50) com proveniências dos melhores produtores de cortiça de Portugal e outros provenientes de diferentes países assim como exemplares de híbridos e diversos carvalhos cerquinhos de porte singular.
Na Serra de Aire também a regeneração natural de azinheiras e a sua gestão têm conduzido à constituição de manchas muito interessantes de azinhal.
Estas relíquias de património genético têm sido valorizadas apenas por um pequeno grupo de investigadores, mas reúnem um potencial para a investigação aplicada, que é importante considerar pelo que pode representar para a causa da biodiversidade global e para os ecossistemas e também para a economia!

Entretanto, foi implementado um programa iberico de conservacao, com o objetivo de reintroduzir linces nascidos em cativeiro. As primeiras libertacoes no nosso pais ocorreram em 2015, no Parque Natural do Vale do Guadiana e areas circundantes. A 6 de marco de 2020, no dia em que foram libertados dois novos linces-ibericos no Vale do Guadiana, o ICNF – Instituto de Conservacao da Natureza e Florestas, indicou que existem em liberdade um total de 107 linces em Portugal e cerca de 800 na Peninsula Iberica. Esta e uma populacao constituida na maioria por linces jovens (1 a 3 anos).