Dezenas de utentes do distrito de Portalegre concentraram-se na terça-feira em Ponte de Sor, junto da sede da empresa Águas do Alto Alentejo (AAA), que gere a água em baixa, em protesto contra o “aumento” do valor das faturas. A concentração foi promovida pela Plataforma de Defesa da Gestão Pública da Água no Distrito de Portalegre, que engloba várias associações e movimentos de utentes.
Contactada pela agência Lusa, fonte da GNR estimou que a iniciativa deve ter mobilizado entre “30 a 40 pessoas”. Jorge Fael, da Associação Água Pública, entidade que integra a plataforma, defendeu à Lusa que a gestão da água regresse à esfera dos 10 municípios que integram a AAA, bem como a redução dos custos das taxas, serviços e das tarifas de água e saneamento.
“Seguiram um modelo empresarial, com critérios de gestão privada, e isso significou o aumento significativo dos preços, com estimativas muito elevadas, com a faturação também com base em estimativas elevadas”, lamentou.

Para Jorge Fael, numa altura em que o aumento do custo de vida é “muito significativo”, os utentes estão a ser confrontados com faturas “muito elevadas” de água e saneamento.
A AAA assumiu, em julho, a gestão dos sistemas públicos de abastecimento de água em baixa e de saneamento nos concelhos de Alter do Chão, Arronches, Castelo de Vide, Crato, Fronteira, Gavião, Marvão, Nisa, Ponte de Sor e Sousel.
De fora desta empresa, ficaram os municípios de Portalegre (PSD/CDS-PP), Elvas (PS), Campo Maior (PS), Monforte (CDU) e Avis (CDU), ou porque optaram por não aderir ao projeto ou porque já integravam outras concessões e sistemas.
“Os municípios [que aderiram à AAA] perdem capacidade de autonomia e decisão. Há aqui uma perda de controlo democrático sobre um serviço que é essencial à população e à economia local”, criticou Jorge Fael.
No entanto, o responsável defendeu que é preciso uma “economia de escala” e a “colaboração” entre os municípios para poderem prestar melhores serviços às populações, mas alertou que esse fator “não implica eliminar a responsabilidade de gestão”.
A Plataforma de Defesa da Gestão Pública da Água no distrito de Portalegre também já recolheu “mais de mil assinaturas” num abaixo-assinado com as suas reivindicações que está a circular na região e que, no final, vai ser entregue a responsáveis políticos.
Contactada pela Lusa, a empresa AAA escusou-se a comentar esta concentração promovida pela Plataforma de Defesa da Gestão Pública da Água no Distrito de Portalegre.
No entanto, em declarações à Lusa no dia 09 de setembro, o presidente do conselho de administração da AAA, Hugo Hilário, justificou que a criação da empresa implicou a “adaptação” dos tarifários “à realidade”, motivada também por “obrigações legais” da parte da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).
“Os tarifários foram atualizados [e] foram ainda concertados pela primeira vez na história deste distrito. Os 10 municípios têm o mesmo tarifário”, disse.
Na ocasião, Hugo Hilário referiu que “não existem” aumentos nas faturas que possam chegar aos 100% e acrescentado que até há casos de alguns municípios onde o tarifário “baixou”.
“Independentemente da atualização dos tarifários, este é o sistema de gestão em baixa onde a água é mais barata, em comparação com todos os outros [sistemas naquela região]”, vincou, na altura.