“A nona edição desta manifestação cultural e religiosa é a mais longa de todas, com 16 etapas e paragem em 60 localidades ribeirinhas, num total de cerca de 300 quilómetros, e vamos começar a descer o rio no sábado, 20 de maio, às 09:00, unindo as populações de Rosmaninhal (Portugal) e Alcântara, Santiago de Alcântara, Herrera de Alcântara e Cedlilho (todas em Espanha), seguindo dali para Montalvão e fazendo o resto do percurso em troço nacional, até ao estuário do rio, em Oeiras”, disse hoje à agência Lusa Rui Rodrigues, da Confraria Ibérica do Tejo.
“Esta edição é a mais longa de todas as peregrinações realizadas, porque aumenta o número de paragens e o número de etapas, nomeadamente Alcântara, em Espanha, Barreiro e Seixal, o que acontece pela primeira vez na história deste Cruzeiro Religioso e Cultural”, notou, cumprindo-se assim a ambição da Comissão Organizadora de levar o cruzeiro para lá de Portugal, “dando força à identidade ribeirinha, quer de portugueses quer de espanhóis que vivem nas margens e na bacia hidrográfica do Tejo”.
A imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo vai descer todo o rio num percurso de cerca de 300 quilómetros durante um mês, sempre ao fim de semana, transportada por uma embarcação tradicional (bateira) e por largas dezenas de populares que se juntam ao cruzeiro no rio e em terra, sempre acompanhados por embarcações dos fuzileiros e das corporações de bombeiros que garantem a segurança dos participantes.

ÁUDIO | RUI RODRIGUES, CONFRARIA IBÉRICA DO TEJO:
A iniciativa é da Confraria Ibérica do Tejo que pretende “projetar os saberes, as tradições e as diferentes culturas e modos de viver o Tejo”, disse Rui Rodrigues, para quem “a aproximação e devolução do rio às pessoas” é um dos pontos altos de uma “iniciativa que se torna em festa”.
A chegada dos barcos tradicionais, entre eles uma antiga bateira, às comunidades ribeirinhas e aldeias avieiras, é saudada com bandas filarmónicas, piqueniques, celebrações religiosas e outras manifestações desportivas e culturais, envolvendo as populações por onde passa, em “celebração identitária”.
Os baixos caudais do Tejo, que se tornam mais evidentes em alguns troços, obrigaram este ano a antecipar em algumas semanas s a realização do cruzeiro, prevendo a organização que a dificuldade em circular na água seja mantenha e que seja colmatada, a exemplo do ano passado, com a deslocação da imagem peregrina por via terrestre, em alguns locais.
Esta é uma peregrinação fluvial de caráter religioso, em nome da Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo, e também cultural, que se realiza este ano num percurso com perto de 300 quilómetros por cinco embarcações tradicionais, desde a entrada em Portugal, em Rosmaninhal, até à sua foz, em Oeiras (Lisboa) e que conta com o apoio de juntas de freguesias, municípios e associações, num total de cerca de 160 entidades.
Segundo Rui Rodrigues, também dirigente da ENVOLVE – Associação para o Desenvolvimento Local, de Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes, durante as 16 etapas “vão suceder-se diversas paragens e pernoitas dos peregrinos em comunidades ribeirinhas ao longo do Tejo, com cerimónias religiosas e eventos culturais”, organizados pelas associações locais em parceria com as autarquias, agrupamentos de escolas, escuteiros e entidades privadas.
“Importa unir as comunidades ribeirinhas para a defesa ambiental do Tejo, preservação e divulgação da sua história, património, cultura, turismo e demais potencialidades, e para que as pessoas se virem de novo para o Tejo e dele possam desfrutar em toda a sua plenitude”, sublinhou o dirigente associativo, tendo feito notar uma maior adesão de municípios espanhóis, caso de Alcântara, assim como das Câmaras do Barreiro e Seixal, no troço nacional.
A primeira etapa principia no sábado, 20 de maio, e vai ligar Rosmaninhal e Alcântara, localidades fronteiriças, a Vila Velha de Ródão, onde pernoitará. No domingo, o cruzeiro vai continuar a descer o Tejo, ligando as localidades de Vila Velha de Ródão a Belver (Gavião) e Ortiga, no concelho de Mação.
A Confraria Ibérica do Tejo refere que o Cruzeiro Religioso e Cultural tem como objetivos específicos “dinamizar a economia local e regional, reforçar a identidade das comunidades, aproximando-as através da partilha cultural e religiosa, aproximar as comunidades do rio Tejo para usufruírem da sua riqueza patrimonial, cultural e natural, e transformar as comunidades ribeirinhas em elementos divulgadores das enormes potencialidades do rio na área do turismo sustentável e das culturas a ele associadas”.
A imagem da Nossa Senhora do Avieiros e do Tejo foi consagrada na Catedral de Santarém, pelo bispo de Santarém, e coroada em Vila Velha de Ródão, pelo bispo de Portalegre e Castelo Branco.
