Pandemia. Só o nome assusta e as notícias debitadas a cada segundo também não ajudam. Mas é vital que todos possamos estar preparados para lidar com o Covid-19, se a situação continuar a complicar-se nas próximas semanas, como os epidemiologistas prevêem. Saiba como se proteger no dia-a-dia e o que deve ter em casa para enfrentar uma situação de quarentena.
A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, disse em entrevista ao Expresso que 1 milhão de portugueses poderão ficar infectados pelo coronavírus. É apenas um cenário, veio já reforçar, sendo que nessas piores previsões poderão haver, no pico da pandemia, 19 a 21 mil pessoas a necessitar de cuidados médicos especiais. Mas na maioria dos casos os sintomas do coronavírus são ligeiros, tratando-se em casa como uma gripe normal.
A Organização Mundial de Saúde declarou oficialmente uma situação de pandemia, uma situação que é apenas a 5ª do género em mais de 100 anos: em 1918 houve a Gripe Espanhola, que provocou 50 a 100 milhões de mortes; em 957-58, a Gripe Asiática, que causou 2 a 4 milhões de mortos; em 1968-69, a Gripe de Hong Kong fez 1 milhão de mortos; e em 2009 a Gripe A provocou 200 mil mortos.
O combate a um foco pandémico passa sobretudo por tentar limitar o número de pessoas expostas à infeção através da restrição de viagens de e para determinadas zonas, pela restrição de grandes encontros sociais e eventos públicos, e pelo fornecimento de apoio domiciliário a alguns grupos mais vulneráveis da população, como kits com o essencial para sobreviver a uma emergência (faça também o seu).
As autoridades portuguesas podem determinar uma espécie de quarentena a nível nacional, ou nas principais cidades do país, caso entendam que se justifica (todos os dias estão a ser anunciadas novas restrições, desde a publicação original deste artigo, a 9 de março). Estão por isso a sensibilizar as empresas para permitir o teletrabalho, e a aconselhar que se criem planos de contingência para a eventualidade de os movimentos de pessoas terem de ser reduzidos ao mínimo possível, durante algumas semanas.
O que devemos saber e o que podemos fazer para nos protegermos, em nossas casas? Siga o nosso pequeno guia de Perguntas e Respostas, criado a partir das recomendações da Organização Mundial de Saúde, e prepare-se para todas as eventualidades, mas sem entrar em pânico.
A mortalidade deste vírus é baixa, situando-se atualmente nos 3%, e as precauções dos epidemiologistas devem-se, sobretudo, à rápida propagação do vírus, o que pode levar a que milhões de pessoas fiquem doentes ao mesmo tempo, com os consequentes impactos nos sistemas de saúde e na economia, em geral. Nunca haverá, por exemplo, ventiladores suficientes se tivermos na mesma semana milhares de casos graves a exigirem internamento.
Há ainda a possibilidade de o vírus poder sofrer novas mutações e evoluir para formas mais perigosas.
Na revista The Atlantic, o epidemiologista Marc Lipsitch, da Universidade de Harvard, nos EUA, explicou no início de março que, no próximo ano, entre 40 a 70% das pessoas no mundo deverão ser infectadas pelo Covid-19, mas que não há razões para entrar em pânico. Provavelmente, diz, nessa altura já será como mais uma variante da gripe sazonal. Agora importa conter a propagação do vírus, manter o sistema de saúde a funcionar e não entrar em pânico.
Os sintomas da doença incluem febre, tosse, falta de ar (dificuldade respiratória) e cansaço. Em casos mais graves pode evoluir para pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e, até mesmo, levar à morte.
Se pensa poder estar doente, antes de procurar qualquer apoio médico ligue primeiro para a linha gratuita Saúde 24: 808 24 24 24
Perguntas & Respostas
O que devemos fazer no dia-a-dia?
Se pudéssemos dar apenas um conselho, seria este: lave as mãos. Está comprovado que lavar as mãos frequentemente pode reduzir até 80% a possibilidade de ser infetado com agentes patológicos como o novo coronavírus.
