Todos os anos, o Projeto Capela surge no âmbito do programa complementar da Semana Santa de Sardoal. Mais uma vez o espaço Cá da Terra acolhe, até dia 27 de maio, a exposição com os trabalhos desenhados pelos Alunos do Agrupamento de Escolas de Sardoal, alusivos aos tapetes de flores da Semana Santa.
O trabalho vencedor tem como recompensa ver o desenho materializado com pétalas de flores e verduras na Capela do Senhor dos Remédios e integrar o programa da Semana Santa, estando todos os trabalhos em exposição no espaço Cá da Terra, no Centro Cultural Gil Vicente.

Realizado há 22 anos, o Projeto Capela tem o objetivo de valorizar o património imaterial e herança cultural local, estimular a criatividade e sensibilizar para a importância de se manterem vivas as tradições no Concelho, envolvendo os alunos na Semana Santa e numa tradição secular.
Por isso integra o projeto Cultural de Escola do Agrupamento, possibilitando o desenvolvimento de uma cidadania participativa e a valorização da expressão de diferentes linguagens artísticas, que refletem a realização pessoal de todos os que nele se envolvem: alunos, professores, funcionários, pessoal não docente, técnicos, pais e encarregados de educação e entidades parceiras.
O desenvolvimento do projeto consiste na elaboração de estudos gráficos e na concretização de um tapete de flores, na época da Páscoa.
Envolve a participação de todos os alunos dos 2º e 3º ciclos e desenvolve-se inicialmente em sala de aula, nas disciplinas de Educação Visual, Educação Tecnológica ou Complemento à Educação Artística. Todos os alunos elaboram um projeto gráfico para um tapete de flores, com motivos simbólicos alusivos à Páscoa.
Numa segunda fase, é feita a seleção, de entre os trabalhos apresentados, daquele que se vai materializar, com flores campestres e materiais naturais (pedras, folhas, etc) no chão da Capela do Senhor dos Remédios, em Sardoal, durante a Semana Santa.
Obteve o segundo lugar o aluno Pedro Dias, e em terceiro lugar ficaram os trabalhos de Carolina Salgueiro e de Maria Passarinho. Maria Carmo, com as pombas da paz, ficou em primeiro lugar.

Com base no lema do Agrupamento de Escolas “O futuro começa aqui… com rigor, excelência e cidadania”, este ano o Projeto Capela integra a Bienal Cultura e Educação 2023 – RETROVISOR: Uma História do Futuro do Plano Nacional das Artes, que visa refletir e disseminar o lugar das expressões e das linguagens artísticas na educação, formal e não formal, através de uma programação cultural integrada e diversa.
A esse propósito, a coordenadora intermunicipal do Plano Nacional das Artes falou de um trabalho de articulação e colaboração, “de trabalhar em articulação com o património, com a cultura e com a escola. Com aquilo que é mais importante na formação das nossas crianças”.
Teresa Carriço não tem dúvidas que “estamos a quebrar os muros da nossa sala de aula tradicional e a mostrar à comunidade aquilo que de melhor faz sentido no desenvolvimento da nossa comunidade educativa em que a arte e a cultura têm este poder transformador em cada cidadão”.

A Bienal do PNA “é um primeiro evento. Contamos que haja muito mais bienais e neste momento são mais de 300 instituições e escolas a participar com este tipo de iniciativas. É mostrar, muito trazer para a comunidade o que se faz dentro da escola. Que as escolas sejam um polo cultural mas que as instituições sejam também elas um polo educativo”.
Na recolha dos materiais e na execução do tapete participam, habitualmente, diversos elementos da comunidade educativa (pessoal docente, não docente, alunos e respetivas famílias).
Segundo a organização, o aprofundamento do Projeto Capela tem vindo a contribuir para o desenvolvimento de aprendizagens dos alunos mais significativas, empoderando o seu conhecimento e o desenvolvimento de competências sociais e pessoais transversais ao currículo.
Tendo em conta os mais de 100 trabalhos realizados, a diretora do Agrupamento, Ana Paula Sardinha, considerou ser o dia da inauguração da exposição “muito especial para o Agrupamento porque mais uma vez temos no Centro Cultural Gil Vicente os trabalhos dos nossos alunos expostos, que resultam de interdisciplinaridade entre o currículo, aprendizagens essenciais, a arte e o contexto local”.

Para a professora, o concurso “permite desenvolver a criatividade, a imaginação, a sensibilidade estética e artística, mas permite simultaneamente desenvolver aprendizagens contextualizadas”.
Este ano com uma projeção diferente “tentamos também aqui criar algumas inovações, dar uma roupagem nova a este projeto aliando a expressão musical”, acrescentou uma vez que o Clube da Música atuou antes da inauguração da exposição. Ana Paula Sardinha referiu igualmente a parceria com a Filarmónica União Sardoalense.
Por seu lado, Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, lembrou que um grupo de professores há mais de 20 anos percebeu que “as crianças e jovens estavam-se a afastar destes projetos, não acompanhavam as famílias, os mais velhos, a fazer os tapetes de flores nas capelas”.
Surgiu então a ideia no departamento de Expressões, na escola.
Miguel Borges considera o projeto “fantástico”, através do qual “os jovens podem agarrar esta tradição que faz parte da sua comunidade. A arte a cultura é que nos transmite o conhecimento do mundo”, defendeu.
Com os trabalhos expostos, foram também entregues os diplomas de participação, quer aos três vencedores (nesta edição foram quatro), quer aos demais participantes. A mostra é aberta a toda a comunidade, com entrada livre. Pode ser visitada no espaço Cá da Terra de terça a sexta-feira das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. Aos sábados das 10h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h30. Encerra aos domingos e segunda-feira.
Na Semana Santa o horário de visita amplia-se, ficando aberta no dia 6 de abril até às 21h30, na sexta-feira santa e no sábado santo até às 20h00, e no domingo de Páscoa estará aberta ao público das 15h00 às 19h00.




