Luana Pereira foi dada como desaparecida a 30 de maio de 2022, em Leiria. Créditos: DR

“Está viva, e está bem.” Raramente a Polícia Judiciária consegue dar esta notícia à família de um menor desaparecido, mas foi o que sucedeu hoje. Luana Pereira, de 16 anos, integrava a listagem de “pessoas desaparecidas” da Polícia Judiciária há já 8 meses. A família nunca desistiu de a procurar, mesmo quando muitos diziam que teria fugido por sua vontade – e a polícia também não.

Hoje anunciaram a sua descoberta. Luana foi raptada a 30 de maio do ano passado em Pousos, Leiria, a caminho da escola, e passou os últimos oito meses refém numa residência em Évora, onde a PJ a viria a encontrar agora, detendo também o presumível autor do rapto – um homem de 48 anos, empregado fabril, que irá agora ser presente a tribunal para aplicação das medidas de coação, sendo expectável que fique em prisão preventiva, a aguardar julgamento.

Luana saiu de casa na manhã do dia 30 de maio, passou pelo local de trabalho da mãe e seguiu para a escola a pé, onde nunca chegou a entrar. Foi este percurso de 10 minutos que a PJ procurou reconstituir ao longo dos últimos meses, com muito poucas pistas, analisando também a sua “vida virtual” – a adolescente tinha-se tornado dependente de jogos online.

“No seguimento das inúmeras diligências desenvolvidas, em estreita colaboração com a Unidade Local de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Évora, foi possível identificar o suspeito [do crime de rapto] e localizar a menor na sua residência, sita na cidade de Évora, onde, a coberto de uma suposta relação amorosa, este a manteve em completo isolamento social durante oito meses, aproveitando-se da sua persistente e recorrente dependência de jogo online, imaturidade e personalidade frágil”, anuncia a PJ em comunicado.

Ainda não são conhecidos todos os detalhes do pesadelo que viveu, nem como poderá superá-los no futuro, mas, para já, “está viva, e está bem”. Os pais, que já a puderam abraçar, não poderiam ter melhor notícia.

Patrícia Fonseca

Sou diretora do jornal mediotejo.net e da revista Ponto, e diretora editorial da Médio Tejo Edições / Origami Livros. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

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