O restauro do manto da rainha Amélia de Orleães, premiado pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), foi um trabalho que o Museu do Santuário de Fátima demorou oito meses a realizar, anunciou aquela instituição religiosa.
Efetuada por uma equipa de especialistas liderada por Cristina Oliveira e Inês Caires, a intervenção de conservação e restauro “visou restabelecer a estabilidade física e melhorar, dentro do protocolo das ciências do património, o aspeto visual da peça que se encontrava em avançado estado de deterioração”, segundo uma nota do Santuário de Fátima, no concelho de Ourém.
Na quinta-feira, o Museu do Santuário foi um dos contemplados com o prémio APOM 2020, pela reabilitação do manto da rainha consorte D. Amélia, mulher do rei D. Carlos, que ao longo de 2019 integrou a exposição temporária “Vestida de Branco”.
A intervenção levou oito meses e consistiu “na desmontagem das várias partes constituintes da peça, na limpeza de sujidades por via mecânica, na planificação do tecido através de humidificação controlada, na fixação da pedraria em destacamento e na montagem da peça, entre outras intervenções consideradas pertinentes”.

O manto doado pela Rainha D. Amélia de Orleães ao Santuário de Fátima, em junho de 1945, após a participação da monarca numa celebração presidida pelo bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, na Capelinha das Aparições, incorporou as coleções do Museu do Santuário de Fátima. O Museu foi fundado pelo bispo dez anos mais tarde.
Após vários anos patente ao público na exposição permanente do Museu, a peça integrou a exposição temporária “Vestida de Branco: a Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima”, evento para o qual a equipa técnica do Museu decidiu levar a cabo uma intervenção de conservação e restauro. O Museu do Santuário de Fátima considera ser esta “uma das peças mais importantes da sua coleção e cujo estado de conservação se foi agravando ao longo do tempo, não só devido a fatores intrínsecos aos materiais constituintes do manto, mas também devido às consequências de uma exposição prolongada”.
O Manto, “executado em tecido de cetim de seda creme, é adornado com motivos vegetalistas em veludo amarelo-dourado e bordado, com aplicação de pedrarias, canutilhos e cordãozinho de metal dourado e rematado lateralmente por renda dourada, laços de missangas e pedraria de vidro e plumas brancas. O forro é de veludo liso vermelho tinto e tem de dimensões máximas 450 cm de comprimento e 280 cm de largura”, enumera.
Com o fim da exposição, o manto foi acondicionado em reserva, por forma a garantir a sua preservação.

Este prémio APOM 2020 teve 32 categorias a concurso, que distinguem, entre outras áreas, a melhor intervenção e restauro, o melhor catálogo, a melhor exposição, mecenato e projeto museográfico.
A APOM recebe anualmente algumas centenas de candidaturas de instituições de Portugal continental e das Regiões Autónomas, bem como de projetos expositivos portugueses no estrangeiro.
Museu de Fotografia da Madeira é o museu português do ano 2020
O Museu de Fotografia da Madeira — Atelier Vicente’s, o único do país dedicado à fotografia, foi distinguido na quinta-feira, dia 10, com o Prémio Museu do Ano 2020, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), anunciou esta organização, em Lisboa.

O galardão foi anunciado durante uma cerimónia realizada, este ano, ‘online’, pela associação, devido aos constrangimentos da pandemia, para apresentar o palmarés com 32 prémios relativos ao ano anterior, atribuídos a museus, projetos, boas práticas, profissionais e diversas atividades desenvolvidas no setor, em todo o país.
A edição deste ano dos prémios da APOM distinguiram também a museóloga moçambicana Alda Costa e o arqueólogo Cláudio Torres, como personalidades na área da museologia.
Depois de cinco anos encerrado para trabalhos de requalificação, no valor de 1,7 milhões de euros, o Museu de Fotografia da Madeira — Atelier Vicente’s, reabriu em julho do ano passado.
O espaço museológico foi fundado em 1863, por Vicente Gomes da Silva, e manteve-se ativo até 1978, ano em que o edifício, no centro do Funchal, e o espólio, com mais de 1,5 milhões de negativos, foram adquiridos pelo Governo Regional da Madeira.
Na reabertura, em entrevista à agência Lusa, a secretária do Turismo e Cultura, Paula Cabaço, destacou que, pelo museu, passaram quatro gerações da mesma família.
Três anos após a abertura da casa, em 1866, Vicente Gomes da Silva recebeu o título de fotógrafo da Imperatriz da Áustria, Isabel da Baviera, a mítica Sissi, e, em 1903, o de fotógrafo da Casa Real Portuguesa, o que contribuiu ainda mais para a sua importância, fazendo do seu estúdio um dos mais bem apetrechados do século XIX.
O espaço abriu ao público em 1982, como museu e, em 2014, encerrou para obras, tendo o executivo investido 1,2 milhões de euros na reabilitação do prédio, e 500 mil euros, com comparticipação comunitária de 85%, no restauro e salvaguarda do acervo.
“Queremos ir mais além neste espaço museológico, queremos que o Museu de Fotografia — Atelier Vicente’s seja uma referência ao nível nacional e queremos que possa projetar a Madeira internacionalmente nesta área”, afirmou, na altura, Paula Cabaço.
O espaço reabriu com uma exposição temporária intitulada “Tesouros da Fotografia Portuguesa do século XIX”, mantendo uma exposição permanente representativa dos vários autores incluídos no acervo, de que faz parte o espólio de praticamente todas as grandes casas madeirenses de fotografia dos séculos XIX e XX.
O Prémio Museu do Ano é uma das principais distinções atribuídas pela APOM, num total, este ano, de 32 categorias a concurso, que distinguem, entre outras áreas, a melhor intervenção e restauro, o melhor catálogo, a melhor exposição, mecenato e projeto museográfico.
A APOM recebe anualmente algumas centenas de candidaturas de instituições de Portugal continental e das Regiões Autónomas, bem como de projetos expositivos portugueses no estrangeiro.
O presidente da APOM, João Neto, indicou à agência Lusa que a associação decidiu criar, nesta edição de 2020, três novos prémios a adicionar ao palmarés: para uma atividade escolar curricular complementar com os museus, um prémio para museólogos e, por fim, uma categoria dedicada à fotografia do património.
Assim, nesta primeira edição das personalidades na área da museologia, foram distinguidos Alda Costa e Cláudio Torres.
Em 2019, foi vencedor o museu da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, em 2018, o Prémio de Museu do Ano foi para o Museu Metalúrgica Duarte Ferreira, no Tramagal, Abrantes, e, em 2017, o vencedor foi o Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O museu vencedor vai receber um troféu em vidro desenhado por Fernando Quintas, pintor e professor da Faculdade de Belas Artes da Universidade Nova de Lisboa.