Projeto Capela, em Sardoal, edição de 2023. Créditos: mediotejo.net

Todos os anos, o Projeto Capela surge no âmbito do programa complementar da Semana Santa de Sardoal. Mais uma vez o espaço Cá da Terra acolhe, até dia 27 de maio, a exposição com os trabalhos desenhados pelos Alunos do Agrupamento de Escolas de Sardoal, alusivos aos tapetes de flores da Semana Santa.

O trabalho vencedor tem como recompensa ver o desenho materializado com pétalas de flores e verduras na Capela do Senhor dos Remédios e integrar o programa da Semana Santa, estando todos os trabalhos em exposição no espaço Cá da Terra, no Centro Cultural Gil Vicente.

Projeto Capela, em Sardoal, edição de 2023. Créditos: mediotejo.net

Realizado há 22 anos, o Projeto Capela tem o objetivo de valorizar o património imaterial e herança cultural local, estimular a criatividade e sensibilizar para a importância de se manterem vivas as tradições no Concelho, envolvendo os alunos na Semana Santa e numa tradição secular.

Por isso integra o projeto Cultural de Escola do Agrupamento, possibilitando o desenvolvimento de uma cidadania participativa e a valorização da expressão de diferentes linguagens artísticas, que refletem a realização pessoal de todos os que nele se envolvem: alunos, professores, funcionários, pessoal não docente, técnicos, pais e encarregados de educação e entidades parceiras.

O desenvolvimento do projeto consiste na elaboração de estudos gráficos e na concretização de um tapete de flores, na época da Páscoa.

Envolve a participação de todos os alunos dos 2º e 3º ciclos e desenvolve-se inicialmente em sala de aula, nas disciplinas de Educação Visual, Educação Tecnológica ou Complemento à Educação Artística. Todos os alunos elaboram um projeto gráfico para um tapete de flores, com motivos simbólicos alusivos à Páscoa.

Numa segunda fase, é feita a seleção, de entre os trabalhos apresentados, daquele que se vai materializar, com flores campestres e materiais naturais (pedras, folhas, etc) no chão da Capela do Senhor dos Remédios, em Sardoal, durante a Semana Santa.

Obteve o segundo lugar o aluno Pedro Dias, e em terceiro lugar ficaram os trabalhos de Carolina Salgueiro e de Maria Passarinho. Maria Carmo, com as pombas da paz, ficou em primeiro lugar.

Projeto Capela, em Sardoal, edição de 2023. Créditos: mediotejo.net

Com base no lema do Agrupamento de Escolas “O futuro começa aqui… com rigor, excelência e cidadania”, este ano o Projeto Capela integra a Bienal Cultura e Educação 2023 – RETROVISOR: Uma História do Futuro do Plano Nacional das Artes, que visa refletir e disseminar o lugar das expressões e das linguagens artísticas na educação, formal e não formal, através de uma programação cultural integrada e diversa.

A esse propósito, a coordenadora intermunicipal do Plano Nacional das Artes falou de um trabalho de articulação e colaboração, “de trabalhar em articulação com o património, com a cultura e com a escola. Com aquilo que é mais importante na formação das nossas crianças”.

Teresa Carriço não tem dúvidas que “estamos a quebrar os muros da nossa sala de aula tradicional e a mostrar à comunidade aquilo que de melhor faz sentido no desenvolvimento da nossa comunidade educativa em que a arte e a cultura têm este poder transformador em cada cidadão”.

Projeto Capela, em Sardoal, edição de 2023. Créditos: mediotejo.net

A Bienal do PNA “é um primeiro evento. Contamos que haja muito mais bienais e neste momento são mais de 300 instituições e escolas a participar com este tipo de iniciativas. É mostrar, muito trazer para a comunidade o que se faz dentro da escola. Que as escolas sejam um polo cultural mas que as instituições sejam também elas um polo educativo”.

ÁUDIO | TERESA CARRIÇO DO PLANO NACIONAL DAS ARTES

Na recolha dos materiais e na execução do tapete participam, habitualmente, diversos elementos da comunidade educativa (pessoal docente, não docente, alunos e respetivas famílias).

Segundo a organização, o aprofundamento do Projeto Capela tem vindo a contribuir para o desenvolvimento de aprendizagens dos alunos mais significativas, empoderando o seu conhecimento e o desenvolvimento de competências sociais e pessoais transversais ao currículo.

Tendo em conta os mais de 100 trabalhos realizados, a diretora do Agrupamento, Ana Paula Sardinha, considerou ser o dia da inauguração da exposição “muito especial para o Agrupamento porque mais uma vez temos no Centro Cultural Gil Vicente os trabalhos dos nossos alunos expostos, que resultam de interdisciplinaridade entre o currículo, aprendizagens essenciais, a arte e o contexto local”.

Projeto Capela, em Sardoal, edição de 2023. Créditos: mediotejo.net

Para a professora, o concurso “permite desenvolver a criatividade, a imaginação, a sensibilidade estética e artística, mas permite simultaneamente desenvolver aprendizagens contextualizadas”.

Este ano com uma projeção diferente “tentamos também aqui criar algumas inovações, dar uma roupagem nova a este projeto aliando a expressão musical”, acrescentou uma vez que o Clube da Música atuou antes da inauguração da exposição. Ana Paula Sardinha referiu igualmente a parceria com a Filarmónica União Sardoalense.

ÁUDIO | ANA PAULA SARDINHA, DIRETORA DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SARDOAL

Por seu lado, Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, lembrou que um grupo de professores há mais de 20 anos percebeu que “as crianças e jovens estavam-se a afastar destes projetos, não acompanhavam as famílias, os mais velhos, a fazer os tapetes de flores nas capelas”.

Surgiu então a ideia no departamento de Expressões, na escola.

Miguel Borges considera o projeto “fantástico”, através do qual “os jovens podem agarrar esta tradição que faz parte da sua comunidade. A arte a cultura é que nos transmite o conhecimento do mundo”, defendeu.

ÁUDIO | PRESIDENTE DA CÂMARA, MIGUEL BORGES EM ENTREVISTA AO NOSSO JORNAL

Com os trabalhos expostos, foram também entregues os diplomas de participação, quer aos três vencedores (nesta edição foram quatro), quer aos demais participantes. A mostra é aberta a toda a comunidade, com entrada livre. Pode ser visitada no espaço Cá da Terra de terça a sexta-feira das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. Aos sábados das 10h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h30. Encerra aos domingos e segunda-feira.

Na Semana Santa o horário de visita amplia-se, ficando aberta no dia 6 de abril até às 21h30, na sexta-feira santa e no sábado santo até às 20h00, e no domingo de Páscoa estará aberta ao público das 15h00 às 19h00.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *