Pouco depois da estreia de ‘Madalena’, começou um mês e meio de confinamento. Madalena era um espetáculo sobre a complexa figura simbólica de Maria Madalena, a cuidadora. É ela quem prepara o corpo de Cristo para as cerimónias fúnebres e também é a ela que é dado a conhecer o milagre da transcendência da carne. Nesse espetáculo, as atrizes atravessavam uma longa noite de luto — um processo que passa pela negação, raiva, negociação, tristeza e aceitação — para resgatar o direito ao contacto com o corpo morto numa sociedade em que a morte foi higienizada, desmaterializada, tornada abjeta.
‘Madalena’ é hoje um outro espetáculo. Não se sabe bem o que é. Hoje, não só está interdito o contacto com o corpo morto, mas também o contacto com os vivos está condicionado. As inquietações agigantam-se depois de convivermos com um vírus que nos isolou fisicamente, que nos fez temer o outro, que fez com que funerais fossem proibidos, que deixou tantos morrerem sós. Madalena continua a lembrar-nos que, sem contacto, somos menos humanos.
Para este projeto, está a decorrer uma open cal para membros da comunidade que queiram integrar o espetáculo, com ou sem experiência e maiores de 14 anos.
Este trabalho terá, para além da dimensão artística, um carácter formativo no âmbito da voz falada e para mais informações e acesso ao formulário de inscrição gratuita, poderá consultar https://bit.ly/m/TMO.
Um espetáculo com duração de 70 minutos para maiores de 14 anos. Os bilhetes custam 7,5 euros. O preço com desconto é de 6 euros (desconto JOVEM para menores 30 anos; desconto SÉNIOR para maiores 65 anos; desconto FAMÍLIAS para famílias de 3 ou mais elementos com adulto(s) e criança(s) até aos 12 anos; desconto CULTURAL para alunos e professores de Conservatórios, Academias, Escolas de Artes e Ensino Superior Artístico).