O Eléctrico Futebol Clube decidiu avançar com uma participação criminal contra a direção da Associação de Futebol de Portalegre (AFP) por falsificação de documento. O Conselho Jurisdicional da AFP, até esta data (passados 8 meses), não deu resposta ao clube de Ponte de Sor sobre o recurso interposto a 5 de abril no que concerne à indicação de subida de divisão do Elvas ao Campeonato de Portugal, em violação do artigo 7º do regulamento da prova.
Reunida esta semana em Assembleia Geral Extraordinária, o presidente do Eléctrico, Vitor Martins, disse ao mediotejo.net que a decisão foi no sentido de avançar para Tribunal na busca da respostas e da verdade desportiva, dando ainda conta que a ação criminal assenta em “falsificação de documento” apresentada pela AF Portalegre para sustentar a decisão da subida de outro clube que não o Eléctrico.
Mais estranha o clube de Ponte de Sor a demora na resposta tendo em conta que é o único processo instaurado junto do Conselho Jurisdicional da AFP, quando se exige 500 euros de taxa de justiça aos clubes para recorrerem, o que é um caso inédito nas Associações de Futebol. Em Beja, um recurso similar interposto pelo Serpa, foi resolvido em 10 dias.
ÁUDIO | VITOR MARTINS, PRESIDENTE DO ELECTRICO FC:
Em causa está a contestação do Eléctrico Futebol Clube à decisão que o afastou da subida de divisão, tendo decidido agora recorrer às vias legais. A AF de Portalegre convidou a subir de divisão O Elvas, segundo classificado, e não o Elétrico, que liderava a competição, aparentemente em contradição com o próprio regulamento, o que o presidente da AFP nega, afirmando ser uma questão de “igualdade de tratamento”. Por isso, o Eléctrico decidiu recorrer da decisão para o Conselho Jurisdicional, mas não obteve resposta.
O Eléctrico de Ponte de Sor considera que o estabelecido pelo ponto 7 do regulamento da Liga Francisco Gil foi aprovado pela AFP com base no Decreto-Lei 18-A de 23 de abril de 2020, invocado pela AFP para tomar a decisão, e sublinhou na época o presidente do Clube ao nosso jornal que a posição tomada “somente visa defender o bom nome do clube e da terra, e repor a justiça e verdade desportiva”.
Vitor Martins disse ainda que o clube quer somente esclarecer a situação e o que está definido regulamentarmente, tendo vincado não estar contra ninguém neste processo, nem contra a AFP nem contra o clube O Elvas, somente pretende defender o clube e os seus direitos.
Em comunicado, a AFP explicou, por sua vez, que, na sequência da deliberação de conclusão do campeonato distrital, e por uma “questão de igualdade de tratamento”, indicava O Elvas para competir no Campeonato de Portugal e o Eléctrico era indicado para a Taça de Portugal.
Ou seja, a decisão da AFP assenta na média pontual dos clubes, uma vez que o Eléctrico tem um jogo e um ponto a mais que o adversário, e não nos critérios definidos no regulamento, nomeadamente no seu ponto 7, relativo às medidas excecionais previstas.
Naquele ponto, pode ler-se, está regulamentado que “caso a prova não possa ser concluída durante a época desportiva 2020/21, a mesma será homologada com a classificação existente na altura da interrupção”.
O Eléctrico liderava com 16 pontos, seguido por O Elvas, com 15, sendo que os critérios e a validade legal desta decisão da AFP foi há oito meses questionada pelos dirigentes de Ponte de Sor, que recorreram assim às vias legais para um cabal esclarecimento, mas que o presidente da AFS diz ser clara e transparente. Até ao momento sem resposta por parte do Conselho Jurisdicional, resta aguardar agora pelos esclarecimentos no desenrolar do processo em Tribunal.
*Notícia atualizada às 10:00 do dia 10 de dezembro 2021