Mas falamos mesmo de lavar as mãos: debaixo de água corrente, com sabão, esfregando todos os dedos, unhas, palmas e costas das mãos e pulsos, durante aproximadamente o tempo de dizer duas vezes o abecedário de A a Z ou de cantar o “parabéns a você”.
Em casa, deve fazê-lo antes e após a preparação de alimentos, após ir à casa de banho e sempre que as mãos estejam sujas. Se possível, destine uma toalha de mãos a cada elemento da família.
Em locais públicos, não serve de muito lavar as mãos e depois abrir a porta colocando a mão nos puxadores ou maçanetas – tente usar um papel ou socorra-se do seu próprio vestuário para tocar nessas superfícies. O mesmo é válido para botões de elevadores, caixas multibanco, interruptores… se não tiver um lenço de papel à mão, pode usar um objeto, como uma caneta ou uma chave, para tocar nesses locais, ou então ir lavar logo as mãos em seguida. Também pode trazer sempre consigo uma solução de limpeza à base de álcool, para higienizar as mãos, se for mais prático.
Mas há mais recomendações, claro:
- Evitar apertos de mãos, abraços ou beijos
- Não tocar ou esfregar as mucosas da boca, olhos e nariz com os dedos
- Evitar lugares e eventos muito frequentados
- Tentar manter uma distância de segurança de outras pessoas, de 2 metros
- Não espirrar ou tossir na mão. Usar o cotovelo ou um lenço (que depois deve ir logo para o lixo)
- Deve ainda evitar o consumo de produtos de origem animal crus ou mal cozinhados.De acordo com as boas práticas de segurança sanitária dos alimentos, a carne crua, o leite e os órgãos animais devem ser manuseados com precaução, para evitar qualquer contaminação cruzada com alimentos crus.
É recomendado o uso de máscara?
É recomendada para aqueles que lidam com pessoas doentes ou que suspeitem poder ter a infeção. Justifica-se ainda na fase de contenção e/ou de isolamento profiláctico, caso seja necessário deslocar-se a locais frequentados por muitas pessoas, mas é preciso ter em atenção que a máscara não protege a 100% e que passados 20 minutos de uso começa a humedecer e a ser ainda menos eficaz.
O que devo preparar para uma “quarentena”?
Num cenário de pandemia, e se houver uma elevada taxa de infeções em Portugal, será provável que sejam impostas restrições aos movimentos (começaram entretanto a ser implementadas a 13 de março). Tenha em casa alimentos e medicamentos básicos que lhe permitam ficar em casa durante duas a quatro semanas, se necessário.
- Tenha armazenados para um mês os medicamentos que toma regularmente. Junte-lhe paracetamol, ibuprofeno, soro fisiológico e/ou água do mar, e máscaras com elásticos laterais sobre a orelha, para que possam ser retiradas sem mexer na máscara após o uso, indo diretamente para o lixo.
- Prepare o seu próprio plano de contingência: Consegue trabalhar a partir de casa? Quem pode ficar em casa com as crianças? Tem idosos ou doentes na família que precisem de especial apoio?
- Prepare uma despensa básica com alimentos não perecíveis, como leguminosas secas, massas e arroz, alimentos enlatados (atum, pêssegos, tomates), leite UHT ou em pó, frutos secos, farinha, açúcar, azeite, etc., de acordo com as suas preferências e/ou necessidades alimentares.
- Congele peixe, carne e legumes e/ou congele sopa e refeições previamente preparadas.
- Se tiver animais a seu cargo, pense na alimentação deles também.
- Compre papel higiénico e produtos de higiene para um mês, bem como detergentes para a roupa e para a casa.
- Se usar gás em botija, mantenha uma ou duas garrafas de reserva.
- Mantenha o depósito do carro abastecido.
O que é o coronavírus, como surgiu, como se está a propagar?
Mais informações
– DGS (micro-site Covid19)
*Com Lusa
Obrigada por toda esta informação exposta de forma clara e concisa.
Confesso ter um certo receio; uma vez que sou professora, é muito difícil manter, dos alunos, a tal distância de cerca de 2 metros. Há algum plano para que nas escolas sejam aplicadas algumas medidas especiais? É que somos sempre muitos e estamos todos no meio da “bicharada”.