Um gráfico com números da Comissão Europeia publicado no jornal Expresso desta semana coloca Portugal no fim da tabela na resposta à crise social e económica que atravessamos, sendo um dos países da Europa que menos gasta no combate à crise e com um tímido sinal na resposta orçamental deste ano, como para 2021 já está a apertar o cinto.
Por outro lado assistimos a várias noticias sobre um novo pacote de incentivos que o ministro Siza Viera (esclarecer que não é familiar do nosso Arquitecto) vem a anunciar linhas de crédito para os sectores mais afetados com subsídios a fundo perdido, prolongamento do tempo lay-off e moratórias, subsídios de desemprego a apoios para a restauração, etc. É caso para dizer que a este ritmo corremos o risco de ter novas medidas todas as semanas, só não sabemos quem é que vai pagar a fatura. Será o Estado ou os empresários, mais à frente, como se costuma dizer à la longue.
A recente publicação no Diário da República de 12 de Novembro do decreto-lei que irá ser o suporte da “bazuca“ financeira e que está neste momento pendurada em dois países membros da UE, será o nosso “roadbook” para o desenvolvimento de Portugal nos próximos dez anos, integrando a visão da Estratégia Portugal 2030 e a definição das suas agendas temáticas, com a missão de recuperar a economia e fazer, da próxima década um período de convergência de Portugal com a União Europeia.
A Estratégia Portugal 2030 assume-se assim como a base estratégica para as grandes opções e o programa nacional e os planos setoriais com as suas agendas temáticas.
São quatro as agendas temáticas: a primeira é focada nas pessoas, procurando o equilíbrio demográfico, apoiada na relação de maior inclusão, menos desigualdade. A segunda agenda temática tem o objetivo da digitalização, inovação e qualificações como motores do desenvolvimento. A terceira promove a tão esperada transição climática e sustentabilidade dos recursos e a quarta tem como missão tornar o país mais competitivo externamente e coeso internamente.
É nessa última agenda temática que o Médio Tejo deve desde já posicionar-se, sendo esse o desafio para os próximos meses que deve ser trilhado com os autarcas, instituições, empresários e atores locais em conjunto, olhando para o nosso território como agente de transformação do qual temos de saber tirar o máximo partido e ao mas também impor limites.
A nossa região tem de estar no centro das políticas públicas nacionais e regionais. Não podemos continuar a produzir ações municipais avulsas e políticas sectoriais pontuais como se o Médio Tejo fosse um “não lugar” onde acontecem fenómenos.
Em períodos, como o que vivemos atualmente, o futuro não pode ser um mero prolongamento do presente, ainda que melhorado, ao retirar benefício de diferentes fatores e de apoios da Europa ou da administração central.
O futuro é um horizonte estratégico desejado, em direção ao qual é necessário construir caminhos e soluções urbanas, económicas e sociais que permitam atingir objetivos claros numa agenda urbana transformadora para o Médio Tejo.
Este tempo que vivemos representa essa oportunidade e estarmos em grande parte reconfinados e muitos em isolamento, leva-me talvez a compreender melhor o que significa viver em comunidade em que todos esperamos que cada um faça a sua parte. Todos contam, e como alguém disse em tempos, ninguém pode ficar para trás.
*O autor não segue as regras do novo acordo ortográfico.