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É Natal, tempo de brilho e luz, que ilumina todos e cada um, por cada canto ou recanto numa quadra festiva que se veste a rigor. É tempo de tirar os elementos natalícios e decorativos dos caixotes e enfeitar os espaços, onde cada adorno assume um significado especial. Em Ponte de Sor, no chamado Bairro do Pinhal, há quem leve muito a sério esta época e se deixe imbuir do espírito natalício trazendo muita luz a toda a rua, aquecendo os corações da vizinhança e colocando sorrisos no rosto das crianças que por ali passam, admirando aquele mundo de brilhos fascinante, num pisca-pisca e frenesim sem igual e com combinações de cores diversas. Assim é, há vários anos, a tradição de Carlos Esteves Branco compartilhada com o seu filho, cumprindo todos os Natais a missão de embelezar ao pormenor o exterior da residência, num espetáculo de iluminação, alegria e vida que oferece à família, mas também aos outros. Quem por ali passa, não tem dúvidas: é Natal.

Carlos Esteves Branco tem 64 anos. É pelas suas mãos que este feito acontece, num bairro na periferia de Ponte de Sor, todos os anos, numa logística prazerosa de quem faz estas coisas por gosto e entende destas lides. Um gosto que divide com o filho mais velho, Carlos Guilherme.

Tudo começou há cerca de 10 anos. “A ideia surgiu de uma brincadeira, iluminando uma árvore que se encontrava na rua em frente da casa”, começa por contar. Porém, essa árvore foi cortada a certa altura e faltava algo. Mas rapidamente se encontrou solução: era hora de transportar a tradição para dentro da propriedade, no jardim e quintal.

“Quando a árvore foi cortada, a tradição passou para dentro do quintal e de ano para ano foi aumentando. Das árvores do quintal passou para o gradeamento da casa, depois aumentou para outras árvores do jardim, até que começámos a pôr em todo exterior da moradia”, conta Carlos Branco.

Carlos Branco e o filho Carlos Guilherme, os mentores desta Casa-Natal apetrechada com luzes festivas. Foto: DR

Os anos foram passando, e ao despique com o filho lá se foi superando na “brincadeira”. Entusiasmou-se de tal modo que, de há três anos a esta parte, toda a casa fica iluminada. Nem a antena da televisão escapa!

Ainda assim, está-se sempre a tempo de acrescentar um pormenor aqui, outro acolá, entre as luzes que brilham… que lindo que está.

São mais de 2 mil luzes, e mesmo que saiba de cor o inventário Carlos não consegue precisar o número. Há de todas as cores, “brancas, amarelas, azuis, verdes, vermelhas e cor de rosa”.

VIDEO | HABITAÇÃO ILUMINADA EM PONTE DE SOR:

“É tudo feito ao pormenor, escolhendo os sítios onde vamos colocar as devidas cores”, diz, como que a desvendar que um dos segredos para o êxito desta obra de arte passa pela combinação criativa. A família participa na feitura, mas é no filho Carlos que está o maior incentivo e ajuda. “O meu filho incentivou-me a fazer sempre mais, pois ele gosta tanto, ou mais que eu, deste brilho e desta luz”, afiança.

Este é um trabalho que começa a meio de novembro, e as luzes são ligadas por altura do feriado de 8 de dezembro, para serem desligadas depois do Dia de Reis.

Nesse momento é hora de recolher o material “todo bem enrolado em caixas”. E assevera o pontessorense que não é trabalho cansativo. “Gostamos de ver tudo enfeitado e brilhante, e eu gosto muito de trabalhar com instalações elétricas. É o meu hobby”, assevera, ciente deste seu projeto anual.

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A mulher, que já ‘sabe o que a casa gasta’, “acha engraçado” este hábito do marido e já não estranha o aparato, colaborando sempre para que no início de dezembro esteja tudo a postos.

De outros Natais, fica a memória que o inspira a procurar ideias inovadoras, numa altura em que a árvore de Natal era enfeitada apenas com o que havia, “com brilho de fitas, pois ainda não tinha fitas elétricas” e também “do presépio com a estrela no topo a brilhar”.

Qual Casa-Natal ao estilo de parques temáticos abertos ao público, quando se caminha para o mês de dezembro começa a euforia. Os vizinhos, amigos, familiares e conhecidos ficam alerta, ansiosos, aguardando para passar no bairro e apreciar as novidades. Ao longo destes anos, a adesão à iniciativa pessoal e voluntária de Carlos e da família, tem merecido o aplauso de todos.

O filho de Carlos publica o arranque da iniciativa nas redes sociais, e a avalanche de carinho e gratidão dos vizinhos é visível. A pergunta que se impõe logo nos primeiros dias é saber a partir de que horas se pode ver este espetáculo ao vivo.

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“A reação das pessoas é bastante positiva. Gostam, vêm visitar e incentivam para continuarmos”, conta. Para muita gente já é uma tradição passar em frente ao número 10.

Os principais fãs são as crianças, que gostam muito do trabalho, e Carlos nota que muito do que é feito, ao fim de contas, é especialmente dedicado aos mais novos. Diz que funciona para lhes passar o fascínio pela quadra e os inspirar a viver o Natal, ainda para mais num tempo de pandemia, de mais isolamento e distanciamento entre as gentes, e onde muita coisa mudou na forma como era hábito viver as festividades.

“De certa maneira, talvez seja uma razão para sair de casa, trazer as crianças, ver o brilho das luzes e pensar que o Natal nos faz esquecer estes dias menos bons que estamos a passar. Natal é ter esperança em dias melhores”, continua.

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O orgulho não lhe cabe no peito e é ignição para cumprir com a vontade de fazer mais e melhor a cada ano que passa.

Para a família Esteves, o Natal tem um significado muito composto, sendo “a celebração da fraternidade, união entre as pessoas, famílias juntas e muita luz”.

Antes da pandemia, era costume organizarem grandes convívios com todos os familiares. Havia troca de lembranças entre todos e as conversas iam crescendo, animadas, com o puxar de memórias de vivências anteriores. 

À mesa da Consoada, de 24 para 25, não podem faltar iguarias caseiras típicas, feitas com as receitas que vão passando de geração em geração. “Os doces, as filhós, as azevias, o bacalhau, o peru, o polvo, o bolo rei” fazem o gosto ao paladar. Mas, contam-nos, a essência desta noite reside efetivamente na “boa disposição”.

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Este ano, e com as restrições atuais, o Natal faz-se com o núcleo restrito, a família mais íntima. Espera-se por tempos melhores, e que haja saúde para que venham muitos mais Natais com toda a família reunida à volta da mesa.

Por agora, Carlos garante que o segredo é que cada um “ilumine o seu natal, espalhando amor e semeando a esperança”.

Até porque se há algo que a pandemia veio ensinar é que na esperança reside a força capaz de ajudar a ultrapassar muitos dos desafios, com confiança no futuro.

A pedido do senhor Carlos, aqui ficam os seus votos de Boas Festas. E a certeza de que enquanto se mantiver acesa a luz da esperança, é Natal.

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Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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1 Comentário

  1. que cosa hermosa , yo conozco esa casa , y el dueño es primo de mi señora , e visitado 2 veces Portugal , y ponte de sor y estuve cenando con ellos ,los quiero mucho , esos hermanos también tienen el vicio de ser colombófilos , crían palomas para correr los felicito primos ,desde argentina un fuerte abrazo

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