Por estes dias os acontecimentos mais tontos vão surgindo uns atrás dos outros.
O caso “Caixa Geral de Depósitos” ameaça fazer correr muita tinta e, talvez, rolar muita cabeça. Uns temem, outros nem por isso. Apenas sabemos que, sendo nós o Estado – nós, os cidadãos – a conta será igualmente pública e, mais do que isso, suportada por quem aqui vive. Pensávamos que a Caixa era o banco seguro, o banco do Estado, o nosso baluarte financeiro. Afinal é tão ou mais vulnerável que os demais e apenas confirmámos que o “bloco central de interesses” alternou nas benesses e prebendas. Espero que a culpa não morra solteira e já vai sendo hora de mandar prender alguns intocáveis que estão a dar cabo da minha, da nossa vida.
É também por estes dias que o Reino Unido vota em referendo. Parece que a mais recente sondagem dá uma vantagem aos defensores da permanência (remain) na União Europeia, com sete pontos de vantagem sobre os defensores da saída (leave). Efeito Jo Cox? Penso que sim e que a agora mártir modificou o curso dos acontecimentos. O The Wall Street Jounal refere mesmo que «‘Brexit’ Vote Will Change Europe, No Matter the Outcome». Concordo. A Europa nunca mais será a mesma. O Reino Unido está prestes a assumir-se como o motor económico da Europa, batendo a Alemanha e deslocalizando o centro de decisão, do atual franco-alemão para algo que ainda não sabemos o que será mas que, por certo, terá de contar com o Reino Unido. E a nova realidade europeia tem muito trabalho de reformas por e para fazer. Como diz hoje o Presidente da República ao Jornal de Negócios «para muitos cidadãos europeus, esta Europa do euro e de Schengen não garante nem prosperidade nem segurança. E pedem, à luz de populismos, de radicalismos, de nacionalismos, mais proteccionismo, reclamam o fim da zona euro e de Schengen». Não há como não olhar estes temas – e outros – de frente e caminhar no aprofundamento. Tal como Marcelo sou daqueles que considera inadvertido reverter o caminho feito. Tal como ele sublinho que «não podemos voltar para trás, porque para trás não há caminho».
Confesso a minha admiração pelo Reino Unido. Não fora o maldito clima poderia ser feliz por lá e fazer por lá a minha vida. Tenho muitas saudades da cidade de Londres onde, há uns anos, estive uma curta temporada, num programa europeu de intercâmbio de gestores na área da saúde (Hope) e onde fiz bons amigos de toda a Europa, com epicentro em Tooting, periferia Sul de Londres e onde se localiza o gigante St Georges Hospital.
Também por estes dias, agora já quentes e na entrada do Verão (que hoje começa) surgiu uma excelente notícia. Matthias Müller, atual CEO da Volkswagen, veio informar que o gigante automóvel alemão, admite deixar, muito brevemente, de produzir carros com motor a diesel. O objetivo é lançar nos próximos dez anos 30 modelos elétricos de viaturas, incluindo uma reedição da clássica carrinha “pão da forma”, aquela VW que popula os sonhos de muitos de nós. Eu gostaria de ter uma. Elétrica tanto melhor… Depois da polémica dos esquemas de poluição não declarados, que custou milhões de euros à Volkswagen e toneladas de carbono ao planeta, esta é uma excelente notícia.
Nas últimas semanas também têm sido divulgadas diversas notícias sobre novas abordagens ao tratamento de cancro, seja campo dos fármacos, seja com recurso a biotecnologia. São excelentes notícias. Há umas semanas atrás, numa palestra a que assisti, o palestrante referia que dentro de poucos anos (nem são muitas décadas) o cancro será uma doença crónica e que os avanços no campo da ciência nos irão permitir viver (às gerações vindouras), com qualidade de vida, até depois dos 150 anos de idade.
Por fim os jogos da seleção na sua presença, até agora pouco inspirada, em França. Acredito que podemos passar e até pode suceder virmos a ganhar uma equipa coesa e forte. Mas confesso que é exagero tudo aquilo que vejo na televisão, seja em notícias, seja em publicidade, em reportagens, diretos, painéis de comentadores e por aí fora. Gosto de futebol mas confesso a minha ignorância por não saber quem já foi e não foi apurado. Vejo os jogos da seleção mas não me perco doentiamente nem sofro, nem me angustio. O que leio indica que há um empresário de futebol que comanda a lista dos selecionados e condiciona as escolhas do selecionador. Isso já me basta para não conferir grande seriedade ao fenómeno. Mas, ainda assim, como milhares e milhões de portugueses, torcerei moderadamente pela nossa vitória, pelas nossas vitórias e não crucificarei ninguém se o regresso de França seja prematuro. Mesmo que Fernando Santos tenha decidido ficar por lá até à final. O homem deve ter dinheiro para o hotel, penso eu de que…